Capítulo 31

298 15 180
                                    


Foi tudo um sonho, um conto de fadas, Catarina só conseguia concluir isso, um sonho tão bonito, cheio de cheiro, gosto, sensações, de felicidade e que agora a realidade parecia lhe enfiar um punhal em suas costas. Ela caminhava com a filha até seu apartamento e se perguntava se conseguiria esquecer tudo e voltar a viver seu sonho.

— Mãe, o que aconteceu? Você não parece bem. - Clara perguntou.

Catarina deixou que uma lágrima caísse de seu olho ao mesmo tempo a limpando. Não sabia se a lágrima era de tristeza, se a lágrima era de raiva, se a lágrima era de frustração pelas injustiças do mundo em que vivia. Talvez a soma de todas as sensações.

— A realidade está me apunhalando, filha.

Limitou-se a responder, chegando enfim em frente ao prédio, o letreiro sobre a revista feminina faiscando e o ódio dentro de si só crescendo.

— E tudo começou por aqui… - ela completou seus pensamentos em voz alta.

Ela não ia ficar parada, não ia ficar calada, Serafim estava merecendo. Puxou Clara pela mão e anunciou:

— Você está autorizada a jogar tudo o que ver pela frente no jornalista que sempre está querendo acabar com nossa família. - Clara deu um sorriso de lado empolgada e concordou com a cabeça. Catarina a guiou para dentro da revista.

Vários homens trabalhavam, um costurava num canto tentando a todo custo acertar um ponto no crochê, outros digitavam nas máquinas novas de escrever fazendo barulho, outros conversavam entre si sobre uma nova pauta para a revista, então ela encontrou Serafim, sentado com as pernas esticadas em cima da mesa, estava com o jornal de domingo na mão e lia com um sorriso nos lábios uma parte específica do papel.

Catarina sorriu de lado, pegou um cinzeiro, fez que sim para Clara que alcançou um copo, as duas jogaram os objetos ao mesmo tempo no dono da revista.

— O que é isso?! - Serafim exclamou abalado com o ataque. Olhou para o lado tentando identificar quem era o autor. Foi quando viu o rosto de Catarina perto de si, estava raivoso e decidido.

— Isso é para representar o começo dos ataques que estou sofrendo por causa de você e suas matérias em jornal falando sobre mim!

Clara alcançou outro copo e o atirou perto da cabeça de Serafim e bem longe de sua mãe.

— O quão baixo você pode chegar ao ponto de tirar uma foto minha sem minha autorização, só para estampa-lá na matéria para enfim conseguir que eu perdesse meu emprego.

— O que está dizendo?! - perguntou assustado sentindo outro objeto de vidro quase o acertar na cabeça. Clara parecia insaciável lhe atirando copos.

— Não seja hipócrita! - Catarina gritou brava. - Assuma o que fez! Nunca superou o fato de eu ter escolhido o Petruchio para me casar no lugar de um covarde como o senhor!

Clara atirou outro copo que dessa vez passou por um triz em sua cabeça. Serafim engoliu um grito de medo e disse se encolhendo na cadeira.

— Catarina, controle sua filha!

— Clara está bem controlada, ela está errando a mira de propósito, acredite.

— Eu juro que sou um grande admirador de sua família e de sua determinação em trabalhar fora para se sustentar, mesmo sendo rica.

— Pare de mentir! - Catarina gritou ao mesmo tempo em que ela e Clara atiravam dois vasos quase o acertando. - Só saiba que nunca passou pela minha cabeça casar com o senhor, um ganancioso que sempre só quis dar o golpe do baú em mim.

Segunda chance Where stories live. Discover now