capítulo 7

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Insistência

***

—A Maria vai ir

Luana olha para mim com os olhos esbugalhados e irritados, completamente incrédula. Ela está tentando me convencer a ir na festa de bodas de porcelana dos pais do Leandro. Falei que não vou ir nem que me paguem.

—Eu não sou a Maria! —bufo, reviro meus olhos e a encaro —Quantas vezes tenho que dizer isso?

Ela me olha por um tempo enquanto pensa.

—Você é muito chata, meu Deus! —puxa seus cabelos indo se sentar no banco da praça.

—Eu sei! —cantarolei estressada —O que você pode fazer quanto a isso? —indaguei sem realmente querer ouvir sua resposta.

Quando ela abre a boca para falar, levanto o dedo.

—Respeitar minhas decisões e pronto!

Maria, sentada ao meu lado, apenas observa. Ao ver o olhar suplicante de Lu, contrai o rosto e abana as mãos afastando-a de seu corpo.

—Nem me chame para entrar nessa discussão de vocês duas

—Mas... —Luana começa.

Sua expressão se torna mais séria.

—Mas nada! —também aponta —Já perguntamos. Se ela não quer ir, não podemos obrigá-la

Levanto minhas mãos em sinal de agradecimento aos céus.

—Obrigada, senhor!

Maria ri.

—Depois a gente insiste novamente

Olho para ela.

—Falsa!

Assopra um beijo para mim.

—É sério gente! —declaro, olhando em seus olhos —Não vou ir

—Você acredita?

Luana finge pensar por um tempo com as mãos no queixo e olhar para o céu.

—Não! —suspira —No final da semana a gente insiste de novo

—Eu já falei que não vou. Depois vocês dizem que sou grossa —levo a palma das mãos a face, exausta de toda insistência.

—Está bem, senhorita chatinha —Luana debocha para me irritar.

Após algum tempo, Maria olha o céu de nuvens cinzas e carregadas e em seguida para Lu.

—Melhor nós irmos embora. Daqui a pouco deve chover

Concordo com ela.

—Então vamos —Luana diz ao se levantar do banco de concreto.

—Vou ir com vocês até o ponto

Espero com elas no ponto de ônibus até ele passar. Enquanto ele não chega, conversamos sobre os meninos. A Luana conta que foi na casa do Leandro e conheceu os pais dele, finalmente!

—Eles são uns amores —diz enquanto ostenta um sorriso imenso de felicidade na face.

—Que bom que ele te levou lá, pensei que iria te enrolar —murmuro.

—Pensamos —Maria concorda, piscando para mim. Então, nós duas viramos nossos olhares para a face sonhadora da outra.

—O melhor é que nem tive que insistir ou algo assim —suspira, aliviada.

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