Capítulo 22

269 21 267
                                    


Se precisasse definir o que Petruchio era, do que era feito, seria lembranças do passado. Lembrava-se muito bem quando ficou doente, quando ficou impossibilitado de levantar da cama e fazer o que mais amava fazer, que era cuidar de sua fazenda e trazer o sustento do seu povo, lembrava-se de Catarina assumindo tudo, entendendo as dificuldades da fazenda, organizando as finanças, ajudando em absolutamente todas as etapas, desde a ordenha, a fabricação do queijo e as vendas das mercadorias. Além de tudo, e apesar da briga que tiveram, ela cuidou dele, ficava preocupada com suas oscilações de temperatura, fazia de tudo para que comesse e sempre dormia no chão, para cuidar de si durante a noite.

Quando Bianca lhe disse que a ex-mulher estava com pneumonia e que ele tinha uma dívida com ela, se sentiu mal.

— Ocê não têm o direito de me exigir isso. - respondeu chateado, sentindo seu coração se apertar em preocupação.

Bianca prosseguiu, porque entendeu que de certa forma tinha mexido com ele.

— Você tem uma história com Catarina Petruchio, seus filhos e tudo o que viveram, nada disso pode ser ignorado por causa de uma briga.

— Não é uma briga qualquer não Bianca, ela mentiu pra mim, a pior mentira que podia ter mentido. Durante quinze anos, quinze anos!

— Eu sei, ninguém está sofrendo mais do que ela com isso, acredite. Ela não dormiu a noite, está tendo pesadelos, diz que sua dor não é física e sim na alma e eu não me lembro de ver minha irmã tão frágil, nunca a vi assim. - Bianca implorava a ele e não se importava em dizer que assistia a irmã se desfazer na sua frente. - Pelo menos, vá conversar com ela. Vá ouvir sua versão da história.

Petruchio negou com a cabeça cansado de todo aquele assunto.

— Não há outra versão de história, nenhuma outra versão que não seja a verdade. E a verdade é que ela mentiu! - então ele partiu com a carroça deixando Bianca para trás desolada.

Seu cérebro estava explodindo, Catarina estava doente, mas ele não lhe devia nada, absolutamente nada, se ela havia cuidado de si no passado era porque eram casados, era sua obrigação de esposa cuidar de si e agora separados, por uma decisão dela e só dela, ele não era obrigado a cuidar dela. Não mesmo. Foi entregar os queijos com a cabeça fervendo feito uma panela de pressão.

xx

Clara se sentia perdida sem saber para onde ir, suas aulas do dia não passavam e ainda não tinha encontrado a mãe pela escola. Queria encontrar a mãe para confrontá-la e dizer tudo o que estava entalado em sua garganta. Na hora do intervalo foi atrás de Miguel, odiava o fato de não estudar na mesma sala que ele por ele ser um homem. Olhou por todos os lugares do pátio e não o encontrou, procurou perto do refeitório e não o achou, então se lembrou da biblioteca.

Assim que entrou no ambiente silencioso e grande, encontrou o melhor amigo debruçado numa mesa, conversava todo a sorrisos com uma garota, a mesma garota que havia espionado dias atrás. Sabia bem o nome dela.

— Elisa… - ela sussurrou com ciúmes.

Então era assim? Ela estava sofrendo, mudando sua vida radicalmente e Miguel ficava de conversinha com sua namoradinha? Ela não conseguia evitar, estava tão frustrada que começou a marchar para perto dos dois que conversavam amigavelmente e se esbarrou com tudo em Miguel.

— Desculpe, não vi que tinha um traidor no meio do caminho. - Ela falou entredentes e com os olhos marejados e saiu correndo de perto dele.

— C-C-Clara espe-e-e-re! - Miguel pediu olhando de relance para Elisa e pedindo desculpas com os olhos, mas indo atrás da amiga.

Segunda chance Nơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