SEIS

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• Olívia Shelby •

Eu estava surtando.

Decorações eram movidas de um lado para o outro dentro do casarão e eu me encontrava jogada no sofá enquanto tentava organizar os pensamentos na minha cabeça.

Sempre foi mais fácil catalogar as emoções e sentimentos e joga-los no abismo da minha mente. Separar, organizar e esquecer, era sempre assim.

Noite passada foi um caos. Não preguei o olho devido a discussão que aconteceu no início da madrugada por causa de um erro de cálculo em uma maldita aposta.

Eu deveria estar descansada, hoje é o grande dia e mesmo assim, mais pareço uma alma vagando pelos corredores do que um ser humano.

— O que está fazendo? — Ouço a voz do meu pai e acordo do meu transe.

— Pensando. — Respondi e ele assentiu.

— Onde está seu irmão? — Perguntou ao se sentar no sofá também.

— Assim que acordou, saiu. — bocejei.
— Ainda não estou falando com ele, então eu não sei onde ele está.

— Precisam se resolver logo. Essa briga de vocês pode nos causar problemas hoje.

— Não se preocupe, isso não vai acontecer. Charles e eu já somos bem grandinhos para lidar com situações como essa.

— Eu sei que são, mas estamos falando da família Smith, tudo precisa ser perfeito, ou Birmingham será destruída nessa guerrinha que estamos prestes a travar. — Se levantou e respirou fundo. — Boa sorte.

Sorri minimamente e ele se foi.

Pensei em como Bill Smith estava sendo imaturo em relação a isso. Seu irmão mais novo, Oliver Smith, nos deve pelo ópio comprado a meses, e ele sequer se preocupou em pagar essa dívida. Mas, quer cobrar pelo dinheiro que não é tão diferente do valor que nos deve.

Um hipócrita, é isso que ele é.

Mal posso esperar para conhecê-lo, vou soltar umas belas verdades na cara desse homem.

Ele pode ser um gênio e carismático como todos dizem, mas prometo acabar com ele.

— Senhorita Shelby? — Me viro. — Tem alguém querendo falar com a senhorita no telefone.

— Quem?

— Ele não se identificou.

Segui até o canto da sala onde estava o telefone e o atendi.

— Alô?

Eu não deveria estar ligando para você, mas eu fiz bolo de chocolate, então caso você queira um pedaço melhor vir logo porque esses caras estão devorando esse negócio.

— Alex. - Sorri

Eu realmente não deveria estar ligando para você, como pôde esquecer de mim?! — Exclamou indignado.

— Não seja dramático, não esqueci de você. — Suspirei — Só ando muito ocupada, minha família está enfrentando um pesadelo.

Smith's?

Pera, como ele sabe sobre isso.

— Como você sabe?

Birmingham abriga muitos fofoqueiros sabia? Aliás, espero que essa informação não seja tão confidencial.

— Na verdade é, terei que te matar. Não é nada pessoal, senhor.

Ele riu pelo telefone.

Você está bem? — Perguntou ele.

— Na medida do possível. — Me apoiei em um pé. — Estou muito estressada com hoje a noite.

Tive uma idéia.

— Quer vir? — Perguntei.

Oque?! Ir para onde?

— Faremos um evento beneficente hoje a noite, aqui no casarão, não seria tão ruim ter um rosto agradável como o seu. — Brinquei. — Oque acha senhor Alex Wilson, me daria a honra da sua companhia?

O silêncio se fez presente do outro lado da linha.

Eu não sei...

— Vamos lá, por favor, terei que aturar sozinha velhos chatos e adolescentes mimados?

Conheci Alex Wilson a uma semana atrás, já tinha ouvido falar de suas obras como artista, mas nunca tinha o visto. Ele foi uma das pessoas mais legais comigo, e ao contrário de muitos, não sentiu medo ou obrigação de ser gentil por conta da minha família.

Agora o considero um amigo, ainda mais depois de termos passado toda a madrugada conversando.

Alguma chance de morte?

— Você estará entre alguns membros da família Shelby, então provavelmente.

Ele pareceu relutante, mas depois aceitou o convite. Conversamos mais um pouco e então desligamos.

Hoje seria o primeiro encontro dos Shelbys e Smith's depois da aposta naquela merda de cassino. Tem que estar tudo perfeito, se não cabeças vão rolar.

Eu realmente não vejo um futuro onde sairemos ilesos dessa, não existe nenhuma chance ou saída que eu consiga imaginar para essa guerra política.

— Estamos fudidos. — Murmurei.

O tempo era torturante e eu ficava ansiosa a medida que a noite chegava.

Meu pai se trancou no escritório desde o momento em que chegou e eu não soube o paradeiro do meu irmão até ele chegar batendo a porta, parecia irritado.

— Qual a porra do seu problema? — Perguntei enquanto corria em direção a porta principal.

— Hoje não é o meu dia. — Disse e assim que vi a metade esquerda de seu rosto percebi o por quê.

Porra.

— Se meteu em briga? Com quem?

— Um idiota no pub do Timmy, queria bancar o incrível e insultou você na minha frente. — Suspirou e se jogou no sofá.

— Quem?

— Não sei, nunca tinha o visto por aqui. — Procurou por algo, álcool provavelmente.

— O que ele disse? — Perguntei enquanto pegava uma caixa de esparadrapo.

— Disse que você não deveria estar na posição que está na empresa, por ser mulher. — murmurou.

— Entrou em uma briga com um desconhecido por causa disso? — Suspirei. — Tenho certeza que muitas pessoas têm a mesma opinião que a desse senhor, ele só teve a coragem de dizer isso, por mais que tenha sido burrice falar isso na sua presença. Até parece que ele queria te provocar

— Não importa, espero nunca mais vê-lo.

Ele parecia realmente irritado. Por mais violentas que nossas brigas fossem, ele sempre me protegeria e agiria como irmão mais velho, mesmo sendo dois minutos mais novo.

— Vá se arrumar, não vou deixa-lo falar assim com nossos convidados. — O empurrei para o corredor.

— Ainda está brava comigo? — olhou-me esperançoso.

— Sim, mas teremos uma trégua hoje, afinal, a família Smith estará aqui.

Ele andou até o seu quarto e eu fiquei ali imaginando mil cenários nos quais hoje poderia acontecer.

Bill Smith logo apareceria em Birmingham e traria problemas consigo, espero que por hoje, com seus contatos de confiança dentro da minha casa, nada dê errado.

Mas infelizmente os Shelbys estão destinados a se meter em problemas.

Gêmeos Shelby | Peaky BlindersWhere stories live. Discover now