Capítulo 3

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Amália

Eu amo as flores, elas trazem beleza e esperança quando tudo parece perdido. Eu conservo o meu jardim como se fosse uma das coisas mais importantes de minha vida e sei que de fato é, senão a coisa mais importante.

Termino de tirar as folhas que atrapalham a beleza e o crescimento delas e mesmo sem desejar começo a refletir. Elas são ainda mais bonitas quando não tem nada que as puxam para baixo, pergunto-me se isso acontece com as pessoas, se nos afastarmos de quem nos faz mal ficaremos mais bonitos, mais felizes? O que acontece quando deixamos para trás alguém que apenas finge nos ajudar? Observo como agora o jardim parece perfeito e termino de limpá-lo.

Eu dispensei alguns funcionários para que eu pudesse ter o que fazer em casa, pois já estava enlouquecendo com o tempo que eu tinha para gastar e não fazia nada com ele. Sinto que tem alguém me observando, mas não me importo ele faz isso às vezes e tento ao máximo ignorar até que finalmente esteja pronto e pela primeira vez em alguns anos vejo-o aproximar-se de mim.

Ele respira fundo e senta-se ao meu lado como se tivesse algo muito importante para falar e no fundo sei que tem, no entanto para minha surpresa antes que as palavras saiam de sua boca deparo-me com lágrimas que inundam seus olhos.

Não digo nada de imediato, seguro sua mão e permito que chore o tanto que precisar, pois sei como essas lágrimas o machucam e como é doloroso o momento em que está vivendo.

Quanto se sente mais calmo ele me encara e a tristeza em seus olhos parece quebrar o meu coração, sinto-o como o homem mais importante de minha vida e não quero vê-lo assim jamais.

— Eu não sei se vou conseguir Amália - diz e volta a chorar, acaricio suas costas.

— Tu consegues Alex, eu confio em ti e sei que é o homem mais forte que já conheci – prometo encarando os seus olhos lacrimejados.

— Tu não entendes, ela é tudo o que já sonhei e eu não posso ao menos fazer uma oferta – choraminga com raiva.

— Isso não és tua culpa irmão – murmuro ainda o acariciando.

— Sei que não é, mas não quero vê-la sofrer – confessa controlando as próprias lágrimas.

— Irmão, sei que está sendo sincero em tudo que diz, mas não podemos negar que essa escolha foi dela. Tu querias um casamento e nunca a vimos se esforçar por este sonho. Não deixe sua fraqueza exposta e faça o seu trabalho sendo indiferente, sabe que se tentar salvá-la pode acabar morto – exclamo ansiosa.

Seus olhos encontram os meus, vejo-o mais calmo, contudo a infelicidade parece controlar seus pensamentos e possuir os seus olhos.

— Amália, confio no que diz e acredito que esta certo, mas isso dói tanto – confessa e eu o abraço forte.

— Eu sei e garanto-lhe que tudo o que queria era conseguir levar essa dor para longe de ti, mas eu não tenho como fazer isso somente tu poderá controlá-la e decidir se vai aceitá-la em seu coração ou se ela será expulsa – digo ainda abraçada a ele que começa a soluçar em meus braços.

Mesmo sem sua aprovação em meu casamento nunca deixei de amá-lo e sei que ele jamais me esqueceu. Nossas almas sempre se procuram não importa o quão longe nós estamos, no fim sempre estamos juntos.

— Por Deus, eu só queria que isso acabasse. O meu trabalho é o pior que alguém poderia ter e não posso ao menos afastar-me dele. Acho um absurdo o que fazem – vocifera afastando-se.

— Pare de dizer bobagens, se não houvesse essa lei como poderiam garantir que as mulheres cuidariam de seus maridos? Ela errou e todo erro tem consequência – afirmo e levanto-me.

VendidaWhere stories live. Discover now