Capítulo 21

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Catarina estava livre e feliz, nadando em um rio, flutuando e olhando pro céu. Tudo parecia em ordem, a vida lhe sorria. Seu destino encaminhado, sua família bem e feliz ao seu lado. O céu estava azul e ela podia brincar de descobrir desenho em nuvens. Tudo estava bem. De repente as nuvens ficaram pretas, e uma tempestade começou a cair provocando ondas gigantescas. Ela começou a nadar em direção à margem, dava braçadas e mais braçadas, mas a costa parecia cada vez mais distante, mesmo ela lutando muito para chegar até lá. Olhou pro lado desesperada, engolindo água, quando viu Petruchio, estava a olhando e o rio à sua volta não estava tempestuoso.

— Petruchio, me ajude, estou afogando… - o rio não dava pé, ela submergia na água e subia recuperando o fôlego.

Mas Petruchio pareceu não se importar. Ele deu dê ombros, envolto no rio calmo e respondeu:

— Eu não posso salvar ocê, o que te afoga não é a água, são suas mentiras. Todas elas lhe puxando para baixo.

Catarina olhou para o lado e percebeu que não estava mais num rio, estava na areia de uma praia, uma areia que a sugava para dentro como se fosse movediça. Clara ia em sua direção e lhe gritava:

— Você sempre soube que eu ia morar com meu pai, se mentiu para ele a culpa é sua. Nunca mais vou morar com você!

Catarina se submergia cada vez mais fundo na areia, estava na cintura e ela não conseguia subir, viu seu filho se aproximar, ergueu as mãos lhe pedindo socorro. Júnior chegou do outro lado e lhe gritou:

— Você mentiu para mim! Nunca mais quero te ver, nunca mais me procure!

Sentia a areia em sua garganta, quando reparou na imagem de Marcela aparecendo ao seu lado:

— Eu não te disse que iria ter seu dinheiro de volta, mas que arruinaria sua vida?

— Sim, aquele dinheiro, engula seu dinheiro, viva sem sua família. - Petruchio gritou de repente surgindo num último flash de imagem antes dela se afogar na areia que entrava em seus poros e fazia ela ficar sem ar.

Agora não estava mais numa areia, mas em notas de dinheiro, o dinheiro que ela havia recuperado, o dinheiro que havia levado ela para longe de São Paulo, o dinheiro que havia feito ela separar sua família e arruinar sua vida. Estava ficando cada vez sem ar, sua garganta estava queimando e ela só queria que a dor cessasse. Fechou os olhos esperando… Esperando tudo acabar… esperando ela enfim parar de respirar e a dor enfim cessar.

Catarina abriu os olhos, estava respirando forte, chorando e suando frio. O medo invadia seu coração.

Um pesadelo.

Tinha acabado de acordar de um pesadelo.

— Dona Catarina, a senhora estava se debatendo na cama, vim checar se está tudo bem. - Filomena chegou no quarto observando ela chorar encolhida na cama. Suava e ainda vestia o vestido vermelho da noite anterior.

— Um pesadelo Filó, tive um pesadelo. - respondeu em meio aos engasgos do choro, ela também tossia.

— A senhora está com as bochechas vermelhas. - Prevendo o que poderia estar acontecendo, Filó chegou perto dela esticando sua mão colocando em sua testa. - Está queimando em febre. A senhora não tomou banho depois da chuva que tomou ontem?

— Eu acordei de um pesadelo… mas a minha realidade é pior do que viver em um pesadelo... - Catarina parecia não ouvir a amiga e antiga babá de sua filha, olhou pro lado percebendo que Clara não estava com ela. Lembrou-se de tudo, estava sozinha, estava se afogando nas mentiras, estava se afogando nos reflexos do dinheiro de sua herança. - Eu estou me afogando nas minhas mentiras, estou me afogando nas minhas próprias decisões, no dinheiro que recebi de minha mãe. Isso nunca vai ter fim. Não tenho ninguém para me socorrer. Eu vou morrer afogada.

Segunda chance Wo Geschichten leben. Entdecke jetzt