Trenta

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Paro o carro na garagem de casa e saio caminhando pro elevador, Ronald me ligou dizendo que foi no hospital com Karin, até aí ele não ia me dizer, mas parece que ela ficou estranha e então se trancou dentro do quarto e não saiu mais segundo as fun...

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Paro o carro na garagem de casa e saio caminhando pro elevador, Ronald me ligou dizendo que foi no hospital com Karin, até aí ele não ia me dizer, mas parece que ela ficou estranha e então se trancou dentro do quarto e não saiu mais segundo as funcionárias e cozinheira da casa.

Caminho pelo corredor e tento abrir a porta do quarto não tendo sucesso.

- Karin? - chamo - Karin amor, você está aí?

Nenhuma resposta, tento abrir novamente e não consigo, me afasto e tomo impulso batendo na porta para arrombar, não consigo e tento novamente tendo sucesso dessa vez, mas há algo impedindo que a porta abra totalmente.

Dou um chute e se afasta um pouco, empurro e consigo uma brecha, entro no quarto e vejo as luzes apagadas, vejo o closet aberto mas o banheiro fechado, toco a maçaneta girando e percebendo a porta fechada, dou um chute e ela se abre.

Vejo Karin dentro da banheira e parece desmaiada, corro até ela e top seu rosto, vejo uma espuma branca saindo da sua boca e me desespero.

- Acorda por favor - balanço ela tentando fazer ela acordar, olho pro lado e vejo um frasco de remédio, pego vendo ele vazio e olho vendo mais dois - O que você fez amor?

Seguro ela novamente e abro sua boca enfiando um dedo em sua garganta e fazendo ela vomitar.

Faço isso até perceber que não tem nada em seu estômago, pego ela no colo e desço as escadas correndo.

- Dirige até a porta do hospital como se sua vida estivesse dependendo disso, e ela está - falo a Ronald, entro na parte de trás e seguro ela vendo ele entrar e dar partida acelerando em direção ao hospital.

- O que você fez amor? - questiono apertando ela.

Ao chegarmos no hospital saio com ela no colo e a coloco em uma maca, o médico leva ela para uma sala e me sento colocando as mãos na cabeça.

Me pergunto o que levou ela a fazer isso, eu realmente não sei, não tenho tratado ela mal na frente de ninguém, depois daquela conversa com minha filha decidi que ia parar com isso e só proteger ela, e foi o que fiz por esse tempo.

- Senhor Santinni - ouço um enfermeiro dizer e me coloco de pé - Nós faremos uma lavagem estomacal, mas não temos certeza se conseguiremos salvar o bebê.

- Bebê? - questiono e ele assente.

- Voltarei com mais notícias após terminar tudo - diz e se retira.

- Rocco, que bom vê-lo - a médica de Karin aparece não me dando tempo de processar o que o enfermeiro disse - Onde está Karin? Ela saiu correndo do consultório após a notícia.

- Que notícia? - questiono chegando perto dela.

- A notícia que eu dei a ela hoje, ela não contou? - questiona engolindo em seco.

- O que você disse a ela? - questiono segurando em seus braços e vendo ela assustada.

- Que... Que ela está grávida, ela disse que ficou doente e tomou antibiótico, isso corta o efeito - diz nervosa - Por favor senhor, me solte.

- Grávida - falo me afastando - Ela está grávida.

- É de pouco tempo - diz e a olho.

Soco a parede entendendo tudo, vejo algumas pessoas me olhando e estou pouco me fodendo.

Minha esposa está grávida e tentou se matar... De alguma forma sinto que é minha culpa.

Chuto a lixeira fazendo ela se espatifar na outra parede, vejo a médica se afastar e sair do meu campo de vista.

Tento me acalmar enquanto não tiver uma resposta do médico, ligo para minha filha que logo chega.

Conto a ela e me sinto culpado por tudo que fiz, eu deveria imaginar que uma dia isso aconteceria.

Olha tudo que fiz durante nosso casamento, fiz ela se sentir diminuída, falei tantas coisa e ela se sentiu culpada, eu a conheço o suficiente para saber que foi exatamente por isso que ela tentou morrer.

O médico aparece e me coloco de pé junto da minha filha.

- Bom, a paciente está bem, nos fizemos uma lavagem e qualquer resquício de remédio foi limpo, está estável e sem riscos - diz e suspiro aliviado - Quase houve a perda do bebê, felizmente conseguimos reverter a tempo, mas a partir de agora é indicado que a gravidez seja acompanhada de perto e é considerada de riscos, sugiro que não deixem a gestante sozinha por muito tempo, sabemos que a gestação é um período onde ela fica mais sensível, todo cuidado é pouco a partir de agora.

- Eu posso vê-la doutor? - questiono, só vou acreditar quando a ver pessoalmente.

- Sim, mas não é indicado que fique por muito tempo - diz e caminho atrás dele até o quarto onde Karin está - Ela está dormindo, apesar da lavagem o corpo pede descanso após um acontecimento desse.

Assinto e entro no quarto, vejo ela deitada na maca e um acesso em seu braço levando soro para sua veia, ando até ela e toco seu rosto.

Me abaixo e tento ouvir seu coração, sinto ele bem baixinho e suspiro aliviado sentindo meus olhos cheios de lágrimas.

- Você vai ficar bem meu amor, juro que vai - falo tocando seu rosto.

Olho para sua barriga e penso em tocar, mas retiro minha mão sem coragem de o fazer.

Algo que vem do nosso psicológico não se vai assim só por conta de um acontecimento traumático, me sinto culpado por ela ter feito isso em decorrência ao que fiz mas ainda há um bloqueio em mim e agora culpa também.

- Quanto tempo ela vai ficar aqui? - questiono ao médico.

- É indicado que pelo menos dois dias para observarmos o quadro de saúde dela e do bebê, pois apesar de ter dado certo, amanhã por acontecer uma fatalidade - diz e assinto.

Caminho até a sala de espera e vejo minha filha, digo a ela que Karin está estável, ela me diz para que se eu não quiser mudar, deveria ao menos deixar Karin em paz e cuidar de tudo que ela precisa.

Ela está certa, eu deveria fazer isso, mas preciso cuidar dela e do bebê, isso tudo é culpa minha.

Após ela ir embora digo a Ronald que pegue algumas coisas nossas em casa e traga para o hospital, não sairei daqui sem ela.

Volto pro quarto e fico sentado ao seu lado segurando sua mão, não ligando para nada e ninguém, encosto minha cabeça em sua barriga e choro me sentindo culpado.

- Eu vou cuidar de você meu amor - falo beijando sua mão, olho para sua barriga e levo a mão devagar até ela a sentindo plana, engulo em seco contendo a vontade de retirar - Cuidarei de vocês.

Beijo a testa dela e fecho os olhos implorando que ela fique bem, ela e o bebê.


Rocco - Entre Dever e Poder - Série Santinni's Livro IIOnde as histórias ganham vida. Descobre agora