CAPÍTULO 24

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XXX

Carter

Tinha alguma coisa muito errada se passando no acampamento.

Havia se passado muito tempo desde que eu e Carly havíamos percebido a falta daquele maníaco. Ficar naquele chalé sem um pingo de proteção era uma ideia que jamais se passou na minha cabeça. Apesar de saber que seria arriscado entrar na mata novamente, era a nossa única opção de encontrar ajuda.

Tínhamos decidido seguir o curso do rio que se formava após a Cachoeira da Caveira ao invés de adentrar a trilha que desembocava naquela clareira improvisada que tínhamos ficado horas antes. Eu sabia que perambular ali era arriscado, mas não colocaria nem eu e muito menos Carly em um perigo desnecessário.

A paranoia de estarmos sendo vigiados era constante. Muitas vezes me pegava olhando para trás, temendo ver aquele psicopata espreitando nossos passos lentos. Carly não precisava dizer nada para mostrar que também estava assustada.

Ela tentava seguir o meu ritmo de caminhada, mas seu pé esquerdo era o grande problema. O torniquete improvisado não estava parecendo ser a melhor das soluções, já que cada passada, era um gemido de dor.

Me senti culpado por estar forçando ela a se deslocar de um lado ao outro ao invés de manter ela repousando. Mas que escolha eu tinha? A ajuda não iria vir e deixar Carly largada e sozinha naquela cabana não era uma opção. Por mais que ela esteja sofrendo agora, era por uma boa razão: Estávamos a caminho da ajuda.

Mas eu estava enganado.

— Que barulho é esse? – perguntou Carly cansada.

— Eu não sei.

Tínhamos saído do percurso do rio e estávamos caminhando lentamente em direção ao acampamento quando começamos a ouvir barulhos pesados sendo feitos a cada cinco segundos. Pareciam ser marteladas. Avançamos um pouco mais, ouvindo com mais clareza, onde conseguimos ver a silhueta da Casa de Barcos entre as árvores.

Notei Carly parar de andar, apertando minha mão assim que começou a descobrir o que era aquilo. Seu rosto ficou pálido de repente com seus olhos vidrados na direção dos barulhos.

— É ele.

Engoli em seco. É claro. Só poderia ser o assassino tentando fazer novas vítimas. Me atentei mais ao som e continuei andando vagarosamente para frente, tentando não fazer muito barulho ao pisar nas folhas secas espalhadas pelo chão. De onde estávamos, calculei que a distância entre nós e o nosso atacante era de pelo menos cinquenta metros.

Olhei para trás e vi que Carly não havia me acompanhado. Ela estava petrificada no mesmo lugar com suas mãos abraçadas em volta de seu dorso ainda úmido pela chuva. A garota estava apavorada e eu não poderia culpa-la por se sentir assim. Aquele babaca havia quase tirado a sua vida.

— Temos que sair daqui. – Carly começou a cochichar – Foi uma péssima ideia ter saído daquela cabana.

— A gente precisava sair de lá. – retruquei – Você tá machucada e tinha que ser medicada. Achei que a essa altura a polícia já estivesse aqui.

A menina cobriu seus ouvidos, tentando parar de ouvir as machadadas. Não sabia ao certo no que ele estava batendo. Seria numa porta, seria em um corpo? Afastei essa última indagação rapidamente.

— De Green Black até aqui é quase duas horas de viagem. – falou Carly – Já se passou tempo suficiente para eles chegarem. Era para a gente estar vendo as luzes da polícia e aquele idiota preso! Carter, o que tá acontecendo aqui? Cadê a polícia?

Anoitecer SangrentoOnde histórias criam vida. Descubra agora