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A moral é uma, os pecados são diferentes — Machado de Assis

 Victor

— Quando a gente pode se ver de novo? — a mulher acaricia o meu peito e morde os lábios.

Nunca. Não vai ter uma segunda vez. Não quero compromisso e não preciso de uma complicação em minha vida. Tem bastante negativa nessas orações. É assim que é. Deixo bem claro as minhas intenções para todas as mulheres que fodo.

— Não vamos nos ver outra vez. Deixei bem explícito pra você — tento lembrar o nome da loira nua, mas não consigo —, querida.

Ela franze os lábios em uma tentativa de parecer fofa? Sim, foi uma pergunta. Esses lábios "fofos" estavam envolta do meu pau há pouco tempo e posso garantir que não existe nada fofo nesta mulher.

— Mas eu achei que a gente tivesse algo especial... — sua voz se torna manhosa e meio nasal.

Ótimo, arranjei uma foda grudenta...

Tiro sua mão de cima do meu peito e me levanto. Conheci a loira na reunião de hoje. Bom, eu não tinha nada para fazer e ela se mostrou bastante disponível e interessada. Eu precisava me desestressar de alguma forma.

— Não tem nem 24 horas que nos conhecemos. Além disso, você concordou com tudo o que te falei. O hotel já tá pago — visto minha boxer e procuro minha carteira.

Encontro-a dentro do paletó e retiro uma nota de cem, deixando em cima do aparador.

— Deixei o dinheiro pro seu táxi, uber ou seja lá o que for — concluo.

Antes de ouvir qualquer protesto seu, recolho minhas roupas e vou colocando enquanto me afasto do quarto. Claro que nada me impede de escutar os seus xingamentos. Não que eu me importe. Ligo para o Diogo informando-o que não precisa vir me buscar.

Passo a mão pelos cabelos tentando ajeitá-los e saio do quarto. No meio do caminho, recebo uma ligação da minha mãe. Apesar de eu já ter 35 anos e ser dono da minha própria vida, não ouso perder uma chamada dela. A baixinha tem uma mão bem pesada, não quero correr riscos.

— Almoço amanhã as 12 — não é um convite, é uma ordem.

— Claro, mãe. Tô bem feliz por a senhora estar me informando — entro no elevador e pressiono o botão da garagem.

— Que isso, amor, tô te convidando, não te informando — suaviza o seu tom de voz.

Sorrio e balanço a cabeça.

— Como a senhora quiser. Tudo bem com vocês? — pergunto me referindo ao meu pai.

Minha mãe suspira e é aquele suspiro. O do tipo que se dá antes de descer o pau em alguém. — A fase geriátrica não tá fazendo bem ao seu pai. Quase precisei amarrá-lo à cadeira pra impedir que fosse até a sua reunião de hoje.

Meu avô fundou a nossa empresa, depois meu pai chegou à presidência e se aposentou faz uns 3 anos e meio. Agora estou assumindo os negócios da família e meu pai tem medo de que eu faça algo que arruíne todo o legado dos Agostini.

— Eu tô cansada desse velho chato — continua a reclamação.

Volto a prestar atenção à conversa assim que o elevador chega à garagem. Ando até onde meu Honda CR-V preto, destravo e entro.

— Se separa. A senhora ainda é jovem e bonita — me encosto no banco.

Ela ri e sei que o elogio fez o dia dela. — Ai, menino, para de tentar ganhar o meu coração. Essa hipótese é muito tentadora. Você é um filho tão bom, tenho certeza de que será um ótimo marido — reviro os olhos.

— Mãe, já falei pra senhora que não tenho a intenção de me casar agora. Esquece esse assunto — mais uma vez, o mesmo roteiro.

— Victor, você não é mais um jovenzinho! Já tem 35 anos, tá na hora de formar uma família e me dar alguns netos. Não tô pedindo nada demais! — ela se estressa de verdade.

É então que minha ficha cai. Esse almoço não é por acaso, minha mãe deve estar tramando alguma coisa. Denise Agostini deveria ser mais antissocial, não aguento mais conhecer outra filha de suas amigas.

— Mãe, por um acaso a senhora convidou a filha de alguma amiga pro almoço de amanhã? — inquiro, sem rodeios.

A linha fica muda magicamente.

— Mãe?

— Seu pai tá me chamando, preciso ir. Até amanhã, meu filho — encerra a ligação sem me responder.

Se eu não for, ela vai me buscar. Parece que não tenho alternativa. Coloco o celular no painel, ligo o carro e vou para casa.

— Julia tem um consultório, atende crianças carentes e ama os animais — minha mãe me apresenta, ou melhor, passa o currículo da tal Julia.

— Que bom — é a única resposta que consigo dar.

Não posso mentir, ela é bem atraente, mas não consegue olhar nos meus olhos. Que tipo de psicóloga é essa?

— Oh, minha nossa, o seu pai tá me chamando — usa a desculpa de sempre.

Fica aquele silêncio incômodo, Julia não fala nada e eu não tenho o que perguntar. Então só como o meu almoço na sala de jantar chique dos meus pais. Dá para se ouvir o som dos talheres encostando nos pratos. O almoço perfeito. Tão perfeito que meus pais evaporaram.

Para a minha sorte, meu celular começa a tocar e eu quase agradeço em voz alta, porém, seria demais. Peço licença e me retiro do cômodo, deixando a mulher sozinha.

— Boa tarde, senhor Geraldo. Pensou na nossa proposta? — estamos negociando há quase um ano. O homem sempre muda alguma coisa dos termos do contrato. Cada coisa absurda.

— Pensei sim, Victor. Vou vender minha concessionária pra sua empresa, mas...

O que será que vai pedir desta vez? Minha paciência tá se esgotando...

— O que deseja desta vez? — tento manter a calma.

— Preciso que me acompanhe em um leilão — fala em voz baixa.

— Leilão? — essa é a coisa menos estranha que ele me pediu, não sei por que tanto mistério.

Minha mãe passa por mim e faz uma cara feia, ergo os ombros para ela e aponto para o telefone. Ela apenas me fuzila.

— Não é qualquer leilão, não posso entrar em detalhes. A única coisa que precisa saber é que se trata de algo bem privativo. Não se preocupe, não é nada ilegal — tenta esclarecer, no entanto, só deixa tudo mais confuso.

Meu primeiro instinto é recusar, entretanto, quero muito fechar esse contrato... Vou deixar a razão de lado por enquanto.

— Ok, eu irei.

Mais um capítulo pra fingir que sou legal ❤

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Mais um capítulo pra fingir que sou legal ❤

Acho que por hj é só isso mesmo...

Votem e comentem no meu delírio 🤡💀

DeclínioOnde histórias criam vida. Descubra agora