15 • CAPÍTULO 14 •

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CAPÍTULO 14

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Diferente do que foi pela manhã, à noite, o céu aberto mostra um brilho ímpar pelo caminho que liga a região urbana da cidade ao vilarejo.

E nesse meio tempo, a viagem só não foi inteiramente silenciosa, porque o Felix fazia questão de comentar qualquer coisinha que o mais velho fizesse naquele mini carro cor de rosa.

Sendo um espírito da natureza, o Lee mais jovem nunca havia entrado num automóvel antes. Ele contava eufórico o quanto assistia de longe as pessoas pegando seus próprios carros e saindo para os trabalhos, mas que nunca teve permissão de entrar num de verdade ㅡ levando-me a pensar bastante sobre qual foi a época em que ele passou para o outro plano. Certamente, nem existia carros.

E não que eu tenha interesse em dirigir, mas olhar o Seo fazendo isso com tanta tranquilidade, me faz questionar se eu deveria tentar algum dia. Ele se adaptou completamente aos comandos do Japão, quase que inteiramente distintos da Coreia do Sul, a começar pelo volante que fica do lado direito, e a via trafegada pela esquerda. Me conhecendo, eu causaria um acidente assim que ligasse o carro.

ㅡ Você viu, Jisung?! ㅡ Felix quase grita de empolgação quando o Changbin estacionou o carro e, ao sairmos, o travou com o controle. ㅡ O carro tinha uma TV no painel que estava gravando o lado de fora, você viu? E quando ele apontou o controle os espelhos recolheram, você viu, não viu? Que legal!

Enquanto reprimo minha vontade de rir, num concordar de cabeça, acho muito fofo da parte dele se empolgar tanto com algo que para muitos seria comum. O Changbin, por outro lado, conversava com um dos responsáveis pela organização do festival, alheio ao pequeno espírito que estava conosco.

ㅡ Me desculpe se eu não respondê-lo às vezes, mas o Changbin, infelizmente, não consegue ver você e não entenderia se me visse falando sem sustentar um diálogo com ele. ㅡ Um pouco mais contido, ao meu lado, o loirinho concorda ao sorrir sem mostrar os dentes. ㅡ Deveríamos criar um código de comunicação.

ㅡ Não seria mais fácil você fingir estar falando ao celular ou apenas escrever uma nota? Eu posso ler por cima de seu ombro todas as vezes que pegar o aparelho. ㅡ Sugeriu, me fazendo ter que assenti, é realmente uma ótima ideia. ㅡ Okay, vou sempre estar a alguns passos em sua retaguarda.

ㅡ Tudo bem ㅡ sussurro, vendo o Seo reaproximar-se.

ㅡ O Yuta disse para a gente entrar, já que resolvemos a taxa de participação mais cedo, não tem problema algum. ㅡ Finalmente entrega para mim um dos figurinos preso num cabide, junto ao grande chapéu samurai que os participantes do festival usam para cobrir o rosto, o colo e os braços. ㅡ Vamos nos vestir e pintar o abs? ㅡ Convida, sorridente, mostrando uma sacolinha com tintas.

ㅡ Acho que eu vou ficar nervoso...

ㅡ Eu também, mas nós devemos aproveitar, vai ser legal!

Olhando momentaneamente para trás, vejo Felix praticamente mastigar o lábio inferior, sendo ele quem estava a segurar o riso. Eu não sei o porquê disso, se não podem vê-lo em sua forma espiritual. A vergonha seria sentida somente por mim.

Pensando bem, Felix é um espírito gentil.

Mesmo tendo ciência que apenas eu o vejo, ele acaba por respeitar os meus níveis de tolerância em questão a minha coragem, logo me incentivando com um sinal positivo em mãos.

E seguindo o Seo, entramos numa das tendas dispostas para os participantes do evento se trocarem, e foi exatamente o que fizemos.

Pessoas de todas as idades, em sua maioria homens, vestiam-se com os figurinos para o desfile, silenciosamente, me encorajando a retirar os coturnos e o cinto. Ninguém ali parecia se importar em mostrar um pouco de pele, portanto, por que me sinto tão acanhado?

VAISRAVANA • { minsung }Where stories live. Discover now