capítulo 38

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Festa de aniversário

***

Minha vontade era de ficar em casa naquela segunda, mas como uma pobre mortal com deveres, tive que me levantar do quentinho da minha cama e me arrumar. Era horrível saber que além das outras provas que teríamos em semanas, eu teria que passar ainda pela recuperação que começaria na próxima semana.

Pensar sobre isso era tão estressante, porém inevitável. Tinha que ir no fundo da minha alma para achar energia para seguir em frente sem muitas lamentações.

Tomei um banho longo para renovar as energias que me rodeavam ouvindo 'La Vie En Rose', mas não tentei cantar porque francês é com Maria. Minha mente deu um iluminou-se, afinal hoje era o aniversário dela.

Vesti meu uniforme e uma blusa de moletom cor de rosa. Um verdadeiro milagre eu usar uma peça tão rosa quanto essa.

Hoje é meu dia com a psicóloga, mas eu estava determinada a não ir e não fui, liguei aproveitando que meus pais estavam na universidade e menti dizendo que iria viajar para o aniversário de uma amiga e que queria marcar para a sexta-feira seguinte.

Não posso desperdiçar tempo de vida conversando enquanto tenho três!!! recuperações em minhas costas. Eu sei que é importante, mas o desespero me faz ficar fissurada em querer estudar. Na realidade eu passo mais tempo preocupada com isso, do que de fato estudando.

Isso me assustou e parei no meio do caminho para a casa de Maria com os olhos arregalados, percebendo que menti um pouquinho, com o objetivo de estudar, mas estava ali, na metade do caminho para a casa de Maria. Quis virar ali mesmo e voltar para casa, enfiar meu rosto nos livros e não parar até a próxima segunda, mas continuei.

Somente não me sentia totalmente culpada, porque Maria não foi à escola, já que era seu aniversário. Um costume que tínhamos de não ir à escola quando era a data de nascimento da gente. Me vi, então, indo até sua casa uma hora após chegar da escola.

Eu também já tinha percebido que estudar com Augusto não daria muito certo. Passava a maior parte do tempo querendo beijar sua boca do que verdadeiramente concentrada nos estudos. Teria que quebrar a cabeça sozinha.

Tomei fôlego antes de apressar meus passos.

Eu ainda estava preocupada com o que estava fazendo, negligenciando algo que me afligia. Disse a mim mesma que ficaria apenas por no máximo duas horas quando bati na porta branca. Quem abriu a mesma, foi a mãe da minha amiga.

— Que bom que você chegou! — ela me abraçou — Ela estava preocupada que vocês não viessem — seus olhos eram amorosos ao falar da filha. Seus cabelos pintados de um loiro platinado palançando.

Neguei com a cabeça, sorrindo.

— Ela está ansiosa

— Sim, desde de manhã — entrei e ela fechou a porta — Eu até disse para ela ir à escola, mas não quis, dizendo que iriam quebrar ovos em sua cabeça e jogar farinha por cima — deu de ombros. Seu rosto se iluminou — Como está sua mãe e seu pai?

— Eles estão bem. Nesse momento estão dando aula na universidade. E vocês aqui?

— Estamos bem, graças a Deus

Segui com ela até a sala, onde havia uma mesa com toalha branca e sobre ela um bolo de brigadeiro com granulado, gelatinas de morango, framboesa, limão, abacaxi e tutti-frutti, além de docinhos espalhados. Colados no teto, haviam papéis laminados prata dourado e azul cortados em tiras finas. Muitos deles estavam no chão.

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