capítulo 47

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Tiradentes

***

À noite, quando a lua estava nos agraciando com sua beleza e iluminação natural em meio ao céu estrelado e com poucas nuvens, saímos da pousada e caminhamos até um restaurante perto dali que é famoso por seus pratos locais. Como a pousada, a entrada do restaurante tinha uma escada curta de degraus largos e portas como grandes janelas coloniais, mas diferente desse não havia uma cortina impedindo-nos de ver o interior.

Eu podia ver as luminárias em formato de esferas no teto de madeira. Praticamente tudo era de madeira escura, provavelmente, milhares de árvores tinham sido derrubadas somente para decoração do local. As mesas eram quadradas com arranjos de flores no meio de cada uma. Ao fundo, havia também um balcão com cadeiras, um homem estava atrás dele com roupa de garçom e logo atrás uma estante repleta de bebidas.

Na parede branca ao lado da porta de entrada, uma placa em metal dizendo que aquele era um monumento histórico, logo me interessei por ela, assim como minha mãe, então tiveram que esperar nosso momento de leitura. Somente após isso, entramos e fomos envolvidos pelo burburinho das conversas e dos sons de pratos, talheres e copos, além de um jazz tocando em volume baixo.

Procuramos por uma mesa que comporta 6 pessoas, um dos atendentes veio até nós e perguntou do que precisávamos. Depois de explicar a situação, seguimos o rapaz de cabelos pretos até uma mesa no centro do salão com mais cadeiras, sentamo-nos e ele nos entregou três cardápios de pasta preta. Acabamos por pedir Vaca Atolada que é um caldo de mandioca com carne de boi como costela, além de cheiro verde como cebolinhas e salsinhas.

Virei o rosto para olhar meu namorado que estava ao meu lado. Meus pais e avós estavam entretidos em uma conversa sobre algo da vida de adultos que eu achei muito chata.

— Parece muito bom! — comentei ansiosa para que chegasse logo — Ao menos na imagem estava

— Verdade, agora estou morrendo de fome — Augusto sussurrou.

— Quer algo para beber? — virei a cabeça para os lados, procurando por algum atendente — Nem pedimos

— Eu quero

— Também

Chamei o garçom acenando quando o encontrei e falei que queríamos algo para beber. Após nos dizer quais bebidas estavam disponíveis, optei por um suco de abacaxi com hortelã natural, já Augusto um de laranja.

— Você e minha mãe podem dar as mãos

— Por que? — deixou o guardanapo de lado que já estava todo amassado.

— Suco natural de laranja, ela sempre pede — revirei os olhos.

— Vitamina C, baby!

Neguei com a cabeça, rindo dele.

— Que bom, baby! — tentei imitar sua voz.

— Milagre você não ter pedido o mesmo de sempre

— Por que?

— Você geralmente não gosta de variar

— Não mesmo

— Então por que suco de abacaxi com hortelã?

— Deu vontade — dei de ombros.

— Legal...

— É...

— Demais...

Começamos a rir após olharmos um para o outro.

— Lembrei daquele dia no supermercado

2002Where stories live. Discover now