Capítulo 15

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Catarina nunca precisou ser tão forte como estava sendo agora, nunca tinha sido testada como estava sendo desde sua volta ao Brasil, nunca foi ela mesma em toda sua essência, até agora.

Serafim acabou acompanhando-os nas visitas às casas de aluguel de Dalva. Tentava vender seu peixe enquanto Petruchio discordava com tudo o que ele dizia.

— ...Essa casa é menor que a anterior, têm apenas cinco quartos, mas você disse que não queria luxos. Sabe que estamos vendendo ela, então se quiser comprar.

— Se Catarina quisesse comprar ela não estaria atrás de uma pra alugar. - Petruchio argumentou o óbvio.

— Não tenho rendas para comprar essa casa. - foi curta e grossa com Serafim, ignorando Petruchio.

— Oras e a herança de sua mãe e seu pai que continuava sendo um banqueiro? Ele pode lhe emprestar dinheiro.

Catarina revirou os olhos diante do argumento de Serafim. Começou a andar pela casa observando os móveis, Petruchio, que até então fazia cara feia ao jornalista, foi andar ao encalço dela.

— Os móveis estão bastante velhos Dalva, não acha que o preço está um pouco exorbitante? - Catarina perguntou à mãe de Candoca.

— Catarina, não há muitas casas na localidade que deseja com móveis. - Dalva tentou justificar. - É um bom bairro, infelizmente não posso baixar o preço do aluguel.

— Mas meu favo de mel tem razão, esses móvel tão mais velho que os da fazenda. - Petruchio argumentou.

— Não me chame de… - ela não conseguiu completar sua fala. - E EU quero fazer negócio! EU!

— Certamente os móveis não estão mais velhos do que daquela fazendola. Só esse sofá compra sua mobília inteira. - Serafim falou.

— Oras Serafim! São móveis antigos, mas de qualidade. - Catarina foi em defesa lembrando da fazenda. Do sofá cheio de titica de galinha, da mesa antiga e nada brilhante como a de seu pai, da cristaleira vazia sem cristais caros. Amava aquela casa, apesar de não admitir em voz alta, sentia saudades.

— De muita qualidade! - Petruchio ergueu o queixo em concordância. - Não são essa metidez fingida.

— Só digo a verdade. É uma casa ótima, num ótimo bairro, grande o suficiente para você e…

— Enorme demais para mim! Vamos para outra? Bem menor? - Catarina cortou a defesa de Serafim.

Ficou pensando alguns segundos, se como amigo da família ele tinha conhecimento de Clara, já que só tinha até então mencionado o filho Júnior a ela.

Foram para um apartamento. Bem mais modesto e localizado justamente em cima da revista feminina.

— ...Não ia sugerir esse lugar. É tão pequeno e apertado para os luxos de que está acostumada. - Dalva foi logo se desculpando.

Mas Catarina estava com os olhos brilhantes para o lugar. Os móveis pareciam bem mais aconchegantes que os dos outros lugares. Era tudo pequeno e organizado. Tinham dois quartos e um banheiro, uma cozinha pequena com a lavanderia e uma sacada que dava de frente para a avenida movimentada. Ficava há três quadras da escola e poderiam ir a pé.

— Mas ocê fez dona Dalva comprar o prédio de sua revista de meia pataca? - Petruchio perguntou indignado e nada feliz com o lugar.

— Foi um ótimo investimento. Tenho minha revista e não preciso mais pagar aluguel pelo prédio, já que sou o dono.

— Dona Dalva é a dona. - Petruchio corrigiu.

— Sou o marido dela, eu sou o dono! - Serafim ergueu seus ombros e foi de encontro a Petruchio bravo.

Segunda chance Where stories live. Discover now