Vendida

Capítulo 41

Alex

Alie está ao meu lado, sinto seu corpo tenso encostar-se ao meu, procuro manter-me o mais tranquilo possível para tentar de alguma forma não deixá-la mais amedrontada ainda.

Acredito que com o seu semblante pálido não estava preparada pera ver tudo o que encontramos. Quando saímos do nosso esconderijo, do nosso lugar seguro jamais imaginei que veríamos algo tão aterrorizante, no entanto acredito que minha amada mulher esperava menos por isso do que eu.

Quando Amália nos deixou, eles se certificaram de acelerar as coisas. Já tinham alguns homens prontos para resgatar o Enrico, mas todos sabiam que ela conseguiria chegar a ele primeiro só não tínhamos certeza se sairiam de lá vivos.

Minha irmã sempre fez as coisas que quis, mesmo quando isso era pouco aceitável. O meu amor por ela nunca foi diferente ou diminutivo independente de tudo o que aconteceu, de tudo o que acreditava.

Lena, sempre foi uma mãe para nós e quando retornou misteriosamente após anos distante eu soube que havia algo errado. Não demorou muito para que eu a abordasse e me conhecendo bem logo me falou sobre a resistência. Não tardei em falar com os demais, Enrico e Carlos sempre foram atenciosos e disponíveis para ajudar.

O primeiro favor que pedi foi ao Carlos, eu já não sabia o que fazer. Perdi as contas de quanto havia chorado, o desespero me desarmou e quando minhas expectativas cessaram fui até sua casa. Eu implorei para que ele comprasse a Alie, não poderia deixar que outra pessoa o fizesse, pois eu a perderia.

Ele foi um grande amigo e cavalheiro, disse que faria isso por mim e por ela, jamais senti um alivio maior do que quando a declarei vendida a ele, no inicio seu terror e espanto eram aceitáveis e em uma adorável tarde ensolarada tivemos que lhe contar a verdade.

Falamos sobre a resistência, minha amada ouviu com atenção, por muito tempo parecia dizer que não respirava e quando disse que poderíamos ficar juntos a vi desabar. Não me recordo de tê-la visto chorar tanto como naquele momento e jurei a mim mesmo que a próxima vez que tivesse lágrimas nos olhos seriam de felicidade.

Alie virou uma participante muito importante para a resistência e devido ao seu carisma e coração, todos a amavam e isso facilitou muito o seu trabalho de espionagem. No entanto, eu não estava completo. Não havia desistido da minha irmã, por muito tempo ela foi protegida, era como a boneca de minha mãe, mas uma boneca maltratada e sua necessidade de aceitação pela família que deveria amá-la a fez cometer muitos erros.

Eu sempre soube do caso do Ricardo, não era o primeiro e eu sabia que não seria o último, ele sempre foi propicio a se envolver com qualquer mulher como se fosse solteiro, era difícil não poder fazer nada.

Se eu fosse contra devidos comportamentos, eu estaria sendo contra o governo. Eu não podia me demitir e não podia denunciar o meu cunhado, pois ele estava em uma escala mais alto do que a minha, ele era o que comandava.

Foi por esse motivo que o Enrico se envolveu. Eu sabia de seus sentimentos pela Amália e me aproveitei disso, pedi que lhe ajudasse quando precisasse, pois sabia que logo estaria no palco.

Ele fez mais do que pedi, armou para o Ricardo fazendo com que se perdesse em toda sua podridão e se manteve próximo a minha irmã, sei que ele já havia investigado tudo sobre ela e seu interesse aumentou quando chegou a acreditar que ela poderia nos ajudar na revolução.

Tanto Lena como Andrey foram colocados em sua casa de forma estratégica, em um momento eu só queria proteger a minha irmã e no outro estávamos comandando sua vida para que pudesse lutar ao nosso lado.

O Ricardo não prestava e ela precisava enxergar isso, uma vez que, enquanto o amasse não lutaria ao nosso lado. Eu ajudei o Enrico em tudo com a condição de que ele a compraria e assim o fez, logo as duas mulheres que mais amo estavam protegidas. Isso foi um alivio e me permitiu pensar mais em tudo o que deveria investigar para fazer a minha parte na resistência.