capítulo 8

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Bodas de porcelana

***

Ainda cedi as minhas inseguranças, então as meninas usaram os velhos argumentos de datas que sempre me convencem, porque sou extremamente nostálgica e quero ser uma daquelas pessoas que vivem muitas coisas - mesmo sendo uma medrosa completa. Viver muitas coisas para mim, significa aproveitar a vida, sair, viajar, me divertir... pra quando estiver no auge de meus 70 anos, ficar feliz por minhas realizações. Então, poderei olhar para o passado com um imenso sorriso na face.

Mas mesmo tudo isso, estremeço por falta de coragem quando subimos os degraus que levam até o andar de cima da casa do Leandro.

Assim que chegamos, fomos conversar com os pais dele que nos abraçaram e disseram que estavam felizes por termos vindo. Fiquei surpresa, porque ela nem conhece a gente.

— Mas vocês são amigas do meu filho — ela sorriu, olhando nossa expressão intrigada — Bom, a Luana é mais que amiga... Minha nora — piscou para minha amiga e a abraçou, então ela sorriu tão feliz, mas tão feliz que parece que iluminou a sala gigante da casa.

Sorri em resposta, feliz por minha amiga.

A mãe dele tem o cabelo curto e pintado de loiro, sua pele é bronzeada e usa um vestido branco de seda e sandálias de tira cor prata. Suas unhas são grandes e de formato quadrado, estão pintadas de francesinha. Esse detalhe eu amei, porque vivo com as unhas pintadas desse jeito, tá que as minhas não ficam cem por cento retas, mas dá para o gasto.

A senhora Joana conversou conosco mais um tempo até que nos disse para subir, porque a "garotada" estava no andar superior, nós concordamos. Agora estou aqui, o coração quase saltando do peito, posso ouvi-lo bem ao pé de meu ouvido, talvez ele saia por aí mesmo.

Nem MMMBop do Hanson me distrai enquanto subimos os degraus. O volume da música se torna mais alto à medida que subimos.

Estremeço insegura, a respiração falha, mas consigo disfarçar. Maria está atrás de mim com seu vestido verde também de seda e sandálias de salto baixo. Luana escolheu uma saia longa preta e uma blusa mais curta lilás, nós pés um tamanco preto de salto médio, seus cabelos estão soltos, com uma pequena parte da frente presa atrás. Já eu escolhi vir de vestido de chiffon marrom claro com estampas orientais, meia calça preta e uma bota de cano curto de veludo. Meus cabelos estão soltos e partido ao meio.

Sinto minhas mãos úmidas. Tento enxugá-las no vestido, mas o tecido não ajuda. Quando superamos o último degrau, respirei fundo mais uma vez.

Lu, à frente nos guia. Parece que ela já conhece tudo por aqui e não sente a mínima vergonha. Queria ser como ela, desenvolta e extrovertida.

— Preparem-se — diz, agora também nervosa. Ela respira profundamente por milhares de vezes. Não a apreço, estou até gostando.

Foco minha atenção nas paredes brancas repletas de quadros. Maria está escorada no corrimão olhando alguns detalhes no andar debaixo. Aproximo-me dela e faço o mesmo.

Ela vira seu rosto para mim.

— Bem lindo aqui, não é?

— Sim, muito... — concordo com ela — Parece uma dessas casas americanas que a gente vê nos filmes

Seus olhos expandem-se e ela concorda com a cabeça.

— Era isso mesmo que estava pensando

— Bem legal

— Verdade

Não conseguimos falar mais nada, porque a Luana chegou perto da gente toda afoita. Parece que a meditação não ajudou em nada.

2002Unde poveștirile trăiesc. Descoperă acum