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Quando fala o amor, a voz de todos os deuses deixa o céu embriagado de harmonia — William Shakespeare

Ayleen

Querida melhor mãe, hoje estou me mudando. Me deseje sorte!

Envio a mensagem e guardo o meu celular no bolso do short. Victor deu um jeito de eu conseguir me mudar no dia seguinte. No caso, hoje. A equipe de mudanças carrega minhas coisas escada acima porque o elevador ainda se encontra em manutenção.

E Victor só não está aqui porque disse para ele ir trabalhar. Mas tenho certeza de que daqui a pouco ele aparece. A proprietária ficou um pouco surpresa quando liguei pela manhã para comunicar que à tarde estaria realizando a minha mudança.

Voltando ao agora, indico o lugar em que deve ficar o sofá e a tv. Um pequeno pedaço da bagunça arrumado. Há algumas caixas espalhadas em cada cômodo. Terei um pouquinho de trabalho, mas estou feliz do mesmo jeito.

Mudança sempre cansa, não tem jeito.

Um pouco mais tarde, penso que vão embora, mas me surpreendo quando vejo-os ajeitando minhas coisas no lugar. Cada um fica com um cômodo, sobrando a suíte para mim.

Ele pensando nos detalhes.

Pesco o meu celular do bolso traseiro do meu short e envio uma mensagem para ele.

Eu:

Obgda por escolher uma equipe maravilhosa.

Victor fica online, visualiza a mensagem e começa a digitar.

Victor:

Vc pode me agradecer melhor pessoalmente 😉

Começo a rir e respondo.

Eu:

Kkkkkkk pode deixar. Agr vou terminar.

Guardo o celular e inicio o processo de arrumação. Em um certo momento, decido colocar uma música para me distrair. Não sei quanto tempo fico arrumando, mas sinto alguém me observando e giro a cabeça em direção à porta.

Victor está de pé na soleira da porta, escorado no batente; vestido lindamente em um terno azul-escuro com riscas de giz, porém, sem gravata. O cabelo bagunçado em várias direções. Deve ter vindo com a janela aberta.

Fito os seus olhos azuis e encontro ternura misturada com alguma outra coisa. Uma troca silenciosa se passa entre nós. Sem quebrar o encanto, ele vem com passos felinos e precisos.

Eu não sei o que acontece, no entanto, sinto meu estômago se apertar e meu coração pulsar de um jeito diferente.

Victor para na minha frente e estica o braço para mim. Pego sua mão e ele me puxa para cima, depois para dentro de seus braços. Ali dentro, mil coisas passam por mim. Sentimentos que nunca tive e que me confundem.

— Oi — me cumprimenta segundos mais tarde.

— Oi — respondo.

— Os outros estão quase acabando — fala.

Inspiro o seu perfume e fecho os olhos.

— Uhum — murmuro.

Permanecemos incalculáveis minutos assim, como se nossas energias estivessem sendo recarregadas, até conseguirmos nos afastarmos.

DeclínioWhere stories live. Discover now