Eu pedi tempo

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Nós teletransportamos pro celeiro e antes de Lila tacar a frigideira na gente nós teletransportamos outra vez, mas assim que reaparecemos ela acerta Cinco na testa e eu começo a rir sem parar.

-Espera. Tempo, tempo. - Digo rindo e depois seco as lágrimas nos cantos dos meus olhos. - desculpa, Cinco. Mas isso foi...

Antes que eu termine de falar Lila pisa no pescoço dele e eu paro de rir e Lockheed voa no rosto dela.

-Eu pedi "tempo" tá surda? - Ajudo ele a levantar enquanto ela tenta se livrar de Lockheed, depois o mesmo volta para o meu ombro.

-É sério? você ficou rindo? - Cinco pergunta bravo.

-Da onde eu estava foi bem engraçado, amor. Desculpa. - Dou de ombros e sorrio culpada. - Olho pra Lila e invoco a minha espada com os olhos brilhando. - Vamos acabar logo com isso, maluquete.

-Não vai ser rápido. - Ela diz negando. - Vocês vão sofrer pelo o que fizeram.

Ela brilha os olhos como os meus.

-Mocinha, não fazemos ideia do que você tá falando. - Cinco diz e eu concordo.

-Ronnie e Anita Gill. - Ela diz.

-Desenvolve mais, por favor. - Falo sem paciência.

-East London, 1993. Vocês amararam eles. - Ela olha pra Cinco. - Você atirou na cabeça dele. - E depois olha pra mim. - E você a decapitou.

-Os floristas. - Falo pro Cinco.

-Eram seus pais. - Ele fala pra ela.

-Eles nunca fizeram nada com ninguém. Não mereciam morrer assim. - Ela diz com lágrimas nos olhos.

-Okay, você tá certa. - Guardo a espada e levanto as mãos em rendição. - Matamos eles. Mas também matamos muitas outras pessoas e esse é o nosso fardo. Era o nosso trabalho, eram nossas ordens. Nunca foi pessoal, Lila.

-" Nunca foi pessoal" uma ova. - Ela ri. - Eu já matei. E sempre é pessoal. Sempre.

-É por isso que você não serve pra ser assassina. - Cinco diz e ela aponta a espada pra gente, invoco a minha e bato com a dela.

-Vão mudar de opinião.

-Foram as ordens da gestora. - Digo forçando sua espada pra baixo.

-Mentira! Eu vi o documento. AJ Carmichael assinou, e vocês executaram.

-Lila, escuta o que estamos dizendo, tá. - Cinco tenta acalmá-la. - Foi a gestora quem nos deu a ordem. Ela até acompanhou a gente, coisa que nunca tinha feito. Você é da comissão, sabe que os executivos nunca vão junto, mas, naquele dia em Londres, ela foi.

-Vocês não vão me confundir. - Ela diz, mas posso ver em seus olhos que ela já não tem tanta certeza.

-Nunca soubemos o que ela queria na época, mas agora faz sentindo. - Falo e solto a espada e Lila segura a sua ao lado do seu corpo. - Ela não ligava pros seus pais. Ela tava lá por você.

-Por quê?

-Porque você é uma de nós. - Diego fala e ela levanta a espada pros outros que entraram no celeiro. - A gestora te roubou, Lila. Que nem nosso pai babaca nos pegou.

-Não é a mesma coisa. - Ela defende.

-Não é. - Falo chamando a atenção dela. - Ele não matou os nossos pais, só pagou a eles.

-Escuta, Lila. - Diego dá um passo em direção a ela. - Você nasceu no dia primeiro de outubro em 1989. No mesmo dia em que todos nós.

-Se afastem! - Ela grita pra gente e todos nos movemos rápido. - Eu confiei em você. Te dei um emprego, te apresentei pra minha mãe, e você fugiu de mim.

-Só porque eu queria salvar o mundo! - Diego grita. - Ela tá te usando, Lila. A Gestora.

-Você tá errado. Ela me criou. Ela me ama.

-Tá, quer saber? - Luther fala. - O amor não devia doer tanto assim.

