Capítulo 35

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Enrico

O teto provavelmente cansou de ver o meu rosto, ficar neste quarto deitando sem ter nada de interessante para fazer poderia ser tortuoso, no entanto como sei o que vai acontecer logo com todos esses caras fico mais tranquilo.

Estou em uma espécie de prisão, mas como faço parte do grupo responsável do Estado e sou um dos integrantes mais importantes, ao invés de me prenderem colocaram-me em um dos quartos que ficam no prédio que trabalhamos.

Sinto-me um perdedor de tempo, enquanto acomodo-me neste ambiente deixo de realizar muitas coisas importantes, contudo isso já estava previsto. Eu sabia que quando a Amália perdesse o controle eles iriam atrás de nós e eu como um bom marido não poderia deixar que a capturassem.

Amália... Seu nome volta para minha mente, assim como sua imagem. Eu sempre me senti atraído por ela, mas em nosso grupo de resistência esse tipo de relacionamento é proibido, podendo causar expulsão e abandono.

Consegui cumprir isso muito bem com as outras mulheres, jamais as toquei, entretanto com a minha recente esposa isso foi completamente diferente. A única mulher que já me permitir envolver faz parte da resistência, contudo ela esta do outro lado, então não tem problema na visão dos nossos lideres, pois não estamos próximos o suficiente para causar distração.

E eu falhei miseravelmente por não conseguir me controlar perto da mulher que desejo. Desde quando a vi espiando o próprio marido com outra mulher, eu soube que ela seria minha perdição, fazia muito tempo em que não nos víamos o reencontro só serviu para mostrar-me que nunca a esqueci.

Jamais me esqueci da maneira em que me encarava, seus olhos assustados me mostraram que eu sempre iria querer estar ao seu lado. Depois disso aconteceram tantas coisas, mas Amália não abandonou meus pensamentos em nenhum momento.

Sempre que a beijava uma parte de mim se entregava a ela e eu sempre soube que no fim eu seria completamente desta mulher. Porém, sei que jamais me perdoará. Acredito que não lhe contaram nada, somente o suficiente para fazê-la continuar lutando, mas toda essa podridão será contada por mim, pelo menos estou contando com isso.

Levanto-me e uso o saco de areia que tem em meu quarto começo a fazer alguns golpes e o acerto cada vez mais forte, preciso tirar esses pensamentos de mim, pois não me sinto forte o suficiente para fazer o que preciso quando estou pensando nela.

Sinto o suor começar a escorrer pelas minhas costas, minha respiração está ofegante o suficiente para me fazer repensar, pois acredito que preciso intensificar os exercícios. Antes que eu volte a fazer os golpes, a porta é aberta e Antônio entra em meu quarto sem parecer muito feliz.

Incomodo-me por ele não ter batido antes, mas reconheço que em minha posição estou sendo muito bem tratado.

— Alguma novidade? – indago, indo em direção ao freezer a fim de pegar uma garrafa de água.

Começo a beber antes que ele inicie a conversa, minha sede aumenta conforme o nervosismo invade-me.

Seu olhar em minha direção indica que fiz o meu trabalho melhor do que havia pensado, eles ainda não possuem nenhuma pista e se tudo acontecer como planejei jamais a encontraram.

— Nada, parece que ela evaporou – comenta desanimado.

Mudo minha expressão facial. Franzo o cenho e meu lábio forma uma linha reta, movo a cabeça de um lado para o outro, mostrando minha indignação. Sento-me junto a ele na mesa que fica no canto do quarto não escondo minha repulsa.

— Não é possível, tem certeza que verificou bem a mata? Não entendo Antônio... A não ser que... Espera isso não seria possível – digo incentivando-o a perguntar.

VendidaWhere stories live. Discover now