Capítulo 37

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Clara descobriu onde era o banco referido ao cheque que a mulher tinha lhe dado e foi checar para ver se o dinheiro era real.

— A senhorita irá sacar todo valor agora? - O funcionário da agência perguntou ao mesmo tempo em que começava a contar as notas de dinheiro. Clara arregalou os olhos percebendo que a quantia era de fato muito alta.

— Agora não, só vim ver se o cheque não era sem fundo.

O funcionário riu de lado e abanou a cabeça negativamente:

— Não, essa senhora que lhe passou o cheque tem bastante fundo.

Clara concordou com a cabeça, dobrou a folha de cheque e guardou dentro de sua bolsinha. Saiu da agência com Miguel a seu lado, pensava em tudo.

— …Eu nunca vi tanto dinheiro em toda minha vida. - ela comentou. - E olha que meu avô era banqueiro.

— Po-o-r que não qui-is sa-acar? - Miguel perguntou intrigado.

— Eu não sei… eu não me senti bem com essa mulher. Me senti estranha, como se ela estivesse me comprando. Não me sinto bem em receber esse dinheiro, como se ele fosse sujo.

— Ma-a-as vo-o-ocê estava ve-endendo su-u-uas pi-i-inturas…

— Não comprada nesse sentido, é como… como se ela quisesse que eu confiasse nela depois de me dar esse dinheiro todo.

Clara olhava pra baixo pensativa. Não sabia o que sentir e muito menos explicar ao amigo o que estava pensando.

— Acre-e-dite em seu ta-a-a-lento. Ela gostou de su-u-uas pi-i-inturas.

Clara negou com a cabeça.

— É mais algo a ver com meu santo não bater com o dela. Não gostei dela e ponto. Não gostei. - Ela cruzou os braços na frente do corpo. — Não quero me reencontrar com ela, vou dar esse dinheiro ao meu pai e esquecer tudo isso. - decidiu.

Miguel observou seu relógio e percebeu que estava quase já na hora de entrar no trabalho.

— Vo-o-ocê me aco-o-ompanha até o ci-i-nema?

Ela concordou com a cabeça pensando que a hora de conversarem sobre o quase beijo trocado entre ambos havia chegado.

Clara caminhava com a cabeça abaixada para a calçada, parecia querer se fundir com as pedras tamanha vergonha pelo momento em que vivia, não sabia o que se seguiria, mas nunca havia passado por aquilo antes.

— C-C-Clara, vo-o-ocê é minha me-e-lhor amiga.

— Você é meu melhor amigo também. Eu senti tanto a sua falta esses dias todos. Me apeguei a uma galinha, eu juro a você que ela fala comigo, eu interpreto todos os cacarejos dela, eu entendo o olhar dela, tudo porque eu fiquei tanto tempo longe de você. Tempo demais longe de você!  - mesmo com vergonha, quando começava a falar, Clara não era comedida.

— Me de-e-esculpe por ficar ta-a-anto te-e-mpo longe.

— Não foi sua culpa, foi eu, eu com meu orgulho ferido, eu que te observava todos os dias na escola com seus amigos e nunca me aproximava, eu que não fui capaz de te pedir desculpas.

— De-e-esculpas?

— Desculpas sim pela maneira que te tratei das últimas vezes, te empurrando e exigindo que você fizesse coisas que eu devia fazer. Depois eu refleti e percebi que fiz isso com você a minha vida toda. Porque era mimada, egoísta e…

— Tá tudo be-e-em Cla-a-ra. Não precisa se-e culpa-a-ar. - ele falou a interrompendo, colocou a mão no ombro dela. Ambos pararam de andar e ficaram se encarando por um momento.

Segunda chance Nơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