- Disse que Newt está sucumbindo ao Fulgor bem mais rápido que a média das pessoas. Disse que logo ele vai atingir a Insanidade, e que sem a cura vai a acontecer a mesma coisa com Nick.

- Ele disse isso mesmo?

- Disse. - respondeu Thomas. - Acredito nele. Vocês viram como Newt vem agindo. Temos de dar uma olhada nele e em Nick.

Minho endereçou a Thomas um olhar cheio de dor, o mesmo olhar de Scarllet. Thomas se lembrou de que Minho e Scar haviam conhecido Newt e Nick dois anos antes dele. Haviam tido mais tempo de se tornarem próximos.

- É melhor darmos um jeito de ver como eles estão. - repetiu Thomas. - Temos de fazer algo por eles.

Minho concordou com a cabeça e desviou o olhar. Scarllet se afastou do Camisa Vermelha, deixando uma trilha de sangue para trás conforme a sola dos tênis tocavam o chão. Minho a seguiu em silêncio, nenhum dos dois tinha muito o que dizer depois disso. Thomas se sentia tentado a tirar o bilhete do amigo do bolso e lê-lo naquele momento, ali mesmo, mas havia prometido que esperaria até ter certeza de que era o momento certo.

- Está ficando tarde. - Brenda falou, alto o suficiente para que o casal mais a frente parasse para ouvi-la. - Eles não deixam pessoas entrar e sair da cidade à noite. Já é difícil demais manter as coisas sob controle durante o dia.

Jorge, que estivera calado até então, comentou:

- Esse é o menor dos nossos problemas. Algo estranho está acontecendo neste lugar, muchachos.

- Como assim? - perguntou Thomas.

Eles alcançaram Minho e Scarllet, retornando a rodinha de conversa. Dessa vez, longe do corpo do Camisa Vermelha.

- Todos parecem ter desaparecido na última meia hora, e as poucas pessoas que vi eram bem esquisitas.

- Aquela cena na cafeteria realmente fez todo mundo se dispersar. - comentou Brenda.

Jorge deu de ombros.

- Não sei, não... Esta cidade está me provocando uma sensação horrível, hermana. É como se tivesse ganhado vida própria e só aguardasse para desencadear algo detestável e terrível.

- Eu quero voltar ao Berg. - afirmou Scarllet, atraindo a atenção do grupo. - Não passo mais uma noite longe de Nick e Newt. Se quiserem, podem ficar, mas eu vou encontrar com eles. Antes que seja tarde demais.

- E se nos apressarmos, não conseguiremos chegar lá? - perguntou Thomas. - Será que é possível escapar da vigilância?

- Podemos tentar. - disse Brenda. - E precisamos torcer para encontrar um táxi... estamos do outro lado da cidade.

- Vamos tentar, então. - resolveu Thomas.

Desceram a rua, mas a expressão no rosto de Minho e Scarllet não era nada boa. Thomas esperava não ser um sinal de alguma desgraça à vista. Andaram durante uma hora e não viram um único carro, que dirá um táxi. Correram em meio a poucas pessoas dispersas, e o planador de patrulha emitia seu estranho zumbido enquanto voava por ali ao acaso. A cada cinco minutos, ouviam um som a distância que fazia Thomas relembrar o Deserto... alguém falando alto demais, um grito, um riso estranho. Quando a luz deu lugar à escuridão, passou a se sentir cada vez mais amedrontado.

Em certo momento, Brenda parou e encarou os demais.

- Temos de esperar até amanhã. - anunciou, vendo Scarllet balançar a cabeça negativamente sem nem ouvir o resto de sua explicação. - Não vamos encontrar transporte esta noite e estamos muito longe para andar. Precisamos dormir, assim estaremos descansados pela manhã.

A Primeira - Maze RunnerWhere stories live. Discover now