Não farei essa carta algo sobre nós, farei sobre você e ela.

Sim, eu já deixei alguém específica para isso, um pouco estranho talvez, mas foda-se o que acham, eu nunca liguei para o que achavam.

Ela é uma garota doce, linda e será uma boa esposa, eu mesma fiz questão de ensinar isso a ela.

Eu odeio tudo isso de uma boa esposa e blá blá blá, mas sei que nessa vida que levamos isso é necessário.

A ensinei tudo que precisava saber e disse que talvez um dia ela arrumasse um bom marido, tudo ia depender do destino e o que ele queria.

Se está lendo isso ele quiz nossa história terminada para que começasse uma nova com ela.

Não gosto da idéia de você casado com outra além de mim, me corrói saber que pode acontecer, por isso escolhi alguém diferente de mim.

Sua futura esposa é alguém calma, delicada, prendada, possuí uma inocência que dá até pena de macular.

Algo que eu nunca fui e nunca serei, algo que não queria para você confesso, mas já que não possuí escolha, será ela.

Você precisa casar, não por mim ou por você mas pela nossa filha, eu não quero ela metida nesse nosso meio Rocco, eu quero ela o mais longe possível disso.

Por mais maluquinha que ela seja, sei que não daria certo no seu lugar, ela é alguém emocional demais, não faria isso direito e eu nem quero que ela faça.

Você precisa se casar para proteção da nossa filha, a não ser que renuncie e saia de vez desse meio, como sei que isso não vai acontecer me despeço aqui dizendo a você que nessa pasta contém fotos e relatórios sobre sua futura esposa, leia a todos e faça a melhor escolha para todos.

Eu te amo Rocco Santinni, nosso amor viverá para sempre enquanto existirmos... E além do universo.

Com amor sua amada e inesquecível A.V"

Encaro o papel e no impulso amasso ele, meu coração dolorido pela lembrança, bato a mão na pasta derrubando ela no chão e espalhando fotos e papéis pelo escritório.

Encosto na cadeira e fecho os olhos tentando relaxar, essa filha da puta até mesmo morta sabe que não consigo não fazer aquilo que é seu desejo.

Eu fugi por dois anos do assunto casamento, mas sei que uma hora essa conta chegaria, eu odeio isso, maldita hora que decidi aceitar fazer parte disso.

Só acabei aceitando pois para casar com minha Amélia isso era necessário, mesmo que já fossemos prometidos desde o ventre de nossas mães que coincidentemente morreram no mesmo dia em que nascemos.

Amélia costumava fazer brincadeiras mórbidas sobre isso quando éramos mais novos.

Não teve um dia da minha vida até a sua morte em que eu não tive ela ao meu lado.

Nascemos juntos, crescermos juntos e infelizmente ela se foi antes de mim, ela era o amor da minha vida e continuara sendo mesmo se eu casar outra vez.

Me levanto e caminho até a pasta, junto os papéis e foto e deixo em cima da mesa, mexo neles e pego uma foto, franzo o cenho ao ver apenas uma menina nela.

- Isso não está certo - falo irritado e pego um papel de relatório sobre ela.

Karin Cappolo, 20 anos.

Filha de Antony Cappolo e Célia Cappolo, mortos em guerra contra os russos no alvorecer.

Foi criada no Sant'Eugenia juntamente da sua irmã Ellen, teve uma boa educação, sabe todas as obrigações que vem com uma boa esposa.

Jogo os papéis na mesa e esfrego o rosto, não posso me casar com uma garota, ela tem praticamente a idade da minha filha.

Falando nela meu celular toca tendo seu nome brilhando na tela.

- Oi bambina - falo.

- Papà eu não tô conseguindo achar uma boa roupa e acho que perdi meus cartões, você pode me emprestar os seus? - questiona.

- Claro querida, venha aqui em meu escritório buscar - falo e a ligação cai, dois minutos depois a porta é aberta e ela aparece.

- Buongiorno papà - diz caminhando até mim e me abraçando, seguro seu rosto e beijo vendo ela sorrindo.

- Está bem Bambina? - questiono e ela assente - Descansada para o evento?

- Sim! E muito ansiosa também - diz e olha ao redor, suspiro quando ela pega a foto da garota na mesa e franze o cenho - Quem é essa?

- Ninguém bambina, deixe isso ai - peço mas ela pega um papel lendo o conteúdo dele.

- Vai se casar novamente? - pergunta e tento ver em seu rosto algum resquício de que não quer isso - Que bom, acho que apesar de tudo a mamãe ia ficar feliz com isso.

- Eu não vou casar novamente - falo determinado e ela me olha.

- Papà nós sabemos que isso é necessário, agora ou depois não faz diferença, se já tem uma pretendente acho que deveria tentar, talvez seja melhor assim - diz e se abaixa beijando minha testa e pegando o cartão que ainda estava em minha mão - Agora com licença, preciso de roupas novas.

- Está com aquele seu amigo novo? - questiono.

- O Dan? - questiona e assinto - Sim, nós vamos juntos fazer compras.

- Tome cuidado bambina - digo e ela assente mandando um beijo e siando pela porta.

Me encosto na cadeira e pego a foto da garota analisando e vendo ela, não posso me casar, não com ela.

Meu malvado favorito 🤭

Rocco - Entre Dever e Poder - Série Santinni's Livro IIWhere stories live. Discover now