DOZE

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•Charles Shelby•

Algumas semanas passaram e a tensão na família Shelby era alta.

Olívia andava mais estranha que o normal, e ela consegue ser bem estranha. Tudo começou depois do dia da corrida, eu não havia ido porque estava ocupado, mas no fim do dia ela chegou muito calada, como se mil coisas rondassem por sua mente. Como se alguma coisa tivesse acontecido naquela corrida.

Eu tentava arrancar algo dela mas, não obtive nenhum sucesso até agora.

— Conseguiu descobrir alguma coisa?
— Perguntou meu pai, ao entrar no escritório.

— Oliver foi visto em um pub ontem a noite, saiu mais drogado do que um cavalo depois de tomar sedativo. — Passei as mãos pelo rosto. — Kate anda por Small Heat as vezes, normalmente para comprar livros ou coisas no mercado.

— E sobre a hospedagem deles?

— A família Smith comprou a algumas semanas uma mansão em Staffordshire. Cara o suficiente para pagar as dívidas de metade do povo de Small Heat, e olha que esse povo gosta de gastar o que não tem. — joguei uma pilha de papéis com as informações ditas sobre a mesa. — Acho que Olívia sabe de alguma coisa.

Thomas olhou pra mim confuso.

— Ela anda mais quieta que o normal, talvez tenha acontecido alguma coisa quando não estávamos por perto. Algo que diz respeito a Kate e Oliver... Ou até mesmo ao próprio Bill. — Comentei ao vê-lo olhar para um ponto qualquer na parede.

— Se ela soubesse de algo, teria nos contado. — Ele respirou fundo. — Em uma situação como essa duvido que esconderia algo da família.

— A não ser... — Interrompi a mim mesmo, tentando formular um pensamento que fizesse sentido.

— A não ser o que, Charles?

— A não ser que ela não queira que influenciemos em nada no que ela sabe, ou a decisão que ela quer tomar.

— Que porra isso quer dizer?

— Qual é, pai, Olívia puxou pra si maior parte da inteligência quando estávamos no útero da mamãe, se ela sabe de algo, que possa ser considerado pela mesma como desestabilizador para nós... Então ela vai fazer a escolha pela gente e esperar que merda se resolva. Eu só não sei o que é.

Naquela sala, naquele silêncio insurdecedor, o mais velho olhou para mim com surpresa em seus olhos.

— Não vamos pensar muito sobre isso, talvez essa teoria nem seja real.
— Ele ajeitou o colete que vestia e puxou o ar entre os lábios, como se sentisse falta de um cigarro. — A única coisa a fazer, por mais que não me agrade nenhum um pouco, é esperar.

Bufei contrariado, desde quando Thomas Shelby sentava e esperava algo acontecer?! Ouvi histórias sobre meu pai quando criança, historias essas que colocariam medo em um homem adulto e agora me vem com essa de esperar.

Ele saiu do escritório ignorando minha carranca irritada fechando a porta em seguida.

Desde o evento beneficente, minha mente parece um campo de batalha, tão tempestuosa e caótica quanto.

Normalmente, eu recorria a Olívia em situações de sobrecarga mental, mas ela está tão fudida quanto eu, não quero vê-la afundando mais por causa das minhas merdas. Sem contar na minha teoria sem fundamento de que ela está escondendo algo, quero acreditar que não porque caso contrário, ela não confia o suficiente em mim para dividir comigo.

Meu pai, distante e frio como sempre, só se preocupava com o acerto de contas com a família Smith, ele parecia melancólico desde o evento, mas ninguém pergunta sobre, porque ele não nos dá tal liberdade.

E também a maior causa da minha preocupação... Kate Jones. Aquela garota conseguiu fisgar a minha atenção como ninguém havia feito antes, seus cabelos tão pretos como uma noite escura e parece que seus olhos imitavam as estrelas.

Ela era o céu noturno completo.

Mas não posso evitar de pensar que ela, de alguma forma, estava com a família Smith, que piada sem graça do destino, como posso estar apaixonado por alguém que mal conheço?

Droga.

Batidas na porta ecoam e eu caio da cadeira pelo susto.

— Mas que merda! — Praguejei e vi um dos agentes de aposta passar pelo batente.

— Me desculpe, senhor Shelby. — Disse enquanto se esforçava para não rir. — Eu bati, senhor, eu juro.

— Eu sei, eu sei. Eu estava perdido em pensamentos, o que houve? — Me levantei e ajeitei minha roupa.

— Tenho alguns papéis de apostas que a sua irmã deixou aqui, ela disse que você tinha que trabalhar mais e que já estava cansada, então jogaria o resto do trabalho para o senhor. — O homem respondeu e eu bufei.

Simplesmente odiava quando Olívia bancava a coitada e jogava todo o trabalho pra mim, como se eu já não tivesse problemas o suficiente.

Com o meu rebaixamento na empresa, estou tendo que trabalhar mais, ganhando menos. Saudades da minha vida onde eu não trabalhava nada e ganhava muito, como um político corrupto.

Ri com o pensamento e dispensei o homem para trabalhar. Maldita Olívia.

Vasculhei os documentos em busca de algo interessante, talvez uma aposta alta o suficiente para quitar a minha dívida, bom,  esperança é a última que morre.

Enquanto manuseava o monte de papel em minhas mãos, alguns caíram no chão pela minha total falta de coordenação motora, coloquei os outros em cima da mesa para pegar os que haviam caído.

Os recolhi com cuidado e franzi o cenho ao reparar em um nome que não me era nada estranho. Dei mais atenção aquele pedaço de papel onde aquele nome estava escrito bem ao lado da sua aposta.

Então era por isso que Olívia andou tão calada ultimamente, porque o desgraçado tinha encontrado com ela.

Dobrei o pedaço da folha, sem cuidado e respirei fundo para ficar calmo...

Foda-se a calma.

Saí do escritório, irritado, e bati a porta a ponto de assustar algumas pessoas que estavam na casa de apostas.

— Filho da puta. — Sussurrei ao andar com pressa pelas ruas de Small Heat.

As coisas iam ficar um pouco feias...

Gêmeos Shelby | Peaky BlindersМесто, где живут истории. Откройте их для себя