Due

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Ouço uma batida na porta e fecho o notebook ficando de pé e colocando o véu na cabeça, caminho até ela e abro vendo a madre parada de frente a ela

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Ouço uma batida na porta e fecho o notebook ficando de pé e colocando o véu na cabeça, caminho até ela e abro vendo a madre parada de frente a ela.

- Bom dia madre - falo com um sorriso mas ela se mantém séria.

- Há uma visita para você, se arrume e venha comigo - diz mais séria ainda.

Pego um casaco por conta do frio e visto, calço meus sapatos e sigo atrás dela após fechar a porta do meu quarto.

Caminho pelo corredor do local onde passei minha vida toda, acho que não lembro outro lugar que estive antes daqui.

Vejo que estamos indo em direção a sala dela e me pergunto se diz algo que possa ser considerado errado.

Será que ela descobriu sobre os romances? Ler livros não é errado, mas escrevê-los será que é?

Entramos na sala e vejo duas pessoas presentes nela, a madre caminha até sua mesa e senta em sua cadeira indicando o local ao seu lado para que eu fique de pé.

Suspiro e caminho parando ao lado dela, deixo meus braços a frente do meu corpo e olho para as duas pessoas.

Um homem e uma mulher.

Ambos me olham com curiosidade, o homem é um senhor de idade, daria para ser meu avô, já a mulher é um pouco mais nova.

- Então essa é Karin? - ela questiona me olhando de cima a baixo com um olhar de desdém - Ela é praticamente uma criança.

- Karin já tem vinte anos - a madre diz.

- E temos que levar em conta que foi escolha de Amélia antes de morrer - o homem fala também me encarando.

Franzo o cenho não gostando do rumo da conversa, aperto minhas mãos e permaneço quieta.

- Porquê ela escolheria uma criança para casar com Rocco? Tantas mulheres que são a altura dele - diz e meu coração acelera quando ouço a palavra casar.

- A lei é clara, se ele ficou viúvo é necessário que se case novamente com uma garota que ainda seja virgem, mas é necessário também que seja maior de dezoito anos - o homem diz e engulo em seco - Além de tudo é melhor que seja nova pois tem amis garantia de dar um filho para ele.

- Eu só tenho trinta anos e ainda posso engravidar por exemplo, poderia dar quantos filhos ele quisesse - ela diz e me olha - Essa garota não tem os requisitos para isso, ao menos sabe se ela é apta para ter filhos?

- A senhora Amélia pagou todos os exames e fez tudo que era necessário - a madre diz - Ela era uma mulher que pensava em tudo, acredito eu que o que você fizer de pergunta, será respondida.

A mulher bufa e revira os olhos encostando o corpo já cadeira e me olhando de cima a baixo com uma cara de nojo.

- Vamos começar os preparativos, Yolanda vai levar ela para comprar um guarda roupa novo, como a nova esposa de Rocco ela precisa estar vestida a altura - o homem diz - Nós deixaremos a senhora a sós com ela para que tire as dúvidas de sua cabeça, depois disso ela ficará em nossas mãos.

Engulo em seco sentindo meu corpo gelar, os visitantes levantam e saem da sala, a madre indica a cadeira a sua frente e me sento olhando para ela.

- Como escutou eu acho que entendeu mais ou menos o que vai acontecer nada é? - questiona e assinto - Assim como as outras meninas você sabe que seu destino é sair daqui ou casada ou convertida em freira, para você o destino escolheu o casamento, eu achei que não aconteceria isso por vários fatores, mas aconteceu e estava a dois anos esperando o momento em que chegariam aqui para levar você para seu futuro marido, nós sempre mostramos a vocês o que fazer e não fazer, como ser uma boa esposa, eu sei que você será a melhor levando em conta quem será seu marido, sua calma e tranquilidade contribuirão para isso dar certo.

- O que a senhora quer dizer com isso? - questiono.

- Caso não saiba seu futuro marido é Rocco Santinni, nosso líder, o pai da famiglia - diz e os ossos do meu corpo gelam, as coisas que já ouvi sobre esse homem são um pouco assustadoras, mas eu nunca o vi - Você foi escolhida para ser a esposa dele.

Engulo em seco sentindo meu coração querendo sair para fora, aperto minhas mãos e vejo o olhar da madre em mim.

- Sei que não preciso dizer o que fazer e não fazer com seu marido e sua casa, nós te demos uma boa educação e a senhora Amélia também fez tudo que achava necessário - diz.

- Quem é essa Amélia que vocês tanto falaram? - questiono.

- Para você ela era Violetta, mas para os outros Amélia a esposa de Rocco Santinni - diz e arregalo os olhos - Ela quis participar diretamente da criação da provável futura esposa do seu marido, ela a escolheu desde seus catorze anos.

Tento assimilar tudo e a madre me olha esperando que eu possa digerir a notícia, ela segura minha mão e aperta em um gesto de conforto.

- Eu nunca achei isso certo já que não poderia dar um destino certo a você, mas não somos nós quem ditamos a regra, ela morreu dois anos atrás como você sabe - engulo em seco, ela era uma boa mulher, eu nunca entendi a fixação que ela tinha sobre mim, mas agora estou entendendo tudo - Então o lugar de esposa passou para você como era o desejo dela e agora você vai precisar se casar com ele para dar continuidade ao nosso futuro.

Eu sempre soube que uma dia isso iria chegar, se não chegasse eu me tornaria uma freira, queria dizer que eu queria outra coisa, mas quando se tem somente aquilo é no que se começa a acreditar.

Apesar de ser criada aqui sabendo que é justamente para isso, eu sempre tive vontade de casar, ter filhos e uma família linda, sei que a maioria dos casamentos não são por amor e sim por conveniência.

Alguns casos dão certo e o casal se apaixona, outros só um lado, outros não dão certo, mas continuam pela lei.

Talvez eu consiga gostar do meu futuro marido, ou talvez eu só viva para cumprir as vontades de todos.

- O casamento vai ocorrer daqui uma semana, mas você precisa ir hoje com os dois lá fora, eles vão levar você para o salão e para comprar roupas novas pois será esposa do líder - diz calma - Você sabe exatamente o que fazer, essa é a última vez que estamos nos vendo Karin.

- Por que? - questiono.

- Você agora terá outra vida - diz sorrindo o que é bem raro - Faça tudo que eu e Amélia ou Violetta ensinamos a você, sei que não preciso dar recomendações pois você passou a vida ouvindo elas, mas peço que seja paciente com seu marido e ouça o que ele falar.

Respiro fundo e assinto, ela comprime os lábios quando a porta é aberta e os dois entram.

- Vamos logo garota - a mulher diz com irritação na voz.

- Tchau querida Karin - a madre diz, faço menção de abraçar ela que se afasta um pouco.

Aqui é assim, não se pode demonstrar muito amor com os outros, mas se casarmos precisamos ser amorosas com os maridos e filhos, algo meio hipócrita

- Tchau madre - falo, ela estica a mão e beijo sorrindo e sentindo ela apertar de leve.

- Vamos - a mulher diz de novo e me afasto.

- As minhas coisas - falo.

- Serão doadas para quem precisa - o senhor responde simpático - Não vai precisar de nada, e as coisas mais pessoais como fotos ou coisas do tipo a madre vai separar e mandar depois.

Respiro aliviada e assinto, eu poderia gritar e dizer que não quero tudo isso, mas eu não sou assim e sei que não ia adiantar de nada, talvez eu só trouxesse a ira do meu futuro marido para mim.

Cheirinho de ranço 😌

Rocco - Entre Dever e Poder - Série Santinni's Livro IIOnde as histórias ganham vida. Descobre agora