capítulo 17

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Surpresa

***

— Você está linda assim, Jú — as mãos de Luana estão em meu ombro, enquanto me olha com os olhos brilhando no reflexo do espelho.

— Como uma fada — Maria murmura sorrindo para mim, ao meu lado. Olho para elas através do espelho e sorrio, porque me sinto linda — Ele vai ficar encantado — pisca, então completa — Mais do que já é!

Minhas bochechas ficam rubras de vergonha. Eu não sei se ele é caidinho por mim, talvez ele só esteja afim. Tento pensar nisso para não ser uma boba apaixonada.

O vestido claro com bordados de flores rosas e azuis em tule aderiu ao meu corpo como se pertencesse a ele. Dou um suspiro encantada, admirando meu reflexo. Maria passou uma sombra lilás pastosa em minhas pálpebras e um gloss transparente com glitter. Luana me emprestou um vestido que, devido a sua altura, fica curto nela.

— Não precisa me devolver o vestido — apertou meu ombro com sua mão esquerda — Ficou perfeito em você — abraçou-me — Vou chorar! — avisou, levando o dedo do meio em sua pálpebra inferior, os olhos úmidos — Estou emocionada, de uma lagarta a borboleta — inclinando a cabeça para encará-la, apertei meus olhos em sua direção, ela levantou as mãos — Sem ofensas, Júpiter!

Suspirei, olhando meu reflexo mais uma vez.

— Deixa de enrolação! — Maria apressou a gente — O garoto vai ficar esperando?!

— Vai — Luana respondeu sem hesitar, passando por nós e indo em direção a sua cama a passos lentos enquanto discursava — Ele vai estar lá, em frente ao local onde vão se encontrar, com as mãos no bolso da calça, olhando para os lados — olhou para a noite lá fora por sua janela, depois alternou seu olhar entre eu e Maria — Então, um tempo depois, quando estiver impaciente e achando que perdeu tempo ali, distraído, na noite fria e sozinho... — veio até mim e descansou seu rosto no vão do meu pescoço — Você vai aparecer linda e perfeita como um sonho — um sorriso feliz e tímido ao mesmo tempo começou a surgir em minha face assim que comecei a imaginar a cena — Ele vai erguer a cabeça, porque decide ir embora, mas como se o tempo estivesse parado, ele vai vê-la ali, em sua frente, aproximando tímida e receosa como em câmera lenta. Os dois vão sorrir...

— Está bem! — tampei meu rosto — Vamos parar por aqui, porque se não irei ficar comparando o sonho com a realidade que pode não ser tudo isso — ergui as mãos.

— Isso é verdade, Luana — Maria concordou, mas ela também estava curtindo o momento imaginação.

— Vocês são chatas! — ela grunhiu, revirando os olhos.

— Agora tenho que ir — respirei fundo, tomando fôlego antes de pegar a bolsinha bege em cima da mesa do computador.

— Pega o casaco! — Maria falou alto, correndo até a cama, pegando meu cardigan longo cor creme — Agora sim!

— Obrigada! — agradeci, peguei na mão das duas e olhei em seus olhos — As duas — apertei-as — Por tudo!

— Que fofinha — Maria murmurou antes de me abraçar, sendo acompanhada por Luana.

Elas desceram comigo até a porta, então me levaram até o ponto de ônibus. Não precisamos dar declarações ou justificativas a ninguém, já que os pais de Luana estão na pizzaria da família, o que foi bom.

Quando girei a roleta, após pagar a passagem com as moedas que estavam em minha carteira. O motorista começou a andar e, com o veículo em movimento, sentei-me perto da porta de saída para aplacar o nervosismo e a ansiedade. Encostei a cabeça na vidraça, sentindo o mesmo tremer pelo movimento, suspirei, olhando a noite, a lua me acompanhando pelo caminho.

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