— E se não funcionar? – perguntou Thomas.

Ele havia prometido que cuidaria de Scar enquanto estivessem longe, e se certificaria de que pelo menos ela voltasse para seus amigos. Scarllet tinha um namorado, um melhor amigo, e um irmão para quem voltar. Thomas não se importaria de dar sua vida por ela, já que aquela garota era, provavelmente, a coisa mais importante da sua vida.

Divisava afora os momentos derradeiros de Newt.

E se Thomas pudesse, de fato, impedir aquela morte horrível para inúmeras outras pessoas?

— Bem, continuaremos trabalhando nisso. Mas estamos bastante confiantes...

Thomas a cortou, incapaz de se conter:

— Vão conseguir de qualquer jeito, não é? Estão pegando pessoas para sequestrar mais... indivíduos, como dizem, indivíduos Imunes. – disse a última palavra com um ódio quase incontrolável. – Pra que possam começar de novo, não é isso?

A princípio, ninguém respondeu. Depois de alguns instantes, Janson se pronunciou:

— Faremos o que for preciso para encontrar a cura. Com o mínimo possível de perda de vidas. Nada mais precisa ser dito sobre o assunto.

Então, finalmente, Scarllet conseguiu perceber.

Janson havia deixado claro com aquela simples frase;

Se ainda estavam coletando Imunes, para que reiniciassem o Experimento, significava que, mesmo que ela ou Thomas perdessem os cérebros, eles não tinham total confiança de que conseguiriam.

Estavam se certificando de terem um plano B, caso estivessem errados.

O CRUEL iria recomeçar do zero.

Novas pessoas iriam esquecer de suas famílias.

De seus nomes.

De sua vida.

E ela não poderia, de forma alguma, deixar que fizessem com elas o que fizeram com todos os seus amigos.

Mais ninguém iria perder toda uma vida por causa da cura que eles não conseguiam aceitar ser impossível.

Scarllet, por outro lado, acabara de aceitar que aquele era o fim da “cura”.

Precisava sair daquele lugar o mais rápido possível, para que pudesse passar com Nick seus últimos momentos juntos, algo que não pôde fazer com Newt.

— Então por que estamos conversando? – perguntou Scar. – Por que simplesmente não nos agarraram, nos amarraram e arrancaram nossos cérebros?

Foi o Dr. Christensen quem respondeu:

— Porque vocês são os Candidatos Finais. É a ponte entre nossos fundadores e a equipe atual. Tentamos lhe demonstrar o respeito que merecem. E torcemos para que façam a escolha certa.

— Vocês querem alguns minutos para pensar? – perguntou a doutora. – Sei que é uma decisão difícil, e asseguro que para nós não é fácil também. O que estamos lhe pedindo é um enorme sacrifício. Um de vocês doaram seu cérebro para a ciência? Permitirá que encaixemos as peças finais do quebra-cabeça, que avancemos em direção à cura, pelo bem da raça humana?

— Precisamos ficar um pouco sozinhos. – disse Scarllet, cortando o silêncio. – Por favor.

Pela primeira vez, uma parte de Thomas desejava realmente se entregar ao CRUEL e deixá-los fazer o que precisavam. Mesmo que houvesse apenas uma pequena chance de serem bem-sucedidos.

Pela primeira vez, Scarllet não desejava se entregar ao CRUEL. Se depois de tudo isso o CRUEL ainda não havia conseguido, as chances haviam acabado.

— Será a escolha certa concordar conosco. – afirmou o Dr. Christensen. – E não se preocupe, não vão sentir nem um pouquinho de dor.

— Só preciso de algum tempo sozinha antes de tudo começar. – ela repetiu, atraindo a atenção de Thomas.

— Do que está falando? Você vai deixa-los tirarem seu cérebro? Não! – Thomas virou-se par Janson. – Vocês só precisam de um de nós, certo? Eu vou!

Janson intercalou o olhar entre os dois, pousando, por último, em Thomas.

— Sim, só precisamos de um. Fico feliz que tenha aceitado, Thomas, mas a nossa preferência, no momento, é a Scarllet, tendo em vista que as reações dela às Variáveis foram melhores. Acho justo que vocês tenham um tempo sozinhos, para que possam conversar. Vamos acompanha-los às instalações médicas e deixá-los algum tempo em um lugar privativo. Mas precisamos nos apressar.

Thomas inclinou-se para a frente e colocou a cabeça entre as mãos, o olhar perdido no chão. O plano que haviam traçado com o Braço Direito de repente parecia uma completa idiotice. Mesmo que pudesse escapar do CRUEL – mesmo que desejasse fazer isso -, como sobreviveriam até a chega dos amigos?

— Está tudo bem, Thommy. – Scarllet sussurrou em seu ouvido, a palma da mão tocando a dele, entrelaçando seus dedos com os do garoto. – Vai ficar tudo bem.

Ela olhou para Janson.

— Levem-nos para onde disseram.

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A Primeira - Maze RunnerWhere stories live. Discover now