Capítulo 36

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Catarina sabia que sua vida era uma sucessão de escolhas. Ela havia escolhido se casar com Petruchio, ela havia escolhido o amar em certa altura de sua vivência, estar dentro daquele casamento primeiramente arranjado, ela havia escolhido ter filhos com ele, mesmo que um dia jamais se imaginou mãe. Ela havia escolhido partir, reconstruir sua história longe daquele lugar, longe de tudo. Ela havia escolhido voltar, mesmo sabendo que a verdade seria escancarada e todas as dores viriam à superfície. Ela havia escolhido lutar por sua família mesmo tardiamente e agora ela havia escolhido sua felicidade. Não queria mais viver nas sombras, não queria mais sofrer sozinha, mesmo que tivesse que se apoiar em um homem, ela escolheu viver plenamente com sua família. Mas havia uma outra surpresa que ela não havia escolhido naquela altura do enredo de sua história.

Catarina chegou na loja passando mal. Pisou no estabelecimento comercial, viu Petruchio ir a escola buscar os filhos e correu para o banheiro para vomitar, não quis que ele presenciasse a cena. Logo em seguida se sentiu tonta, precisou sentar. Começou a pensar no que estava acontecendo consigo. Talvez a comida forte da fazenda, mais engordurada do que o costume, estivesse lhe fazendo mal, afinal não estava mais acostumada a comer uma comida com aqueles preparos de Neca e ela havia exagerado na comilança nos últimos dias. O exagero do que comia, outro sinal. Abanou a cabeça e resolveu ignorar. Mais tarde, outra coisa a intrigou, foi atender uma cliente com um cheiro de perfume tão adocicado que começou a se sentir enjoada de novo. O enjôo do cheiro do perfume a fez pensar em anos atrás, da única época possível em sua vida em que enjoou de cheiros de perfumes.  Logo estava fazendo contas. Sabia muito bem o que poderia ser todos aqueles sinais.

— Não é possível. - ela arregalou os olhos e a boca. - Mas achei que poderia estar entrando no… minhas regras estão desreguladas que achei ser impossível a possibilidade de… - ela olhou para sua barriga espantada e começou a apalpar pensando em tudo.

Lembrou-se que tinha acordado duas vezes naquela noite para urinar e isso nunca acontecia, lembrou-se também que da última vez que isso aconteceu ela estava…

— Grávida? Mas eu já tenho mais de quarenta anos.

Seu coração começou a se acelerar no peito, pensou em tantas possibilidades, talvez fossem sinais de que o outono da vida estivesse chegando, eram tantas transformações hormonais que poderiam ser confundidas com gravidez. Precisava confirmar.

Foi até um telefone de uma loja ao lado, pediu para ligar para a irmã.

Assim que a irmã atendeu, Catarina narrou suas suspeitas, Bianca arregalou os olhos imaginando se ela poderia estar certa.

— …É possível isso acontecer com sua idade? - camuflou a palavra gravidez porque a sobrinha estava ao lado almoçando em sua casa, conversando animadamente com sua filha mais velha sobre poesias.

— Isso que preciso ter certeza.

— O doutor Oswaldir ainda está atendendo, tanto que o chamei na época que estava com pneumonia, se lembra? Mas agora ele tem um consultório, ele atende por lá a não ser emergência vai na casa de pacientes. Posso te passar o endereço.

— Por favor. - Catarina pediu, segurando um papel e um lápis anotando as informações que a irmã lhe passava.
xx

Petruchio levou a filha a casa de Bianca e foi com o filho até a redação da revista feminina, nunca havia entrado com Júnior no lugar. O filho observou todas as máquinas trabalhando, homens costurando no canto ao mesmo tempo em que furavam o dedo, homens ditando a outros receitas de doces, outros simplesmente tirando cochilos no meio do expediente. Como Serafim fazia em sua cadeira.

Júnior chegou perto do pai e perguntou:

— Uma revista feminina sem nenhuma mulher participando? - Petruchio pensou que o filho tinha mais traços de Catarina do que ele supunha, mesmo só tendo começado a conviver com a mãe em tão pouco tempo.

Segunda chance Hikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin