Quindici

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Sinto minha cabeça doer e abro os olhos com dificuldade, tento me lembrar de algo e as últimas coisas que vem em minha cabeça são de quando estava na biblioteca com

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Sinto minha cabeça doer e abro os olhos com dificuldade, tento me lembrar de algo e as últimas coisas que vem em minha cabeça são de quando estava na biblioteca com... Aí meu Deus.

Me coloco sentada e ainda meio tonta, tento abrir meus olhos direito só que eles ainda parecem pesados.

Toco meu corpo e vejo que estou com uma roupa diferente da que estava e sinto mais olhos arderem pela vontade de chorar.

- Vejo que acordou - Rocco diz me assustando, vejo seu olhar sério e olho para ele ainda querendo chorar.

Ele chega perto de mim e toca meu rosto me fazendo olhar ele nos olhos.

- Por que você é assim Karin? - questiona irritado - Por que confia em todo mundo.

Comprimo meus lábios e abraço meu corpo, só espero que nada tenha acontecido, não aguentaria saber.

- Você tem noção de que poderia ter acontecido o pior se eu não tivesse ido atrás de você a tempo? - questiona aumentando o tom de voz - Tem noção de que confiar facilmente nas pessoas quase faz você ser violada!?

- Eu... Eu - fungo sem saber o que falar.

- Por que não pode simplesmente ser mais esperta? Ou desconfiar mais das pessoas? - pergunta - Você deveria ser mais atenta, saber se defender quando não estiver por perto, mas como... A Amélia.

Sinto meu lábio tremer e meu coração ficar muchinho no peito quando ouço o que diz.

Vejo os lábios deles continuar a se mexerem mas não escuto nada.

Violetta ou Amélia era uma pessoa maravilhosa, gostava de ajudar, era carinhosa como uma verdade mãe para mim.

Era forte, independente, dava medo em qualquer pessoa, se protegia e protegia a quem amava, mas eu? Eu só só alguém que com um único grito já se encolhe.

Odeio decepcionar as pessoas e fazê-las se machucar com algo que disse ou fiz, eu nunca serei como ela, nunca.

Talvez por isso Rocco não me ame, não sou o tipo que desperta interesse nele, sou o oposto disso.

Talvez aquela mulher tivesse razão, sou apenas uma criança comprada com ele, uma criança frágil e indefesa em relação a tudo.

Vejo ele caminhar até a janela e olhar a ainda escuta madrugada por ela, me deito novamente na cama e encolho em um choro silencioso.

Aperto o travesseiro e choro, ouço os passos dele atrás de mim.

- Não precisa chorar, não aconteceu nada com você - diz tocando minhas costas e me afasto.

Respiro fundo e engulo todas as palavras que sinto vontade de dizer, não as libero pois sei que se o fizer ele ficará magoado e não me sinto bem deixando alguém triste com isso, de maneira nenhuma.

- Quero ficar sozinha - tomo coragem de dizer e me sento, lágrimas caem dos meus olhos e não faço questão de limpar, abraço meus joelhos e deixo a cabeça entre eles - Quero ficar sozinha.

- Vou ficar aqui com você, não posso deixa-la sozinha - diz me tocando e me afasto.

- Por que eu sou idiota demais pra ficar sozinha não é? Sou boba e por isso tem medo que eu fique sozinha e alguém faça mal? - falo.

- Claro que não Karin - diz, me afasto e saio da cama me sentindo um pouco tonta - Se sente ainda está em efeito da droga.

- Eu vou para outro lugar, quero ficar sozinha - murmuro chorando e caminho devagar, como estou tonta vou só até a varanda e me deito no sofá que há ali.

Começo a chorar e me encolho sentindo o frio da noite, soluço me sentindo culpada, não deveria confiar nas pessoas realmente, mas o que posso fazer? Não sei ser de outra forma.

Eu nunca serei Amélia e isso é fato.

Sinto braços a minha volta e abro os olhos sentindo a claridade, percebo que estou em minha cama e Rocco me aperta forte como se tivesse medo que eu fugisse.

Tento empurrar as mãos dele que se apertam mais em minha volta, sinto uma pontada na cabeça não sei se pelo choro de ontem ou pela droga que me deram.

Depois d sim tempo me afasto dele que resmunga, fico de pé e devagar caminho para o banheiro, tomo um remédio para dor, faço xixi, tiro minha roupa para tomar banho e escovo os dentes.

Abro a porta do banheiro e vejo que Rocco não está mais na cama, respiro fundo e caminho para o closet, vejo ele na parte das minhas roupas.

- Bom dia - diz caminhando até mim - Está se sentindo bem?

Olho para ele e engulo em seco assentindo, ele beija minha testa e deixa a roupa sobre o móvel.

- Vou preparar nosso café - diz saindo do closet.

Olho para a roupa que ele deixou separada e caminho até as araras procurando outra, pego um vestido verde claro e visto.

Penteio meu cabelo e saio do quarto, caminho devagar para a cozinha e vejo Rocco terminando um café.

- Deveria ter ficado no quarto - diz e vira, ele franze o cenho me olhando - Não está com a roupa que escolhi.

Olho para minhas mãos e ignoro ele com tudo de mim, ouço um barulho e vejo ele deixando as coisas do café na pia.

- Por quê está assim? - questiona tocando meu rosto, começo a sentir vontade de chorar por lembrar do que ele disse ontem.

- Se nunca vou ser o suficiente para você porquê não separamos? - pergunto cansada de tudo.

- Separar? - questiona como se fosse uma idéia maluca.

- Eu estou cansada de tudo e isso está me deixando doente - falo chorando - Se não quer um filho, não gosta do jeito que sou porque não separa?

- Eu gosto do jeito que é - diz segurando meu rosto e beijando minha testa - Na verdade eu amo, eu te amo Karin.

Começo a chorar, por um ano esperei ouvir isso, mas parece tão mentira agora.

- Eu não sou ela, seria impossível me amar - falo chorando - Sou o completo oposto dela Rocco, nunca vou ser o que quer.

- Eu não quero que seja ela Karin, eu aprendi a amar você assim, sendo você - diz segurando meu rosto - Quero que seja você mesma.

- Tem certeza? - questiono e ele assente - Não foi o que pareceu já que disse ontem que eu deveria ser como ela.

- Merda, eu estava com ciúmes, não disse por querer - fala desesperado segurando meu rosto - Me perdoe, não foi por querer.

- Sendo ou não me machucou da mesma forma - choro e afasto ele - Estou sem fome.

- Karin por favor - diz e saio da cozinha correndo até a biblioteca.

Limpo as lágrimas e soluço me sentando entre as prateleiras de livros.

Tudo que eu queria era uma família completa e que me amasse, mas não foi isso que recebi.

Não poderei ter os filhos que queria e meu marido ama outra pessoa.

Rocco - Entre Dever e Poder - Série Santinni's Livro IIOnde as histórias ganham vida. Descobre agora