80 - Matamos o Hans.

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Minho a ajudou a levantar. Os dois pararam de frente para Gally, que acabara de dizer algo para Thomas, fazendo com o que o garoto afirmasse que eles não demorariam a voltar a esse apartamento. Gally virou o rosto, olhando para Scarllet. A garota percebeu a diferença no mesmo instante. Por algum motivo, desde que se encontraram, toda vez que Gally a olhava, sua expressão mudava repentinamente para a de um garoto triste e preocupado. Ela franziu as sobrancelhas, inclinando ligeiramente a cabeça para o lado, como fazia sempre que se irritava com algo que alguém fazia e ela não sabia o motivo.

— O que você tem? – sua voz saiu normalmente, mas era perceptível a pontada de advertência na pergunta. Gally riu, triste.

— Você não mudou nada. – ele sussurrou. Scarllet abriu a boca para responder, mas fechou quando Gally continuou a falar. – Preciso te dizer algo.

Ele fitou o chão. Mais uma vez, seu coração acelerou. Ela apertou a mão de Minho, que continuava ao seu lado.

— O que?

— Como eu disse, recuperei minhas memórias. – seus olhos voltaram para Scarllet. – Lembrei da minha família.

Scarllet não conseguiu esperar que ele terminasse.

— Você se lembra? – Gally fez uma careta, confuso. – Se lembra, Gally?

— Do que você está falando?

— De nós dois.

— Espera. Você sabe?

— É claro que eu sei. Eu sei disso desde que você se matou.

— Me matei? Como assim?

— A faca que você cravou no peito, mértila.

— Depois que matei Chuck?

— Sim.

— Ah, eu realmente não me lembro de nada que aconteceu depois do Thomas me bater. – eles ficaram em silencio por um segundo. – Espera aí. Então você sabia que nós somos irmãos e não disse nem uma palavra sobre isso até agora? Nós estamos conversando a mais de uma hora, Scarllet.

— Estava pensando em como te contar. Além disso, você disse que tinha recuperado a memória, então é você quem devia ter dito algo sobre sermos irmãos.

— Como você se lembrou?

— A picada daquele verdugo me fez lembrar de muitas coisas. A última lembrança que tenho é de nós dois, fugindo do CRUEL. Quando nossos pais morreram. Você se lembra?

— Definitivamente, a pior memória que você poderia ter tido sobre nós. Ei, – ele disse de repente se animando. – nós já tivemos um gato.

— Um gato? – ela se virou para o Minho e o grupo que os esperavam na porta. Dando um sorriso. – Eu tive um gato. Viram só? Por isso eu queria recuperar a memória.

— Diga isso a Hans, quando o encontrarmos. Temos que ir, Scarllet. – disse Brenda.

— Certo. – ela voltou-se para Gally. – Você vem com a gente?

Ele balançou a cabeça, negando.

— Não posso. Tenho que me encontrar com o Braço Direito. Quero que você venha comigo.

— Sem chance. – murmurou Minho, olhando para Scarllet. – Você tem que ver Hans o quanto antes. Sabe disso, Scarllet.

Ela assentiu.

— Tenho que ir com eles. Além disso, preciso encontrar Newt e Nick, eles ainda estão naquele Berg.

— Eu imaginei.

Gally colocou a mão direita no bolso da calça, a tirando dois segundos depois. Se aproximou de Scarllet, puxando delicadamente seu pulso e envolvendo um relógio digital nele. Era preto, um
retângulo pequeno com as pontas arredondadas mostrava as horas e a data. A lateral do relógio era repleta de botões, a maioria servia apenas para mudar as configurações, como data e hora. Havia também um pequeno botão redondo na ponta do relógio, quase imperceptível.

— Com isso, consigo ver onde você está vinte e quatro horas por dia. Tenho um igual, os dois tem as mesmas funções. – ele levantou a manga da blusa. – Aperte esse botão três vezes se estiver em perigo.

Ele apontou para o botão que Scarllet considerava imperceptível e fez uma demonstração. Quando o apertou pela terceira vez, o relógio no pulso do garoto brilhou com a luz vermelha, apitando
como um despertador. Ele desativou em seguida, clicando no mesmo botão, mas dessa vez o que ficava no seu relógio.

— Três vezes significa perigo. Duas vezes seria como... “assunto importante, preciso te encontrar”. Então vou mandar minha localização para você, vai aparecer na sua tela, nesse quadrado. – ele apontou para um quadrado amarelo na tela. – Se clicar uma vez, significa apenas que precisa me encontrar, mas nada urgente. Então vou vir para esse apartamento e esperar você chegar.

— E se a bateria acabar?

— Te encontro antes disso. – ele a abraçou. – Tome cuidado, por favor. E volte logo.

Assim que o abraço terminou, Gally deu um beijo na testa de Scarllet como uma despedida e virou-se para Minho,
franzindo as finas sobrancelhas de uma forma ameaçadora, mas a expressão séria de Minho conseguia ser ainda mais.

— E você, é melhor tomar conta dela.

— Foi o que eu fiz durante os últimos anos, não? – Minho respondeu sarcástico.

— A despedida já acabou? – Brenda resmungou.

— Como você é chata.

— Se você quiser podemos ficar aqui por mais uma hora, assim seu irmão pode te contar sobre o gato que vocês tiveram.

Scarllet revirou os olhos, caminhando até Brenda, estressada. A empurrou para fora do apartamento e acenou para Gally antes de sair, sendo seguida por Minho.

— Voltamos amanhã!

Ela gritou no fim do corredor, empurrando Brenda para frente enquanto ela reclamava sobre a demora. Scarllet estava feliz demais para discutir com ela no momento.
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A Primeira - Maze RunnerWhere stories live. Discover now