Fecho os olhos pois minha mente só focou no "meu coração não bate por você".

- Imagino que seja por isso que tenha se apaixonado e sinto muito se passei a impressão errada, mas só estava sendo gentil - diz e suspiro me encolhendo.

- Acha que um dia pode ao menos gostar de mim? - questiono baixinho ainda torcendo para que não tenha escutado, pela demora da sua resposta espero que não tenha mesmo.

- Eu não sei, o dia de amanhã não é meu - responde e toca meu rosto me fazendo olhar para ,a amor ou outras coisas, isso não é uma escolha é um sentimento.

Soluço e levo as mãos ao rosto para limpar as lágrimas, ele me puxa e abraça meu corpo, encosto minha cabeça em seu peito e sinto seu coração batendo, não por mim, mas por outra pessoa.

Talvez eu nunca seja o suficiente para o meu marido, talvez ele só tenha um lugar no coração dele que seja totalmente preenchido pela Amélia, mas ainda assim meu coração fica ansioso e querendo reciprocidade de um amor incerto.

Sinto minha cabeça doer quando abro os olhos, vejo o quarto escuro, as persianas estão fechadas e as luzes apagadas.

Me viro na cama procurando pro Rocco e seu lugar está frio indicando que saiu a muito tempo.

Suspiro triste e me sento lembrando o que aconteceu ontem a noite, respiro fundo para não chorar mais uma vez.

Me levanto e decido fazer minhas higienes e começar o dia para não pensar em nada do que aconteceu ontem.

Após terminar tudo entro no closet e vejo uma roupa separada, pego ela e visto, saio do quarto e caminho para a cozinha, ouço vozes na sala, após descer todos os lances vejo alguns homens sentados juntos do meu marido, eles estão rindo de algo mais param assim que me veem, fico envergonhada e dou um sorriso.

- Bom dia senhores - falo, olho para Rocco e ele me olha sério, quase como se estivesse com raiva.

- Bom dia - um dos homens responde e sorri me olhando de cima a baixo, me sinto desconfortável e mudo o peso do corpo.

- Vai ficar parada aí? - Rocco questiona bravo e dou um leve sobressalto o olhando, engulo em seco e aperto as mãos baixando a cabeça e andando até a sala de jantar.

Ouço os homens começarem a conversar alto de novo e suspiro triste, me sento a mesa e começo a tomar café me perguntando se ele decidiu me tratar mal para que eu deixasse de gostar dele.

Vou tomando meu café e após terminar caminho para a biblioteca, evito de passar na sala e me decepcionar, sento na mesa que foi separada para mim e abro meu notebook.

Penso em coisas boas e deixo a tristeza de lado, começo a escrever e idéias surgem em minha mente.

Engulo em seco aí lembrar da noite passada, mas não a parte ruim e sim a que veio antes dela.

No convento eu nunca imaginei ou pensei nisso, mas agora sou uma mulher casada e sei de fato como é.

Talvez possa aproveitar da inspiração e escrever algo diferente dos romances água com açúcar que faço.

Envergonhada começo a descrever as sensações que tive ao ter meu marido comigo.

Lembro da sensação do seu toque e lábios em mim, suas mãos passeando pelo meu corpo e me levando ao ápice do prazer.

Após algum tempo dou o ponto final e releio tudo que escrevi, sinto meu rosto corar com aquilo e penso em apagar.

- Nunca imaginei ler algo pornográfico em forma de poesia - solto um grito quando ouço a voz de Angel atrás de mim, fecho o notebook rapidamente e ela ri - Você tem uma escrita perfeita, achei que só fazia romances fofinhos e não pornôs.

- Aí meu Deus - falo envergonhada - Você leu tudo?

- Uhum - diz mordendo os lábios - De santa só tem a cara hein.

- Eu nunca fiz isso, é a primeira vez - falo envergonhada - Estou morrendo de vergonha que alguém tenha lido.

- Eu não se preocupe, não contarei a ninguém - diz piscando para mim.

- Não contará o que Bambina? - ouço a voz de Rocco e fico séria quando ele caminha até onde estamos, vejo ele dar um beijo nela e me viro de volta para a mesa ficando de costas para ele.

- Segredos de garotas papà - ela diz - Não é mesmo Karin?

- Sim - falo sem me virar.

Fico olhando para a mesa sem coragem de olhar para trás.

- Eu vou ver se tem algo para comer ali - diz e deixa um beijo em meu rosto - Tchau Karin, tchau papà.

A porta se abre e então fecha, fico em silêncio e pego um livro abrindo ele e fingindo que estou lendo, olhar para ele é menos doloroso.

- Você está bem? - questiona, com tudo de mim ignoro ele - Karin você me ouviu?

Mordo a língua ignorando ele e o ouço respirando fundo, sinto minha cadeira ser virada e arregalo os olhos vendo ele me encarando.

- Está me ignorando? - pergunta.

- Sim - murmuro baixinho e ele arqueia a sobrancelha, suspiro sentindo meus olhos marejados.

- E por que estaria fazendo isso? - questiona.

Sinto vontade de gritar mas simplesmente não faço pois não sou capaz de fazer alguém ficar triste com as palavras que posso dizer.

Comprimo os lábios e sinto uma lágrima descer pelo meus rosto e ele me encarar sério.

Rocco - Entre Dever e Poder - Série Santinni's Livro IIWhere stories live. Discover now