Capítulo 32

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Amália

Uma freada brusca me faz voltar a prestar atenção na estrada, levanto os olhos e deparo-me com o meu marido saindo do carro, ele parece furioso imagino que já saiba o que aconteceu no teatro. Eu o encaro por algum tempo, no entanto não espero que ele venha até mim, desço do carro apressada e vou a sua direção.

Quando encontro-me finalmente em sua frente sou surpreendida por um beijo. Seus lábios tocam os meus de forma desesperada, ele me abraça forte enquanto desfruta de tudo o que sou capaz de oferecer no momento. Sinto uma ansiedade que desconheço enquanto minha necessidade por ele aumenta.

Antes que eu possa procurar aprofundar o beijo, sinto-o afastar-se. Sua testa encosta-se a minha e ficamos assim até que nossas respirações normalizem, estamos de mãos dadas em frente ao nosso corpo e as apertamos ainda mais conforme o tempo passa.

— Por acaso, tu sabes o que fez? – indaga afastando-se se mim, contudo não liberta minhas mãos.

— Eu imagino e já antecipo minhas desculpas, jamais quis colocá-lo em apuros – murmuro e ele sorri.

— Estás preocupada comigo? – questiona e sorri.

— E eu não deveria? – pergunto, o sorriso que me mostra se estende, mostrando-me que estou completamente perdida em meus sentimentos.

— Querida, neste momento temos que nos preocupar com tu, o que fez foi muito arriscado – exclama preocupado.

— Sei disso, imagino a gravidade, mas Enrico eu não poderia simplesmente ficar quieta enquanto sei que o que fazem é errado – explico e vejo mais uma vez seus lábios se moverem mostrando que talvez ele esteja orgulhoso.

— Conheço-a bem o suficiente para saber que não poderia se ausentar disto, entretanto poderia ter conversado comigo antes – fala paciente.

Estranho o fato de vê-lo tão calmo, pensei que ele estaria irritado por conta da forma que desceu do carro, tudo indicava que eu iria levar uma bronca e agora não sei o que pensar referente a ele.

— E por acaso me deixarias ir? Ou me impediria? Poderia em algum momento acusar-me de estar apenas querendo chamar a atenção de meu ex-marido? Eu não sabia como falar sobre isto contigo – exclamo e afasto-me enquanto o encaro.

Enrico me observa como se me analisa-se, sinto que tem algo eu deseja falar, mas o seu controle o impede deliberar suas palavras. Tenho muitas indagações dentro de mim sobre ele e sinto que nesta confusão ambos vamos perder.

Caminho um pouco até o outro lado da rua observo a vegetação procurando por qualquer distração para que consiga fugir desta conversa que tornou-se tão desagradável. Percebo que Hugo ainda não desceu do carro e quando o encaro percebo que não mantém sua atenção em nós, sinto que a algo que reprova, contudo nada identifico.

Sinto seus braços envolta de mim, percebo que me abraça forte, gosto dessa sensação, amo estar próxima a ele, no entanto algo me diz que algo ruim esta se aproximando de nós.

— Nunca tenha dúvidas sobre mim Amália, jamais faria qualquer coisa que não fosse para o teu bem – murmura, ele para de falar e respira fundo, viro-me e o encaro esperando por mais. — Já lhe disse tantas vezes, eu a amo e nunca serei como o Ricardo, tu precisas confiar em mim, por favor – implora.

Antes que possa responder mantenho os meus olhos nos seus, tentando descobrir a verdade que sei que estará lá.

— Como poderei confiar em ti? Desconfio de qualquer pessoa que julga saber muito sobre mim, nem eu posso afirmar certas coisas como achas que me conheces bem? – investigo.

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