{75} O vestido ideal

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Marteladas na madeira e sons de garotas animadas para escolher o seu par da pequena festa era tudo que eu conseguia ouvir. A University of Cambridge estava perto de fazer o seu 806‬ aniversário. E para comemorar o pequeno aniversário os diretores escolheram fazer um desfile nas redondezas da cidade. Entediante. Era a única palavra que eu conseguia achar para resumir esse desfile.

Cada turma escolheu uma época para se fantasiarem e honrarem a escola. Graças a mim e a minha ótima hipnose, ficamos com a época mais fácil e bonita. A Era Vitoriana. Roupas grandiosas e com renda, era tudo que eu precisava!

Muitos escolheram ficar na parte do trabalho braçal, por isso estavam ajudando na construção dos enormes carros alegóricos. Diferente de alguns que ajudaram no financeiro — eu fui uma dessas pessoas.

A minha maior missão hoje, seria escolher o meu vestido ideal e nada melhor do que chamar alguém que entendesse do assunto. Não era um estilista que havia estudado e sim Vincent Hills. Nada melhor do que ter ajuda de alguém que viveu durante a época.

Vincent não trabalhava, porém, vivia dizendo a ele que ele seria um ótimo professor de história, ou melhor, qualquer vampiro velho poderia se passar por um professor de história perfeitamente.

Desde o nosso encontro que ocorreu já faz dois meses, venho falando com ele constantemente, acredito que eu esteja criando algum sentimento por ele, por mais que eu não admita isso na frente do rapaz.

Caminhava lentamente pelas ruas olhando os jovens afoitos montando tudo, havia telefonado para Vincent me encontrar numa loja de fantasias onde havia achado tecidos de boa qualidade e vestidos bonitos.

(...)

Encontrei Vincent sentado em um dos bancos perto dos bares onde alunos viciados costumavam ficar. Ele estava vestido como sempre — não era uma novidade, ainda tinha esperança que ele vestisse uma roupa menos formal que ternos.

— Hills — cheguei por trás do banco e o cumprimentei com doçura encostando a minha mão no seu ombro coberto pelo tecido de lã preto assim como a sua camiseta e gravata ele virou-se e sorriu para mim.

— Boa tarde, Atena — e eu sorri ao ouvir ele pronunciar o meu nome era incrível como soava bem na sua voz e puxou a minha mão de um jeito delicado e depositou um beijo sutil nas costas da mesma... me preocupei ao ver que os seus olhos estavam negros, um negro fora

— Pronto para me ajudar a escolher o vestido?

Ele assentiu

(...)

A música clássica suave soava pelos meus ouvidos, enquanto uma das funcionárias apertavam o espartilho em meu corpo. Iria provar mais um dos gigantescos vestidos, por incrível que pareça eu ainda não havia gostado de nenhum dos dez que havia experimentado. A partir daí soube que: vestir roupas de época era definitivamente um saco.

Vincent estava sentado tomando goles de champanhe, me esperando ansiosamente, por incrível que pareça ele estava gostando disso. Ou talvez ele só estivesse gostando pelo simples fato de estar comigo.

Saí do provador novamente, mostrando o vestido rodado cor de rosa.

— O que acha?

— Não combina com você — disse simplista e tomou mais um gole da bebida e quando me virei ele perguntou

— Qual será seu par no desfile?

— Normalmente seria Paul só que ele está no outro lado do mundo, então será a única pessoa que eu converso nessa cidade...

— Eu? — ele indagou surpreso

— E o prémio de vampiro mais esperto vai para... você — ironizei e ele riu — É melhor começar a organizar as suas roupas.

— Eu exijo que me explique tudo direito — ele ordenou e eu ri

— Você exige? Ah! Velhinho, quem é você para exigir alguma coisa! — desdenho

— Não me chame de velho! — ralhou e eu ri

— Velhinho — o provoquei e entrei no provador novamente

Já no provador. Percorri com a palma da mão sobre o refinado tecido do vestido que usava, o tom escarlate da minha veste dava-me certo ar de ostentação, o mesmo era adornado por uma renda preta, e as luvas também como a pelugem dos corvos, cobriam desde as minhas mãos até uma parte acima do antebraço. A minha saia volumosa se mexia conforme eu me locomovia com lentidão, e os ombros expostos assim como o leve decote de meus seios. Estava impiedosamente bonita.

Rodopiei na frente do espelho vendo todo o vestido. Ele era meu vestido ideal!

Saí do provador e imediatamente reconheci algumas meninas da universidade que me olhavam com inveja, percebi todos os olhares de luxúria sobre mim.

Vincent me olhava maravilhado, era impossível descrever as suas expressões faciais.

— O que achou?

— E. Perfeito, ficou muito mais bonita do que já é... — sorri confiante com a resposta do rapaz e saí de perto dele.

Após tirar todo o vestido e os outros adicionais da vestimenta caminhei pelo corredor tentando achar o caixa para pagar o vestido que ficaria lá para poder ser feitas algumas modificações na roupa como o seu tamanho, a funcionária estava me atendendo ficou feliz ao saber que eu iria ficar com o vestido — provavelmente iria receber uma boa comissão por ele.

(...)

Após pagar, saí da loja com Vincent apenas com as coisas mais simples do vestido que não precisavam ser ajustadas. Em todo caminho conversamos sobre o futuro desfile e graças aos Deuses o vampiro mais alto tinha uma roupa para ir ao desfile.

No meio do caminho parei para dar duzentos euros para um mendigo Oh! Eu amava ajudar os pobres!

Em quase todo o caminho conversamos sobre o desfile e logo depois ele me deixou na porta do apartamento em que eu em breve iria sair.

— Atena... podemos sair depois do desfile para tomar uma bebida quente? Eu pago — Falou sorrindo confiante, meio tímido

Soltei uma risada leve e aproximei-me dele

— O que aconteceu? Fiz algo errado? — ele arqueou uma das suas sobrancelhas

— Nada, é fofo ver você falando assim — respondi e olhei nos seus profundos olhos que agora eram negros como carvão —Claro que podemos, só quero biscoitos amanteigados também e uma breve caçada no final.

— A pessoa não pode a mão, ela sempre vai querer o corpo todo... — Ironizou, dando uma leve risada.

— Quero mesmo — disse seria — O corpo todinho — sussurrei abrindo um sorriso super malicioso, a malícia na minha voz era inconfundível e percebi um pequeno sorriso envergonhado assim que ele abaixou a cabeça, logo comecei a rir da sua cara tímida.

Ele alisou a minha bochecha com delicadeza se aproximando ainda mais de mim e me afastei um pouco do rapaz que parecia estar muito feliz, porém, tímido.

— Tchau! Tchau! Vincent — me encostei um pouco na parede

— Tchau! Tchau! Atena!

𝗔𝗧𝗘𝗡𝗔, twilight ( ✔ )Onde as histórias ganham vida. Descobre agora