Capítulo 38 Olhos Azuis

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Como prometido, mais um capítulo pra vocês. Excelente leitura mortais.😘😘

Bain delicadamente abaixou para pegar. Os raios de Sol cintilaram na joia prateada e Yava cabisbaixa ficou em silêncio.

-Isso...

Ela não deixou ele terminar e tomou de suas mãos guardando no bolso.

-Obrigada .-foi a resposta. Não querendo ser previsível. -Eu preciso ir. Estão me esperando.

Ela deu as costas a Bain que ficou a observando. Alguém a esperava. Mesmo que não desejasse acreditar, ela ia de encontro a outro. E pelo modo de sua ansiedade, os elfos que ali estavam aguardavam por ela. Então, fez sentido. Todas as palavras que ouviu faziam referência a ela e o rei da floresta.

Bain sentiu uma onda de ciúmes, deslizando dentro de si misturada a um despeito venenoso que queimava seu coração. Ele sempre a quis e por ela teve amizade, suas esperanças haviam sido ceifadas por um elfo. Mas aquele elfo não era qualquer um, era o rei dos elfos Thranduil. Ele não tinha porque ter segurança, que de algum lado, o destemido rei da floresta reservaria algum sentimento a Yava. Ele sabia o suficiente através de histórias e por seu pai, que sua frieza cortante como a lâmina morgue, não mudaria por nada, nem ninguém. Yava estaria sendo envolvida, ludibriada pela beleza do elfo. Não. Aquele broche do nobre monarca não queria dizer absolutamente nada.

Seus passos largos, viraram uma corrida breve, a alcançando antes de chegar aos elfos. Yava virou imediatamente, ao sentir uma presença, surpreendida pelo filho do arqueiro que foi logo dizendo:

-Eu...entendo que sua determinação em seguir os elfos é louvável. Mas, você está indo atrás de uma luta perdida.

Ela abriu os lábios, vendo seus olhos de um brilho indefinível, face contraída em uma espécie de despeito e apreensão.

-Desculpe mas...-ela fez, processando sua observação.

-Se quer saber se estou preocupado?-ouviu dele com nítida mágoa na voz -É eu estou sim, porque você não está fazendo isso por um sentimento, e sim por uma ilusão...uma ilusão que eu sei que vai te machucar Yava. 

-Eu não sei do que está falando. -respondeu, tentando escapar de seu olhar frio. Obviamente, entendendo o ciúme que o possuía, e ao tomar outra direção, seu braço foi segurado.

-Você sabe, como também sabe que o rei não ama ninguém Yava. Ele nunca irá amá-la como espera, ele é um elfo. 

Yava aborrecida, sentindo um calor subir seu rosto, o encarou e depois voltou-se para a movimentação dos elfos a metros dos dois. Eles observavam a cena um tanto surpresos, e pelo modo de seus olhares, a impaciência começava a ganhar suas expressões. O rosto da garota fechou-se completamente, e o estalo em seu peito forte, e em sua razão, a fizeram se sentir vulnerável diante das palavras de Bain. Ela queria ir atrás de Thranduil, saber dele lutar pelo seu amor, mas os últimos acontecimentos, tudo desde onde começou sua história, ainda mexiam com ela.

Bain a medindo com olhar afiado, respiração pesada esperava uma resposta, e ouviu:

-Isso é um problema meu. E agora me solte.

Galion, se aproximou em sua montaria vendo o rosto de ambos corados.

-Algum problema senhorita?

-Nenhum. -fez ela se desvencilhando dele e mirando o elfo.-Eu estou pronta irei com vocês.

E, com passos firmes foi até sua montaria deixando Bain com olhar endurecido.

A neve caindo e a temperatura gelada, em meio ao trajeto longo e íngreme, não permitiu desestimular em  nenhum momento Yava. Prova que a viajem dificil e com alguns contratempos, acabou por fazê-los chegar depois do previsto. Quando as torres de Valfenda se anunciaram, a felicidade preencheu o coração da garota. A recepção acolhedora de Lindir e os demais elfos, os deixou em casa. 

