25 • CAPÍTULO 24 •

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CAPÍTULO 24

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Quando criança, a vovó Nana sempre me contava sobre a vinda de um pequeno cervo para a casa de madeira. Dizia que ele costumava aparecer próximo ao entardecer para alimentar-se com as suas bolachinhas caseiras, feitas de arroz.

A minha mente havia, simplesmente, bloqueado essa memória por pelo menos nove anos, no entanto, agora, algo me diz que o cervo solitário nada mais é que o próprio aliado de Vaisravana. E como se já não bastasse ser enganado esse tempo inteiro, temo que aquelas visões que tanto assemelham-se ao meu último sonho seja de fato verdade, e a minha avó tenha sido assassinada, não podendo viver em paz junto da sua família.

Eu não quero acreditar, mas, se esse for o caso, eventualmente, ela também se tornou um cervídeo.

ㅡ Minho, olha, não tenho razão de mentir para você, afinal de contas... ㅡ Ainda sentado ao meu lado, ele me encara, preocupado, quando faço o mesmo para si. ㅡ Eu tenho uma ideia que pode parecer loucura, mas eu acredito que a minha avó conheceu o Felix um tempo antes de falecer. ㅡ Confesso ao crispar os lábios, abandonando a sua mão. ㅡ E, sobre aquele sonho que eu tive há algum tempo, que ainda persiste em minha mente, pareceu ser lembranças e não algo criado pelo meu subconsciente. Foi inteiramente diferente, era como se eu estivesse lá.

Num suspiro fatigado, Minho recobre suas mãos com as mangas do kimono, repousando-as sobre seus joelhos, no instante em que cortou a nossa linha de contato visual, tomando impulso para palavras das quais iam e vinham, hesitantes.

ㅡ Escuta, Jisung, nós Deuses não praticamos nenhum tipo de sentimento em ações, feito o que fizemos agora. E, temo que haja uma razão maior para que tais coisas sejam banidas em Takamagahara, pois sempre me avisaram que a nossa boca pode ser uma porta para o conforto, mas também pode se tornar uma grande ruína. Isso se dá pelas palavras que saem por ela. Elas podem levar alguém ao céu, como também conseguem atirar uma série de pessoas ao inferno, incluindo a si mesmo na decaída.

Diz, ainda sustentando seus olhos no surgimento das primeiras estrelas do céu.

ㅡ Eu sei que você deve ter visto algo que os céus não concordam em expor, essa foi a segunda vez que você me contou algo sobre a sua avó Nana, após aquele sonho, então, imagino que a nossa espécie de contato tenha o feito possuir algo meu. ㅡ Não é surpresa, mas meus olhos crescem ao dar-me conta de que eu estava certo. ㅡ Me desculpe por isso.

ㅡ Eu tomo as memórias de um Deus...

Consto, abismado com a informação confirmada. Significa que, segundo as regras dos céus, não podemos nos relacionar por esta razão? Saberei mais do que um humano deveria, do mesmo modo que, igualmente, vou saber de coisas das quais não estou preparado, como a que veio em seguida.

ㅡ Na realidade, sinto em dizer, estas são memórias de combate, não minhas, Jisung. Eu nunca pensei que elas pudessem escapar tão facilmente. ㅡ Assume, ganhando um semblante sério, embora que igualmente arrependido. ㅡ É uma consequência do meu trabalho, me desculpa. ㅡ Pede, cabisbaixo. ㅡ Geralmente, tomo-as para mim, junto ao sentimento assassino dos malfeitores, assim como naquela noite que o Saito trouxe o vassalo de Shinigami para casa.

ㅡ Então, o que eu vi em meu sonho, e agora, foi um recorte de memórias do momento em que um monstro veio e tirou a vida da minha avó? ㅡ Ele concorda, voltando a sustentar nossa visão, distante pela situação, pois minhas pupilas voltaram a sufocar na linha d'água. ㅡ E você realmente estava lá, Vaisravana, por que não fez nada?!

ㅡ Eu tentei, mas pela primeira vez em toda a minha existência um rompe-linhas não atendeu a minha intervenção. ㅡ Revela, demonstrando uma frustração incalculável em sua voz. ㅡ E para proteger você eu comecei a assisti-lo, até que você sumiu e retornou me enxergando, até mesmo eu não entendo o que houve.

VAISRAVANA • { minsung }حيث تعيش القصص. اكتشف الآن