Capítulo 28

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O feixe de luz da manhã passava pela janela e seguia em direção aos corpos entrelaçados no chão. Catarina dormia um sono tranquilo e tinha em seus lábios um sorriso estampado. Petruchio sentia-se feliz, como há anos não se sentia. Era como viver aquele momento e já ter saudades de vivê-lo, era como assistir a cena de cima e querer ser um dos protagonistas mesmo vivendo aquilo. Tanto que amava ficar ali, só a admirando dormir. Às vezes se beliscava para ver se era realmente verdade todo o momento em que vivia. Catarina se mexeu e abriu os olhos e viu que ele a encarava. Ela acariciou seu rosto e deixou que ele lhe desse um beijo de bom dia.

Petruchio enfiou o rosto no cabelo dela e não fez questão de levantar daquele chão. Queria pausar o momento, vivê-lo mais um pouco, prolongar a felicidade. E ela parecia não ter pressa também, adorava o carinho que ele emanava por si, queria permanecer enlaçada nele, como se o mundo não acontecesse lá fora.

Os dedos dele conheciam seu corpo e tinham permissão para caminhar por ele. Catarina deixava Petruchio desenhar seu corpo, o reconhecendo como se o tempo não tivesse passado. Ele acariciava o colo de seu seio e ia num vai e vem até sua barriga, passava por seu pescoço e parava em sua bochecha enquanto ela admirava um feixe de luz que se projetava em cima de ambos. As partículas de poeira brigavam entre si, estavam agitadas, se movimentando sem regra, umas iam para um lado, outras por outro e algumas até se chocavam e ela sorriu pensando que era assim: a ordem natural das coisas. Como eles aquelas partículas se completavam na agitação.

Deixou que Petruchio ligasse as pintas de seu braço formando desenhos quando virou seu rosto para ele e o beijou.

— Então é assim. O começo do resto de nossas vidas?

Ela parecia uma adolescente com milhões de sentimentos dentro de si eclodindo, mas no corpo da adulta decidida a ser protagonista de sua história e não mais retardar sua felicidade. Afinal eles mereciam.

— Dormiu bem meu favo de mel? Sentiu frio à noite? Não tinha nenhum lençol e às vezes eu pensava que estava com…

Ela sorriu colocando seu dedo indicador sob a boca dele o calando, seus lábios marcados de vermelho por ele, seus olhos fundos do acordar da manhã e do fato dele ser o culpado dela não ter dormido quase nada naquela noite, seu cabelo todo bagunçado mais uma vez por culpa exclusivamente dele e Petruchio soube que era a imagem mais linda do mundo.

— Tive a melhor manta, não passei frio nenhum. Inclusive o melhor colchão é esse chão, nunca me senti tão confortável em toda minha vida.

— Então devemos agradecer a Clara pela estadia.

— Clara! - Catarina sentou apressada com susto. - Já está de manhã, daqui a pouco nossos filhos estão aí…

— Talvez nois tenhamos a sorte deles esquecerem a gente. - Petruchio resmungou quando viu ela levantar desesperada.

— Levanta-se Petruchio! - ela ordenou vendo que ele não se mexia. - O que nossos filhos vão pensar se nos verem nessa situação?

— Que o plano deles deu certo e que enfim vamos ter nossa família. - Petruchio se levantou e a abraçou beijando-a no pescoço fazendo Catarina fechar os olhos e engolir em seco tentando resistir ao seus desejos incessantes.

— Por favor, precisamos nos arrumar. - ela implorou quase cedendo ao impulso de virar e beijá-lo com ardor.

Petruchio se afastou a contra gosto, Catarina era como um vício que novamente experimentado, impossível se manter longe depois de a provar novamente.

— Vá se arrumar no banheiro enquanto eu faço um cafezinho pra gente. - ele anunciou tentando ser um adulto consciente.

— Você? Fazendo café pra gente? - ela ergueu o dedo no ar apontando para ele e sorrindo.

Segunda chance Where stories live. Discover now