Gêmeos Shelby | Peaky Blinders

NOVE

• Charles Shelby •

Eu não estava entendendo mais nada.

Minha noite foi péssima, após a conversa com os "contatos confiáveis" de Bill Smith, eu fiquei desatento a tudo.

Contatos esses que descobri ser a garota na qual me ajudou e eventualmente tentei levar para minha cama, e o babaca que me socou naquele pub.

Resumindo, tudo está uma merda.

— Ele é meu irmão. — Disse Kate totalmente insatisfeita.

Olhei para o moreno a nossa frente que parecia um pouco desconfortável com a situação.

— E quem é você? — Perguntei a ele ainda confuso.

— Alex Wilson. — Se apresentou e apertou minha mão como cumprimento.

— Wilson?! — Kate exclamou parecendo mais irritada. — Depois que sumiu daquele jeito ainda se recusa a usar a porra do seu sobrenome?! 

— Que sobrenome? Mentiu sobre o seu nome? — Olívia perguntou tentando juntar as peças.

— Não. — Ele respirou fundo. — Wilson é meu nome do meio, meu sobrenome é Jones. — Respondeu contrariado.

— Alex Wilson Jones? — Perguntei.

Ele acenou com a cabeça e encarou a irmã que estava prestes a explodir.

— Fala logo. — Ele bufou.

— Quem você pensa que é?! — Agora ela parecia realmente irritada. — Quem você pensa que é para me entregar ao Bill daquele jeito?!

Olívia e eu assistiamos aquilo como se fosse uma corrida de cavalo, olhando atentamente, esperando pelo vencedor.

— Eu não tinha como nos sustentar. — Respondeu cansado.

— E por isso me entregou como um fardo para o seu melhor amigo?! Deixou Londres por esse lugar? — Menosprezou.

— Small Heat não é o melhor lugar pra se viver, mas não precisar falar desse jeito. — Murmurei e Olívia me deu um tapa no braço.

Alex massageou as têmporas.

— Você estaria morta de fome se eu não tivesse lhe entregado a ele. Acha que só você sofreu? — Perguntou nervoso. — Sabe quantas vezes eu pensei em como você estaria? Em como estaria brigando com Oliver por roubar seu jantar ou reclamar com Bill por ser sério demais? Eles foram os irmãos que eu nunca pude ser, um pintor não reconhecido que não conseguia colocar comida no prato da própria irmã.

— Acha que eu te devo gratidão? — Seu rosto estava vermelho, mas nenhuma lágrima se fazia presente, ela estava se proibindo de chorar. — A meses atrás, eu vi um jornal no escritório do Bill, peguei escondido para ler e você estava lá, uma fotografia que parecia ter sido tirada recentemente, e em baixo escrito "Obras impressionam pintores do Leste europeu".

Os dois irmãos se olhavam com tristeza.

— Você se tornou conhecido. Parabéns. — Ela disse, mas sem um pingo de sentimento. — Fico imaginando o que te impediu de me visitar desde então.