Dois passos, a aproximaram do elfo sábio de cabelos negros, e sua acompanhante, pele de seda, olhar brilhante e enigmático de uma estrela que venho em sua direção. Galadriel esboçou um fino sorriso amável e acolhedor.

-Bela filha das estrelas, estávamos ansiosos, por sua presença.- proferiu ela recebendo um sorriso de Yava.

-Como vai?

-Feliz por saber que você venho ao encontro dele. -murmurou ela sorrindo.

-Precisam de uma pausa. -respondeu Elrond a mirando os recém chegados com admiração.-Nada mais justo para quem sofreu o rigor dessa viajem longa.

Não era o que Yava esperava ouvir. Ela até poderia ter cansaço, mas não se importava de abrir mão de qualquer conforto para ver o rei, tanto que não conseguiu se calar.

-Desculpe, -pediu humildemente. -Eu estou bem e ficarei melhor se puder ter a oportunidade de ver Thranduil.

-Claro. -concordou Elrond.-Será levada até ele. 

E, enquanto os demais elfos aguardavam acompanhados de Elrond e outros anfitriões, Yava foi levada por uma elfa até a hospedagem do rei. Um longo corredor, se viu a frente dela. O ruído límpido das cascatas ao redor e a natureza serviu a amenizar sua ansiedade, que se esvaiu por completo dando lugar as lágrimas quando finalmente, a porta ao ser aberta, revelou o elfo soberano. Ele dormia tranquilo, no leito amplo e limpo, onde uma estátua feminina protegia sua cabeceira. O cheiro de flores e o som da natureza, em meio a plantas que adornavam o quarto, davam visão agradável, assim como os pequenos raios de Sol que entravam pelas janelas levemente abertas.

Yava com passos firmes, e devagar sentou a ponta do leito, vendo seu rosto, alvo, olhos cerrados e o tônus vigoroso, coberto pela lã macia, os cabelos pratas brilhantes espalhados sobre a cama e sua aura élfica que mesmo, nublada pela saúde debilitada seguia cheia de beleza. 

Sua primeira reação foi chorar. Expressar sua dor em meio as lágrimas se misturando também a admiração, amor, saudade, tantos sentimentos que quis evitar e que agora vinham a tona na presença daquele elfo. O elfo que amou e seguia amando apesar do passado, de toda a história que envolveu seus ancestrais e sua vida, que não podia ser apagada, mas que tomou outra prioridade pelo envolvimento de ambos. 

Quando a elfa deixou o casal a sós, Yava se sentiu mais segura e disposta a abrir o coração. O ver ali, convalescente, ainda era doloroso, mas nada a impediria de ter esperanças.

Buscando acalmar-se chegou mais perto, um de seus braços fora da coberta, dava visão aos seus dedos longos, com os anéis brilhantes e reluzentes. Não precisava daqueles adornos, seu poder era natural, seu jeito distinto belo e perfeito jamais precisariam de artifícios. Delicadamente ela pousou sua mão pequena a dele, sentindo o calor irradiando seus dedos, a sensação aquecendo sua destra, trazendo uma onda de renovação, fez em segundos desaparecer seu sofrimento e atenuar as lágrimas. Será que ele poderia ouvi-la? Ele dormia pacífico, e pelas informações da elfa, as ervas sedativas serviam para esse feito. Então, Yava coração batendo forte disse baixinho:

-Eu o amo com toda a força de minha alma, e se houvesse uma chance apenas, de ter somente mais uma vida, eu escolheria a ter com você. -um soluço alto escapou de sua garganta para novamente as lágrimas extravasarem e sentir o gosto salgado entre seus lábios.

E, ela não quis imaginar como estaria sua feição, se acaso Thranduil a visse e foi então, que subitamente, sentiu o aperto de seus dedos sobre os dela, o que a fez voltar o rosto para ele. Thranduil se mexeu no leito emitindo um suspiro baixo e a deixando surpresa. Ela queria dizer, chegar mais perto e o fez, colocando a palma de sua mão sobre seu rosto e suas pálpebras se abriram lentamente, revelando os olhos azuis, vivos e brilhantes, que se aprofundaram nos dela.



No Coração da Floresta (Thranduil Fanfic)Where stories live. Discover now