Venti quattro

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Ouço as mulheres conversando animadas sobre o casamento de umas das esposas dos membros do conselho, suspiro cansada de ouvir sempre as mesmas coisas vindo delas

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Ouço as mulheres conversando animadas sobre o casamento de umas das esposas dos membros do conselho, suspiro cansada de ouvir sempre as mesmas coisas vindo delas.

Algumas delas se salvam e são realmente legais, mas as outras são fúteis e se acham muito.

- Então Karin - uma delas diz com a voz enjoativa, olho para ele tento sorrir - Quantos anos de casamento tem mesmo?

- Seis - suspiro sabendo a pergunta que virá, é sempre a mesma coisa e pergunta.

- Uau, seis anos - diz e me olha de cima a abaixo - E quantos anos tem mesmo?

- Vinte e seis - digo e ela assente.

- E você não terá o herdeiro para nosso líder? - questiona e fecho os olhos suspirando - Já era para ter dado a muito tempo, sabem o que dizem das mulheres que não podem ter filhos.

- Oh faça-me o favor senhora, cuida da sua vida - ouço alguém dizer e me viro vendo Angel parada atrás de mim - Ninguém aqui tá se incomodando com sua cara assustando a todos os presentes, acho que não deveria se incomodar com a vida dos outros.

- Sua insolente - diz - Bem se vê que Amélia não te deu educação adequada.

- Na verdade ela deu sim, mas para que eu gastasse com as pessoas certas - diz e pega uma taça da mesa virando na mulher - Vem Karin, estou com sede.

Acompanho ela que começa a rir, paramos em um sofá e me sento com ela.

- Meu Deus Angel, coitada da mulher - falo e ela pisca para mim.

- Ela mereceu - diz - Alem de quê, esse assunto já me cansou, coisa chata sempre batendo na mesma tecla, não sei como tem paciência.

- Não é como se seu pudesse fazer algo também - suspiro.

- Não sei qual essa tara de ter filhos cedo, tudo bem que casou a anos, mas acho que não deveria ser uma obrigação assim ter filhos, só quando o casal quisesse e pudesse - diz.

Concordo com ela, mas mal sabe que por mim eu já teria um filho, não só pela sociedade e meio onde vivemos, mas sim por mim.

Só que isso é algo que tento não pensar e de certa forma meu coração já não sente mais tanta vontade como antes, pois de qualquer forma sei que não será possível.

- Ei - diz e a olho - Ficou estranha e distante.

- Só fiquei pensativa - falo.

- Essa é a despedida de solteira mais pobre que já fui - Angel diz - Cadê os homens nus, os pênis de borracha pendurados no teto?

- Acho que não gostam desse tipo de coisa aqui - falo e ela ri.

- Espere só - diz e digita algo no celular - Logo vai chegar os dançarinos.

- Angel você está maluca? - questiono e ela pisca para mim.

- Talvez, vamos embora antes que sobre para nós duas - diz e segura minha mão me puxando para fora da casa.

Entramos no seu carro e ela começa a dirigir enquanto canta uma música.

- Que tal irmos em uma boate? - questiona.

- Ah não, eu não avisei ao Rocco que ia sair da festa, talvez deva ir direto para casa - falo.

- Não faz tudo que meu pai diz Karin, é dona da própria vida - diz - Seja livre e mostre a ele que sabe se virar sozinha.

- Igual a sua mãe? - questiono e ela me olha.

- Igual a qualquer pessoa Karin, não necessariamente a minha mãe, ela era mais maluca que livre - fala - O que quero dizer é que você fica presa nas vontades do meu pai e não faz as coisas que quer e gosta, não sei porquê ele é idiota assim com você, mas questionar e dar uns gritos não faz mal a ninguém.

- Eu não teria coragem - falo suspirando.

- Ele não vai te machucar, e se o fizer não se preocupe, pode me dizer - diz piscando para mim - Vou ligar para ele.

- Bambina aconteceu algo? - questiona preocupado.

- Não aconteceu papà, só quero te avisar sobre algo - diz.

- O que? - questiona parecendo ofegante.

- Onde o senhor está? - questiona me olhando, engulo em seco temendo por sua resposta, ouço um barulho e resmungo feminino, Angel aperta as mãos e me olha.

- Resolvendo algo Bambina, me diz o que quer - pede.

- Estou adorando isso - uma mulher diz animada e meu sangue gela.

Fecho os olhos e ouço a ligação cair quando Angel aperta o botão, levo a mão aos lábios e mordo eles para não chorar.

- Ele não seria capaz disso - diz e toca meu ombro - Sei que não Karin.

- Eu não sei - falo triste.

- Ele está ligando de novo, me deixe falar - diz - Pai onde você está?

- Estou no galpão Bambina, matando uma pessoa, o que queria? É urgente? - questiona e engulo em seco sem saber se acredito ou não - Se for eu paro aqui e vou até onde estiver.

- Queria te falar algo pessoalmente - diz e me olha, ela toca no celular e a chamada é encaminhada para vídeo - Uou, você está todo sujo de sangue.

- Falei que estava matando alguém Bambina - diz - O que queria dizer?

- Nada, esqueci - diz - Tchauzinho papà.

Ela desliga a chamada e o celular e me olha.

- Viu, ele seria incapaz disso - fala.

- Por um momento eu só achei que... - paro de falar e suspiro me sentindo mal por pensar algo assim do meu marido que se manteve fiel durante os anos que estamos juntos.

- Não julgo, se fosse comigo eu também acharia - diz rindo - Não vamos a uma boate mas podemos ir para casa, lá tomamos todos os uísques do meu pai.

- Não acho uma boa idéia Angel - falo e ela ri aumentando a velocidade do carro e seguindo para casa.

- Minhas ideias sempre são boas idéias - diz rindo.

Ao chegarmos em casa descemos do carro e ela caminha até o bar se servindo de uma dose e me entregando outra.

Vou bebendo devagar e ela rapidamente, logo está dançando com a musica que colocou no aparelho de som da casa e me puxa.

- Se solta Karin, o mundo não vai acabar está se divertindo - diz risonha.

Ela continua a beber até que sente sono e decide ir pro quarto, arrumo o que bagunçou e decido ir pro quarto tomar banho e retirar a roupa que estava na festa.

Após estar limpa visto uma camisola e me deito, pego um livro e começo a ler devagar, estou concentrada quando a porta é aberta de repente e me assusto vendo Rocco entrar por ela como um touro bravo.

- Por que caralhos não avisou que tinha saído da festa? - questiona e me assusto - Ronald ficou a esperando sair e quando não saiu me ligou desesperado.

- Eu acabei esquecendo, estava com a Angel - falo e ele suspira passa do as mãos nos cabelos.

- Não faz mais isso, não tem noção do quanto me deixou louco - diz e chega perto de mim - Merda Karin, quase me deixa louco.

- Desculpa - falo e ele suspira me puxando para um beijo.

- Não faz mais isso - pede e assinto tendo ele me beijando outra vez.

Rocco - Entre Dever e Poder - Série Santinni's Livro IIOnde as histórias ganham vida. Descobre agora