Minho a ajudou a levantar. Os dois pararam de frente para Gally, que acabara de dizer algo para Thomas, fazendo com o que o garoto afirmasse que eles não demorariam a voltar a esse apartamento. Gally virou o rosto, olhando para Scarllet. A garota percebeu a diferença no mesmo instante. Por algum motivo, desde que se encontraram, toda vez que Gally a olhava, sua expressão mudava repentinamente para a de um garoto triste e preocupado. Ela franziu as sobrancelhas, inclinando ligeiramente a cabeça para o lado, como fazia sempre que se irritava com algo que alguém fazia e ela não sabia o motivo.
— O que você tem? – sua voz saiu normalmente, mas era perceptível a pontada de advertência na pergunta. Gally riu, triste.
— Você não mudou nada. – ele sussurrou. Scarllet abriu a boca para responder, mas fechou quando Gally continuou a falar. – Preciso te dizer algo.
Ele fitou o chão. Mais uma vez, seu coração acelerou. Ela apertou a mão de Minho, que continuava ao seu lado.
— O que?
— Como eu disse, recuperei minhas memórias. – seus olhos voltaram para Scarllet. – Lembrei da minha família.
Scarllet não conseguiu esperar que ele terminasse.
— Você se lembra? – Gally fez uma careta, confuso. – Se lembra, Gally?
— Do que você está falando?
— De nós dois.
— Espera. Você sabe?
— É claro que eu sei. Eu sei disso desde que você se matou.
— Me matei? Como assim?
— A faca que você cravou no peito, mértila.
— Depois que matei Chuck?
— Sim.
— Ah, eu realmente não me lembro de nada que aconteceu depois do Thomas me bater. – eles ficaram em silencio por um segundo. – Espera aí. Então você sabia que nós somos irmãos e não disse nem uma palavra sobre isso até agora? Nós estamos conversando a mais de uma hora, Scarllet.
— Estava pensando em como te contar. Além disso, você disse que tinha recuperado a memória, então é você quem devia ter dito algo sobre sermos irmãos.
— Como você se lembrou?
— A picada daquele verdugo me fez lembrar de muitas coisas. A última lembrança que tenho é de nós dois, fugindo do CRUEL. Quando nossos pais morreram. Você se lembra?
— Definitivamente, a pior memória que você poderia ter tido sobre nós. Ei, – ele disse de repente se animando. – nós já tivemos um gato.
— Um gato? – ela se virou para o Minho e o grupo que os esperavam na porta. Dando um sorriso. – Eu tive um gato. Viram só? Por isso eu queria recuperar a memória.
— Diga isso a Hans, quando o encontrarmos. Temos que ir, Scarllet. – disse Brenda.
— Certo. – ela voltou-se para Gally. – Você vem com a gente?
Ele balançou a cabeça, negando.
— Não posso. Tenho que me encontrar com o Braço Direito. Quero que você venha comigo.
— Sem chance. – murmurou Minho, olhando para Scarllet. – Você tem que ver Hans o quanto antes. Sabe disso, Scarllet.
Ela assentiu.
— Tenho que ir com eles. Além disso, preciso encontrar Newt e Nick, eles ainda estão naquele Berg.
— Eu imaginei.
Gally colocou a mão direita no bolso da calça, a tirando dois segundos depois. Se aproximou de Scarllet, puxando delicadamente seu pulso e envolvendo um relógio digital nele. Era preto, um
retângulo pequeno com as pontas arredondadas mostrava as horas e a data. A lateral do relógio era repleta de botões, a maioria servia apenas para mudar as configurações, como data e hora. Havia também um pequeno botão redondo na ponta do relógio, quase imperceptível.— Com isso, consigo ver onde você está vinte e quatro horas por dia. Tenho um igual, os dois tem as mesmas funções. – ele levantou a manga da blusa. – Aperte esse botão três vezes se estiver em perigo.
Ele apontou para o botão que Scarllet considerava imperceptível e fez uma demonstração. Quando o apertou pela terceira vez, o relógio no pulso do garoto brilhou com a luz vermelha, apitando
como um despertador. Ele desativou em seguida, clicando no mesmo botão, mas dessa vez o que ficava no seu relógio.— Três vezes significa perigo. Duas vezes seria como... “assunto importante, preciso te encontrar”. Então vou mandar minha localização para você, vai aparecer na sua tela, nesse quadrado. – ele apontou para um quadrado amarelo na tela. – Se clicar uma vez, significa apenas que precisa me encontrar, mas nada urgente. Então vou vir para esse apartamento e esperar você chegar.
— E se a bateria acabar?
— Te encontro antes disso. – ele a abraçou. – Tome cuidado, por favor. E volte logo.
Assim que o abraço terminou, Gally deu um beijo na testa de Scarllet como uma despedida e virou-se para Minho,
franzindo as finas sobrancelhas de uma forma ameaçadora, mas a expressão séria de Minho conseguia ser ainda mais.— E você, é melhor tomar conta dela.
— Foi o que eu fiz durante os últimos anos, não? – Minho respondeu sarcástico.
— A despedida já acabou? – Brenda resmungou.
— Como você é chata.
— Se você quiser podemos ficar aqui por mais uma hora, assim seu irmão pode te contar sobre o gato que vocês tiveram.
Scarllet revirou os olhos, caminhando até Brenda, estressada. A empurrou para fora do apartamento e acenou para Gally antes de sair, sendo seguida por Minho.
— Voltamos amanhã!
Ela gritou no fim do corredor, empurrando Brenda para frente enquanto ela reclamava sobre a demora. Scarllet estava feliz demais para discutir com ela no momento.
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A Primeira - Maze Runner
ActionComo todo mês, à três anos, um novo garoto é enviado ao Labirinto junto dos suprimentos. Mas como Newt disse uma vez, alguém teve que vir primeiro, e esse alguém foi Scarllet. A primeira pessoa a chegar na Clareira. A primeira a sobreviver a uma no...
80 - Matamos o Hans.
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