CAPÍTULO 13

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XXX

Greg

Confesso que nunca achei que seria capaz de estar tão perto assim de uma menina, mas aqui estava eu.

Carly era realmente como eu imaginei que fosse longe das más companhias, uma garota inteligente, que gostava de falar o que pensava e acima de tudo com um senso de humor negro que sempre adorei.

Foi ela quem resolveu nos juntar para início de conversa. Estávamos nos preparando para fazer uma festinha, praticamente secreta pelos adultos, quando a divisão de tarefas começou a ser comentada no boca a boca.

Minha garganta ficou seca assim que Félix começou a dizer tudo o que tinha que ser feito para ter cara de uma festa.

— Alguém tem que ser responsável pelas bebidas. – falou ele – Uma festa sem cerveja não é uma festa. O que me diz, Greg?

— Eu não bebo. Pode ter uns refris para galera que não curti beber.

Carly apoiou avidamente. Os olhos amendoados dela estavam arregalados, ansiando para que essa festa acontecesse. Ela disse:

— Ele tem razão. Tem que ter pelo menos isso.

— Não se esqueçam das camisinhas. – brincou Grace maliciosamente, encarando Carly e eu.

Senti vergonha. Devo admitir. Grace sabia ser inconveniente quando queria. Mia cortou logo aquela situação sem graça, sendo ágil como sempre foi:

— Se vão mesmo fazer isso precisam ter uma iluminação segura. Uma fogueira e de preferência grande para poder queimar por mais tempo.

Félix deu uma piscadela para ela, sorrindo.

— Essa é a minha garota. Vai nos ajudar então?

— Só estou dando uma dica. – falou Mia, receosa – Não quero que se percam na mata, principalmente com uma tempestade se aproximando.

Olhei o céu sem acreditar muito nas previsões dela. Não havia muitas nuvens e a maioria delas estavam escondidas atrás das serras em forma de presas de um lobo no horizonte. Pareciam inofensivas demais para estragar a nossa noite.

— Talvez não chova. – falou Carly.

Mia deu de ombros. Ela adorava fazer isso quando sabia que estava certa, mas não queira ser a chata do grupo que sempre falava "eu te avisei" quando tinha convicção que tinha razão.

Grace pareceu estar mais animada entre nós, sempre olhando de soslaio para Carter enquanto ele limpava o chão. A garota deu o melhor dos sorrisos e continuou a falar:

— Bom... eu e Félix podemos fazer isso. Conheço o depósito da Sede melhor do que ninguém. Félix pode vir comigo. Tem bastante coisa para levar até a Cachoeira da Caveira.

Carter parou o que estava fazendo e deu uma longa encarada em todos nós. De repente, me senti fazendo uma coisa totalmente errada, abrindo mão da nossa segurança para fazer isso. Me senti mal e ouvindo o que ele disse logo depois, me fez ficar ainda mais mal:

— Vocês planejam fazer isso mesmo?

A cara cordial de Grace sumiu. Ela o fuzilou com o olhar.

— Sim, Carter, planejamos fazer. – falou ela secamente – Já fizemos isso outras vezes e nunca deu problema. A cachoeira ficar perto das maiorias das trilhas, então é superseguro. Só porque tá rolando uma merda na cidade, não significa que vai ter uma merda aqui também. Ficou tão medroso assim ao ponto de amarelar até para participar de uma festinha? Ah, me poupe!

Anoitecer SangrentoOnde histórias criam vida. Descubra agora