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• Olívia Shelby •

Puta merda.

Minha cabeça estava girando, e meus pés doiam a medida que eu caminhava pelas ruas de Small Heat.

Fazem três dias desde o evento e não vi Alex desde então. Ele não parecia preocupado ao saber da possível chegada de Bill a Birmingham, mas eu acho que ele deveria, se Bill Smith é tudo isso que falam e mesmo que amigos de longa data...

Provavelmente, uma surra bem dada assim como Alex tinha dito.

Espero estar presente pra ver.

O sol estava nascendo e eu me encontrava totalmente exausta, cabelos desgrenhados, olhos pesados e o bile estava voltando a garganta.

Maldito whisky.

Ontem a noite, eu havia ido ao pub do Garrison para passar o tempo e acabei bebendo mais do que devia. Agora, eu estava andando por uma Small Heat totalmente deserta porque tive que sair do pub antes que meu pai chegasse.

Os dias estavam sendo assim a muito tempo, longas manhãs trabalhando no escritório e de noite, eu sumia e só retornava no próximo dia... ou noite. O que mais esperavam da filha de um empresário frio e calculista que só visa os lucros e não se importa mais com nada e ninguém?

A claridade ainda era muita para mim, mas pude perceber uma silhueta familiar de frente a um bancada. Uma mulher, longos cabelos pretos que iam até a cintura e uma postura tensa, mesmo que o clima fosse o mais tranquilo possível.

Kate Jones.

A morena observava atentamente um ferreiro fazendo algum tipo de engrenagem que nem se quisesse, eu seria capaz de identificar.

Me aproximei dela e assim que me notou continuou em silêncio, observando o ferreiro que parecia empenhado o suficiente no próprio serviço para notar a nossa presença ali.

— O que tanto procura nas mãos desse ferreiro? — Perguntei finalmente tentando entender a situação.

Ela bufou como se quisesse ao máximo me ignorar e depois ir embora.

— Acho interessante o trabalho dele. — Respondeu ainda atenta. — Essa simples engrenagem que ele constrói, pode fazer uma máquina do tamanho de um boi funcionar.

Eu ri pela resposta, a mulher ao meu lado parecia tão séria e educada quando tratava de negócios, mas agora, diante de mim, ficou fascinada com a construção de uma simples engrenagem. Irônico.

— O que faz em Small Heat?

— Não posso ir embora por mais que queira. — murmurou contrariada. — Até que a situação entre as família sejam resolvidas e um acordo estabelecido, não posso sair. E não estamos em Small Heat, compramos uma casa em um condado próximo, eu não suportaria sentir o cheiro da ferrugem por muito tempo.

— Não é tão ruim assim. Você se acostuma. — Eu disse e ela se virou pra mim, finalmente olhando nos meus olhos.

— Espero não ter que precisar me acostumar. — Ela disse e saiu andando.

Eu a segui, óbvio.

— Você está fedendo a bebida ruim, senhorita Shelby. — Comentou ela ao perceber q eu estava a acompanhando

— Estou um pouco bêbada e as bebidas aqui não são tão boas quanto as de Londres. Só o whisky, aqui temos o melhor. — Ri e depois lembrei do acontecido da noite do evento. — Sobre o Alex... sinto muito.

Ela ficou tensa e respondeu:

— Não se preocupe com isso, Alex e eu não nos vemos a muitos anos, consigo ignora-lo por mais. — Abriu um sorriso triste e pisou em uma poça de lama. — Como odeio essa cidade! — Praguejou.

Ela saiu pisando duro e não se importou em se despedir, aposto que não está acostumada com o clima hostil de Birmingham. Londres é diferente daqui em diversos sentidos. riquezas, casas, pessoas...

Se ela deseja o conforto, aconselho que volte pra lá.

Andei até o carro que estava estacionada em um dos becos perto do fábrica do Charlie e dirigi até o casarão.

Meu pai e meu irmão não estavam lá, ainda bem, e por isso só me preocupei com a corrida de cavalos de amanhã. Se meu pai estivesse aqui, teria que ouvir um discurso sobre como sou irresponsável e de como seria benéfico para a Shelby LTDA que a filha do dono estivesse sóbria por mais tempo.

Como se ele fosse um exemplo.

Peguei alguns papéis de aposta que trouxe de Small Heat a alguns dias e os tirei da cama para guarda-los em uma grande sacola, para levá-los a corrida que ocorreria amanhã.

O resto do dia foi fácil, caí na cama nas primeiras duas horas e não me lembro de mais nada.

Acordei com pressa para não me atrasar para a corrida, afinal, eu levaria algumas apostas que estavam acima de cinco libras, o que era bem incomum para esse tipo de corrida.

— Apostem no número 6 e ganhem muito dinheiro, senhores! — Gritei ao passar pelos portões.

Todos os homens presentes festejaram, já completamente bêbados, e foram em direção as bancadas apostar no número 6.

— Como tem tanta certeza que ele vai ganhar, senhorita? — Perguntou uma voz rouca e aveludada atrás de mim.

Me virei e me deparei com um homem vestindo um terno cinza com uma taça na mão, ele não parecia ter mais que vinte cinco anos, cabelos castanhos escuros, de um jeito enrolado e rebelde.

Um pouco familiar, talvez...

— Por que é o meu cavalo. — Respondi com firmeza.

— Eu não teria confiado tanto em um cavalo, senhorita, ainda mais para um que está correndo contra o meu.

— Pelo que vejo, também é egocêntrico. — Comentei com desdém o olhando de cima a baixo. — Ainda bem que não precisarei conviver com você

Ele riu e se aproximou um pouco, fazendo com que os peaky blinders que me acompanharam, ficassem em alerta.

— Talvez precise, senhorita Shelby. — Ele respondeu.

—E quem é você, senhor? — Perguntei contrariada pela ousadia.

— Muito prazer, senhorita. — Deu um largo sorriso. — Meu nome é Bill Smith e sou o cara que veio te cobrar duzentas mil libras. 

O olhei chocada.

Cabelos castanhos escuro, aspecto rebelde. Mas que merda, ele parecia familiar porque parece o Oliver. Ele é o irmão mais velho dele...

Fodeu.

Gêmeos Shelby | Peaky BlindersМесто, где живут истории. Откройте их для себя