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O amor não se ver com os olhos, mas sim com o coração — William Shakespeare

Victor

Minha mão passeia por suas costas. Afasto o seu cabelo pois me atrapalha a ter um contato direto com sua pele. Ela tá muito calada. Me agito pensando que possa ter algo errado.

Ela era virgem...

Desço os meus olhos para o seu rosto e... ela está dormindo?

Acho engraçado e fofo, mas ela desperta rapidamente do cochilo.

— Oi — continuo acariciando suas costas nuas.

Ela se aconchega mais ao meu peito e responde com um murmúrio. — Huum.

Sorrio e pego uma mecha do seu cabelo, enrolando no meu indicador.

— Acho que a comida deve ter esfriado — subo minha mão e massageio o seu coro cabeludo.

Eu sendo carinhoso é uma grande novidade.

— Eu tenho certeza — balbucia.

Desconecto os nossos corpos e sinto-a estremecer pela perda do contato. Ajeito o corpo dela sobre a cama e me levanto. Vou até o lavabo da suíte, jogo a camisinha fora e pego uma caixinha com lenços e volto. Ayleen acompanhando os meus movimentos.

Me acomodo entre suas pernas e limpo sua região íntima com cuidado.

— Você não precisa fazer isso... — ela parece mortificada.

— Depois de tudo, você tá com vergonha? — o sorriso cresce em minha voz.

Suas mãos tapam o seu rosto e eu finalizo a limpeza. Apanho os lenços usados e descarto-os na lixeira do lavabo. Depois, entro no meu closet e escolho uma de minhas camisas e uma calça de moletom para ela ficar mais confortável.

Quando retorno, ela está sentada com a coberta envolta do corpo.

— Trouxe uma roupa pra você — paro em frente a ela.

Seus olhos sobem e descem por meu corpo, parando em uma certa região. Suas bochechas ficam coradas.

— Você não vai colocar uma roupa também? — sua vergonha a deixa com um ar inocente.

Localizo minha boxer abandonada em um canto do quarto e respondo. — Talvez... ou quem sabe eu fique assim pelo resto da noite — dou de ombros.

Ayleen arregala os olhos.

Deixo a roupa do seu lado e vou em direção à peça largada. Visto-a bem a tempo de observá-la passando a blusa por sua cabeça. Ela prefere não colocar a calça.

— Eu poderia ter colocado o vestido — me fala.

Sim, mas eu quis vê-la em uma roupa minha. Será que o homem das cavernas dentro de mim despertou?

Ignoro sua fala e ela levanta da cama em busca de sua calcinha e veste-a.

— Vamos comer? — pergunto.

Estico minha mão para a sua e entrelaço os nossos dedos.

— Sim — abraça minha cintura e eu me sinto... completo?

Beijo o topo de sua cabeça.

É a primeira vez que trago uma mulher para minha casa. E não quero me livrar dela após o sexo.

Descemos e caminhamos em um silêncio agradável até a cozinha. Ayleen se acomoda no balcão no centro da ilha enquanto esquento o nosso jantar.

— Por que você mora sozinho em uma casa tão grande? — estou de costas para ela configurando o micro-ondas.

Sua pergunta me pega de surpresa. Por que eu moro numa mansão?

Viro-me para ela e seus olhos estão passeando pelo grande cômodo.

— Hum, acho que foi algo natural... eu não sei. Não tenho uma resposta certa pra isso.

Ela assente.

— Você tá bem? — meus olhos sondam os seus.

Um sorriso cresce em seus lábios e ela balança a cabeça mais uma vez. — Minha primeira vez foi incrível — estica os braços sobre o balcão e segura minhas mãos.

Agora o meu ego foi lá pra estratosfera.

— A minha primeira vez também — solto.

Seu sorriso morre e seu rosto se fecha. Seus dedos me largam. Ela me entendeu mal... sou um idiota mesmo.

— Entendo — responde, secamente.

— Não, Ayleen. Você me entendeu mal. É a primeira vez que trago alguém pra minha casa. Tudo isso também é novo pra mim — me explico, rapidamente.

— Ah... — o rosto volta a ficar relaxado. — Por que nunca trouxe alguém aqui?

O micro-ondas apita e eu tiro os nossos pratos, colocando-os sobre o balcão.

— Nunca quis nada que tivesse qualquer semelhança com um relacionamento. Também não via motivos pra ter um estranho em minha casa... mas aí, você apareceu... — deixo a frase incompleta.

— Eu... nunca quis me envolver com ninguém. Minha prioridade sempre foi a minha mãe. Também não era como se eu tivesse tempo... — seus olhos miram o chão.

O clima muda e eu dou a volta, parando atrás dela. Abraço-a e me curvo um pouco para apoiar o queixo no topo de sua cabeça.

— Não precisa se explicar. Eu me sinto imensamente feliz por você ter permitido me aproximar tanto. Querendo ou não, depositou uma grande confiança em mim.

Ayleen alcança minha mão e entrelaça os dedos nos meus. Será que ela é capaz de ouvir o meu coração batendo acelerado?

Ficamos assim por mais um tempinho, cada um com os seus pensamentos em um silêncio tranquilo.

— É melhor a gente comer antes que precise requentar a comida mais uma vez — ela diz.

Volto para o meu lugar e eu observo as reações de prazer que ela tem enquanto come. É lindo de se ver. Ela me encanta mesmo sem querer.

— Não tem nenhum empregado hoje? — inquere, depois de um tempo.

— Não gosto de muita gente trabalhando em minha casa. A equipe de limpeza vem três vezes por semana e tenho a minha governanta que mantém as coisas em ordem e cozinha pra mim. Mas vai embora todos os dias.

— Você realmente não gosta de ninguém perturbando a sua paz. Nem vizinhos tem — comenta.

Rindo, respondo. — Prezo muito por minha privacidade. Apesar de ser uma pessoa bem pública.

— Acho isso muito... — sua frase não é concluída.

— Victor, você não me atende! Fui obrigada a vir aqui pessoalmente. Você não pode fazer isso com sua mãe... — Denise adentra a cozinha e se cala quando percebe que estou acompanhado.

O choque fica completamente evidente no seu rosto. Minha mãe fica sem falar pela primeira vez na vida. 

Tudo tava tão lindo, mas demonise tinha que aparecer

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Tudo tava tão lindo, mas demonise tinha que aparecer...

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DeclínioWhere stories live. Discover now