Epílogo

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Antônio

Não posso dizer o que sinto neste momento, para ser honesto parece que estou sendo carregado. Sinto uma forte dor em minha cabeça e o peso que ela me transmite impede-me de controlá-la, não sei se este corpo ainda é meu.

Antes que eu possa forçar meus olhos a abrir, algo me faz apagar de novo e perco o pouco controle que pensei que tinha sobre mim mesmo. Ouço vocês, mas não as reconheço. Gostaria de saber o que de fato aconteceu, mas isso está cada vez mais impossível, pois não compreendo o que dizem.

Antes que possa me forçar a acordar novamente sinto-me tomado de mim mesmo e já não ouço nada, tudo se torna vazio.

Quando acordo novamente a dor não é tão insuportável, consigo abrir os olhos lentamente, no entanto a claridade me força a fechá-los com uma força que não pensei que possuía e logo minha cabeça volta a doer, sem eu ao menos me dar conta de que tinha parado.

Volto a abrir os olhos de forma ainda mais lenta e aos poucos me acostumo com a luz, à dor de cabeça diminui e percebo que estou em um quarto e não me recordo como cheguei aqui, contudo assim que olho para o lado esquerdo percebo o que de fato aconteceu.

— Quase foi morto por uma mulher – comenta Gabriel, eu não fazia ideia de que o veria tão cedo.

— Eu não a tinha visto – digo para defender-me.

— Isto não o justifica, acredito que o seu treinamento não indicava que poderia ter falhas e eles se foram junto com os outros – repreende-me.

Sinto-me irritado, não acredito como pude subestimá-los, Enrico parecia tão seguro de si e mal sabe que eu jamais acreditei em suas manipulações, por que sempre soube a verdade.

— Tinha algo entre eles, uma ligação esquisita. Parece que o seu garoto prodígio não cumpriu as regras – defendo-me.

Não posso simplesmente deixar que acuse minhas falhas, a culpa é dele que protegeu Enrico, mesmo quando ele merecia ser repreendido. Vejo confusão em seu olhar, mas Gabriel disfarça muito bem e sua expressão logo se tranquiliza.

— Isso não tem mais importância – garante e percebo que sempre será assim quando o culpado for Enrico.

— Qual o novo plano? – indago percebendo que mudar de assunto é a melhor opção.

— Temos uma lista infinita de cidades, todas como esta ou talvez piores e vamos conseguir muito dinheiro para libertá-las. Daqui já tiramos tudo o que podíamos – fala despreocupado.

Não consigo manter-me tão calmo, sempre acreditei que isso em algum momento poderia dar errado. Já fizemos isso em algumas cidades e o dinheiro que ganhamos é o suficiente para vivermos bem por muito tempo, entretanto vejo que os demais não pensam assim.

Temo que quando formos descobertos não teremos muitas razões para merecer sua piedade. Observo a arma acomodada na cintura do meu líder e sei exatamente o que fara e eu recusar-me.

— Vejo que estás a pensar – comenta e acaricia a arma.

Eu o encaro, pensando em como és maldito. Vejo este homem e imagino que jamais aceitou ouvir não e isso me faz detestá-lo ainda mais, no entanto creio que não é uma boa ideia testá-lo.

Respiro fundo pensando em como será o próximo plano e quanto tempo isso durará, deverei fazer com isso um dia pare, ou jamais terei paz. A única coisa que tenho certeza é que o Gabriel deve morrer de forma rápida.

— Não tem no que pensar, estou contigo – digo cedendo, não é agora que quero morrer.

Ele sorri, mostrando a satisfação por mais uma vez conseguir o que quer. Os seus lábios que estavam levemente curvados, logo formam uma linha reta e por mais que eu o reprove, sei exatamente o que estás a pensar... O show vai começar.




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Obrigado por ter chegado até aqui. Este livro é muito especial para mim, espero que tenha apreciado.

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