104 - Três carros.

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Ela se afastou, dando uma leve corrida até a van e entrando no veículo.

Lawrence dirigia, e a piloto estava sentada no banco do passageiro ao lado dele. A mulher estava em silencio e não era nem um pouco sociável, mantendo-se a maior parte do tempo com a expressão fechada. Lawrence também não estava no melhor dos humores, provavelmente porque havia deixado de ser um distribuidor de alimentos em um local seguro para servir de motorista designado a atravessar uma cidade infestada de Cranks. Pela segunda vez.

O Sol já havia nascido, iluminando os prédios do que parecia ser uma cidade completamente diferente daquela da noite anterior. Por alguma razão, a claridade trazia segurança.

Thomas havia recebido de volta sua pistola, totalmente carregada e a colocara na cintura do jeans. Tinha consciência de que as doze balas recarregadas não fariam muito estrago se fossem alvo de uma emboscada de novo, mas essa perspectiva parecia distante no estado de relaxamento em que se encontrava. Scarllet, por outro lado, ficara sem seu lança granadas, que seria inutilizável na briga contra o CRUEL.

— Muito bem, repassem o plano. – falou Lawrence, rompendo o silencio.

— Qual era mesmo? – perguntou Thomas.

— Repasse o plano até chegarmos ao hangar se não quiser morrer antes da hora.

Caíram de novo em silencio, os únicos sons sendo o do motor e o dos solavancos sobre a estrada. O momento grave em que viviam fez Scarllet pensar em todas as coisas que poderiam dar errado nos próximos dias. Esforçou-se para bloquear tais pensamentos, concentrando-se na cidade arruinada pela qual passavam. Até então só havia visto poucas pessoas aqui e ali, a maioria a distância. Lawrence pegou uma saída dois ou três quilômetros à frente, encaminhando-se a uma rodovia plana, que conduzia a um dos portões da cidade murada.

— Vamos seguir por aqui pelo resto do caminho. O hangar é nossa instalação mais protegida, e toda a preocupação se resume em mantê-lo em pé e intacto. Daqui a uma hora estaremos no ar, felizes e em
segurança.

— É bom mesmo. – respondeu Thomas.
Andaram por quase cinco quilômetros, quando então Lawrence passou a reduzir a velocidade do veículo.

— O que está acontecendo? – murmurou ele.

Os dois adolescente do banco de trás voltaram sua atenção para a estrada à frente, a fim de ver a que Lawrence se referia, e avistou vários carros dirigindo em círculos.

— Acho que teremos de passar por eles. – disse Lawrence.

— Pode ser outra emboscada. – sugeriu Scar. – Vai acabar nos matando em uma dessa, Lawrence.

— Vai levar uma eternidade voltar e tentar um caminho diferente. Vou tentar passar por eles.

— Por favor, só não faça nada estúpido. – disse a piloto com rispidez. – Com certeza não chegaremos lá se tivermos de ir a pé.

Enquanto se aproximavam, Thomas se inclinou no banco e tentou avaliar melhor a situação. Scarllet virou-se para a sua janela, observando mais pessoas se aproximarem dos carros do lado de fora. Cerca de vinte pessoas brigavam por uma pilha de algo que não conseguiam distinguir dali, atirando pedaços de coisas, acotovelando-se e trocando socos. Aproximadamente trinta metros a frente estavam os carros – desviando, gritando e colidindo um com o outro. Era um milagre ninguém na estrada ter sido atingido.

— O que planejam fazer? – perguntou Thomas.

Lawrence acelerou.

— Você precisa parar! – gritou a piloto.

— Não. Vou em frente.

— Você quer que a gente morra?

— Se ele parar agora, as pessoas ali fora é quem vão nos matar. – avisou Scarllet.

A van desviou em alta velocidade do grupo de pessoas. Os motoristas dos carros haviam parado e três deles tinham se alinhado frente a frente com a van que se aproximava. Lawrence não reduziu a velocidade. Em vez disso, desviou, encaminhando-se para o espaço maior entre o carro da direita e o do meio. Então, num minuto o carro da esquerda avançou, virando de repente para tentar atingir a van antes que ela passasse.

— Segurem-se!

Scarllet se agarrou no assentou ao se encaminharem para o van entre carros. A van acabara de embicar no espaço entre os dois carros, quando o terceiro atingiu em cheio na lateral traseira esquerda. Thomas voou para a esquerda, batendo a cabeça contra o veículo, choque que lhe provocou uma marca horrível e imediata. Graças ao cinto de segurança, Scarllet evitou um
choque contra o próprio amigo.

Vidros se estilhaçaram em todas as direções, e a van começou a girar, a traseira parecendo um chicote em movimento. O som de pneus se arrastando e metal em atrito invadiu o ar. O ruído cessou quando, por fim, a van se chocou contra uma parede.

Scarllet arregalou os olhos ao ver Thomas, ajoelhado no chão da van. Segurou os ombros do garoto, o puxando para o banco de novo. Olhou, preocupada, para Lawrence e a piloto, ambos pareciam bem. Os três carros foram embora, o som do motor sumindo enquanto seguiam pela estrada
longa e plana pela qual haviam vindo antes.

Então, a coisa mais estranha do mundo aconteceu. Thomas e Scarllet correram os olhos para fora da janela e viram um Cranks ferido encarando-os a uns seis metros de distância. Demorou apenas um segundo para registarem quem ele era.

Newt.

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ELE VOLTOU!!!!

E VOCÊS PRECISAM SE PREPRARAR!

A Primeira - Maze RunnerWhere stories live. Discover now