-O Luther tá certo. - Eu falo. - Ela não te ama. Quer saber quem te ama? O idiota do meu irmão que não dá a mínima pra você que tá com uma espada praticamente no pescoço dele e continua do seu lado. Não precisa terminar assim, Lila. Somos uma família grande e disfuncional, mas que sempre tem espaço pra mais um.

-Eu não preciso de vocês. - Ela fala me olhando.

-É óbvio que não. - Respondo. - Mas você ama o Diego e não quer machucar ele. Então pensa no seu próximo passo.

-Lila. - Diego a chama e ela o olha. - A verdade é que ela é perigosa. E você tem medo do que ela vai fazer com todo aquele poder. Foi por isso que me carregou até a comissão. Porque eu sei muito bem como é amar gente perigosa. A diferença... - Ele olha pra gente e eu sorrio como os outros. - É que eles também me amam.

-Cala a boca.

-A única coisa que ela ama é o poder. No minuto em que não puder mais te usar, ela vai te trair, e lá no fundo, eu sei que você sabe disso.

-Você não me conhece, Diego.

Ele dá um passo à frente e a espada toca o seu pescoço.

-Ah, não? Eu sei que nós podemos ser a sua família. Se você quiser.

Lila olha pra cada um de nós e por último pra mim.

-O que nos diz, maluquete? - Falo com lágrimas nos olhos. - Já tentamos nós matar, mas pra mim você já pode ser da família. As brigas fazem parte e as danças estranhas não são negociáveis.

Todos rimos de leve, mas então os tiros começam acertando a todos nós. Grito por Cinco, mas ele está no chão ao meu lado tentando pegar minha mão, mais um pouco e eu posso alcançar.

-Diego, não! - Posso ouvir Lila ao longe. - O que o Cinco e a Zero falaram é verdade, né?

-Querida, eu preciso saber se a gente pode superar isso e ser uma família feliz de novo. Hum?

-Eles são a minha família. Você me ama?

A próxima coisa que escuto são tiros e sinto mais lágrimas escorrendo pelo meu rosto. Cinco se mexe um pouco e entrelaçamos nossos dedos.

-Ah que bom. - A gestora fala e vem até a gente, - Ainda estão vivos. Que sortudos. - Ela olha para as nossas mãos e vê o anel. - Que pena que não teve casamento, vai ver não era pra ser mesmo.

Ela aponta a arma pra cabeça do Cinco, mas antes ela é atingida por tiros e se vira em choque e dor, ela leva mais alguns tiros e cai no chão morta.

-Segundos... não décadas... - Cinco fala fraco e eu entendo.

- O magne et potens... mundum aperi et... da potestatem tuam... - Falo também fraca e começamos juntos a voltar alguns segundos no tempo enquanto corremos juntos para a entrada do celeiro.

- Eu sei que nós podemos ser a sua família. Se você quiser.

A gestora entra no celeiro, mas Cinco pega sua arma e eu coloco minha espada em seu pescoço fazendo um leve corte no mesmo.

-É verdade, não é? O que o Cinco e a Zero falaram. - Lila fala e ela não responde. - Me reponde! É verdade?

-Olha... - Mas antes da gestora fala algo os tiros começam e eu me teletransporto para o lado de Cinco com meus olhos brilhando.

Lila corre até a maleta e Luther tenta impedir, mas Diego se joga na frente do mesmo impedindo. Cinco aponta a arma para o sueco e Lockheed aparece em meu ombro grunhindo para o loiro que aponta sua arma pra gente. Cinco solta a arma no chão.

-Chega. - Cinco fala e o loiro também larga a arma no chão e vai embora.

-Eu quase a peguei. - Luther fala pra Diego. - Por que você me impediu?

-Porquê... e a amo. 

ᴢᴇʀᴏ ʜᴀs ᴛʜᴇ ᴘᴏᴡᴇʀ || ғɪᴠᴇ ʜᴀʀɢʀᴇᴇᴠᴇsOnde as histórias ganham vida. Descobre agora