QUINZE

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•Olívia Shelby•

Dias se passaram e minha cabeça ainda me pregava peças.

O prazo do desgraçado estava acabando e eu precisava decidir, minha família não sabia de nada sobre a oferta de Bill, fora o meu irmão, e eu gostaria, com todas as minhas forças, que eles nunca soubessem.

Mas como nada acontece de acordo com a minha maldita vontade, terei que contar a eles e então discutiremos isso como os verdadeiros adultos que somos.

Vai ser horrível.

Os esforços do meu inimigo estão aumentando, claramente com o intuito de me fazer ceder a sua proposta, Bill Smith acaba de transformar sessenta porcento de lucros mensais em zero, o negócio na América não está lucrando em absolutamente nada e se continuar assim, um grande corte na companhia será feito.

Fora a casa de apostas que foi destruída por alguns desgraçados que não podemos provar, mas não foi grande surpresa entrar lá e ver em grandes letras na parede. BS

Obviamente, as iniciais de Bill Smith. Ele nem sequer tenta fingir.

Meu pai estava surtando, suas doses de ópio aumentaram e isso está  preocupando todos da família.

Hoje a noite, no jantar, será o meu momento de contar sobre a proposta de casamento. Não sei o que pensar sobre isso, talvez Thomas Shelby ache uma jogada inteligente casar a filha com o inimigo para conseguir um acordo, afinal ele já tinha feito isso com o próprio irmão.

Não deve ser grande esforço para ele aceitar, devo seguir a decisão dele para proteger os Shelby?

Que se foda, quem eu quero enganar... Eu aceitaria essa maldita aliança mesmo que meu pai fosse totalmente contra. Eu vivi por essa empresa desde que aprendi a falar, não seria tão difícil escolher sacrificar uma futilidade dessas.

Agora só bastava a mim decidir se eu classificaria a minha vida como "uma futilidade dessas".

- Mas que merda. - Uma voz masculina disse entre risos ao se aproximar de mim. - Você está um lixo, garota.

Levantei o dedo do meio na direção da voz conhecida e procurei por um cigarro na bolsa.

- Valeu Alex, sua honestidade é tocante. - Levei o cigarro até a boca e sem que eu pedisse, ele o acendeu com um isqueiro que estava em seu bolso.

- Você sumiu. - Ele disse e analisou meu rosto.

Eu acabará de sair da casa de apostas e estava caminhando pelas ruas cinzentas de Small Heat até que ele se juntou a mim, a última coisa que eu desejava era ter que explicar todas as merdas que estavam acontecendo para Alex.

- Pois é. Aconteceram algumas coisas.

- Eu vou saber sobre essas coisas? - Perguntou com as sobrancelhas franzidas

- Provavelmente. - Traguei profundamente e lhe ofereci para tragar também, ele aceitou. - Acho que vou casar.

Ele se engasgou enquanto estava com o cigarro entre o lábios, fazendo com que ele voasse longe e tossiu  violentamente em seguida.

- Porra, Alex! - Lamentei pelo cigarro ainda acesso no chão.

- O que você disse?! - Ele perguntou com os olhos arregalados.

- Talvez eu me case daqui a algumas semanas. - Respirei fundo. - Com Bill Smith.

Seu semblante se tornou ainda mais dramático e eu quis rir pelo seu espanto.

- Pensei que se odiassem - Ele alegou. - Você, com certeza, faz o tipo dele mas, nunca pensei que você sentisse atração por aquele tipo de cara. Que irônico.

- Não é nada disso, idiota. - Rolei os olhos e lhe dei um peteleco na testa. - O seu amiguinho amado tá me chantageando para casar com ele.

- Ele não seria tão baixo, quer dizer... Não o vejo a anos mas, duvido que ele tenha mudado tanto assim. - Comentou.

- Quando o encontrei, ele disse que Kate tinha contado sobre você. - Voltei a caminhar. - Ele disse que ia lhe dar uma surra, boa sorte.

Ele riu, nostálgico, parecendo lembra de alguma época distante.

- Ele nunca ganhou de mim, de qualquer forma.

Sorri ao imaginar duas crianças brincando de lutinha enquanto riam.

Ele me acompanhou até o Garrison e se juntou a mim para tomar um drink.

- Mas sobre o casamento... É sério?

- Eu não sei ainda, mas é nossa melhor chance para impedir a falência da empresa. - Virei uma dose de uma vez.

Ele pareceu pensativo por um tempo, passou o dedo pelo copo com whisky que a pouco tinha pedido. Sua expressão era incompreensível, eu não conseguia decifrar seus pensamentos.

- O que? - Perguntei ao vê-lo com aquele semblante.

- Bom... - Ele respirou fundo. - Seja quais forem as intenções dele com esse casamento, acho que não é nada pessoal ou uma richa contra você.

- E isso significa que... - Tentei entender.

- Eu acredito nele. Depois de todos esses anos, eu ainda acredito que exista o bebê chorão que pulou pelado em um riacho comigo aos onze anos. - Alex sorriu ao lembrar. -Então peço que, mesmo com essa coisa toda de inimigos declarados e o fato dele estar tentando destruir a sua família, acredite que por alguma razão ele queira unir as empresas para o bem de ambas.

Acho que nunca tive tanto desgosto em escutar alguém falando como naquele momento.

- Eu gosto muito de você. - Aleguei. - Mas mantenha suas moralidade e convicções longe de mim. Eu sei que você é ligado a ele por uma amizade de longa data mas, eu não o conheço e não dou a mínima para saber quem ele é de verdade, só quero que ele deixe minha família em paz.

Alex pareceu concordar e então não tocou mais no assunto. O rapaz deveria estar com muita saudade do amigo, o ar de nostalgia era percebido de longe ao vê-lo falar de seus tempos de infância com ele.

A única pessoa pela qual me sinto dessa forma é com o maldito do Charles. É a coisa mais clichê considerar o irmão gêmeo como melhor amigo, mas o que eu poderia fazer? Eu nunca tive a chance de ser uma criança normal como Alex teve.

Não estou reclamando da minha infância, eu sempre gostei do estilo Shelby de viver, fora as morte a minha infância foi a minha fase mais cômica.

Minha adolescência foi conturbada e me considere ainda presa nela. Chantageada a casar com o cara que jurou destruir a minha família caso eu não o fizesse.

Bom, eu tornaria tudo oficial hoje a noite. Mas que merda.

Gêmeos Shelby | Peaky BlindersWhere stories live. Discover now