Petruchio não conseguiu dormir naquela noite, ficou pensando em Catarina, preocupado com as meias palavras que ela havia soltado para ele: “como se minha partida para a Europa fosse algo supérfluo, como se fosse uma regalia. Sendo que não foi. Eu nunca quis abandonar meu filho. Eu juro!”
Ficou pensando qual poderia ser o real motivo dela ter partido, ter decidido ir para a Europa sem o filho. Conseguia em partes entender o porquê dela dizer que partir sem o filho fora um ato altruísta, mas não conseguia encontrar a razão. E ela havia garantido que não era supérfluo.
Se ela não tivesse ido para a Europa para viver com seu dinheiro, no mundo moderno e fabuloso, por que ela partiu? Para fugir dele? Por que viver no mesmo país que ele lhe doía? Ela não tinha o perdoado por tudo o que fez, por seus planos e suas atitudes com Marcela.
Foi cedo tirar o leite das vacas e continuou a pensar em tudo, se ela tinha voltado para ficar e se tinha sonhado com seu beijo como ele durante a noite.
— O senhor tá é estranho. – Calixto comentou observando o patrão avoado, tirava leite, mas sua mira não ia em direção ao balde e sim no chão.
— Beijei Catarina ontem. – confessou cansado.
— Arriégua! Por isso que tá com um machucado na testa? Conseguiu matar a saudade dos vasos que ela lançava?
— Mais ou menos. – Petruchio não queria brigar com Calixto, queria que ele lhe escutasse e lhe ajudasse. – Ela retribuiu Calixto.
— Ela beijo o senhor de volta?! – perguntou espantado.
— Beijo Calixto, ficou molinha em meus braços, quentinha, cheirosa. Como se quinze anos não tivessem separado a gente.
— Mas então o senhor se acertou com dona Catarina? – perguntou ansioso.
— Não, ainda não. – ele abanou a cabeça lembrando de tudo. – Ela tava triste, chorando.
— Mas eu não tô entendendo, ela mentiu pro senhor que tava casada, no final foi tirar satisfação com ela e acabou beijando? Por fim tava tão confusa que acabou chorando? E ainda não entendi quando foi que dona Catarina te acertou o vaso na testa.
Petruchio queria desabafar, mas era tão difícil de explicar tudo que já estava perdendo a paciência com o amigo e confidente.
— Eu cheguei na casa de Bianca decidido a brigar com ela e saber a verdade se ela tava casada ou não, fui acertado com o vaso logo na entrada, então ela cuidou de mim, preocupada e eu me senti de volta a quinze anos no tempo, com ela me acertando e cuidando de mim como acontecia quando a gente brigava. Era sempre assim Calixto, tudo muito intenso e de repente ela se amolecia e eu sabia que queria ela bem.
Calixto estreitou os olhos observando o patrão.
— Tá pra nascer homem que gosta de sofrer feito o senhor. – Petruchio revirou os olhos. – Como ela acabou chorando?
— Ah minha culpa. – Petruchio confessou contando sobre a discussão que teve com ela naquele mesmo dia. - ...Eu exigi que ela ficasse longe de Júnior, que ela não tinha direito nenhum no filho.
— Mas de novo essa história? Como o senhor quer que uma mãe fique longe de seu filho?
— Eu tava bravo Calixto, tava bravo porque ela tinha ido ver ele escondida num disfarce. – se explicou tentando explicar mais a si mesmo. – Na verdade eu me arrependi, assim que descobri que ela não tava casada e senti ela em meus braços de novo. Eu me arrependi quando vi ela chorando triste. Não quero ela longe do Júnior.
Calixto sorriu dando um aperto de em seu ombro.
— Faz ela volta pra cá seu Petruchio, imagina essa fazenda com dona Catarina de novo?
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Segunda chance
FanfictionDepois de quinze anos espera-se que uma mentira tenha se repetido vezes suficientes para se tornar uma verdade. Catarina sempre foi decidida e quando algo entrava em sua cabeça dificilmente mudaria de ideia, mal sabia ela que sua filha puxaria exata...