A Ordem / Fragmentos da Eternidade, Livro 02

26 - NOAH 風

– Sim, infelizmente ele ainda se recusava a entender, então...

– Traga ele aqui, traga ele de volta AGORA! – Sentia fúria e nojo, sentia ódio de todas as palavras que saiam de sua boca, ela desprezava tudo e todos apenas pelo seu próprio bem, eu não queria e não quero fazer parte disso.

Ela sorriu, a fúria corria pelos meus nervos.

– Eu esperava ter que resolver isso da maneira mais fácil, mas, vejo que vocês também precisam de um pouco de motivação.

Assim que ouvimos o som de seu leque abrir diante de seu rosto, as quatro pessoas que estavam acima das escadarias saltaram em nossa direção, pude vê-la lentamente para fora do nosso campo de visão antes que os ataques das pessoas me fizessem voltar a atenção para elas.

Sequer consegui prestar atenção em que tipos de ataques vinham em nossa direção, todos eles se chocaram contra um muro de energia erguido por Thiago, mesmo que sua reação tivesse sido rápida, a parede logo começou a rachar apontando que não resistiria muito tempo a tanta pressão.

– Alguém dá pra abrir a droga da porta? – Tirei meus olhos de Thiago assim que ele gritou e me virei para trás, bem a tempo de ver Kate arrebentar as frestas dos portões e Laura os arremessar longe com um mero empurrar das mãos.

– Desde quando você controla qualquer coisa de madeira? – Foi a única coisa que consegui dizer ali.

– Desde agora, valeu a tentativa!

Dei um rápido aceno e joguei Cass em minhas costas sem qualquer aviso, puxando Thiago junto com uma corrente de ar enquanto as outras já iam longe, foi o tempo de sair da frente dos portões e a parede que nos protegia ruir.

Não entendi direito o que aconteceu em seguida, mas senti de quem vinha no instante que aconteceu, com um único mexer de mãos de Cass os grandes portões retornaram para seu lugar como se tivessem colocado o tempo em reverso, até mesmo as rochas destruídas por Kate retornaram e este se fechou em nossas costas, deu pra ouvir um barulho vindo de dentro, torci pra que fossem os nossos perseguidores que tivessem batido a cara nos portões só por diversão.

– Cass, você tava escondendo tanto poder da gente? Me dá um autografo? – Thiago falava enquanto se recompunha em meio a minha corrente de ar.

– Quando recuperar meu fôlego eu dou. – Cass aparentava cansaço, usar seus poderes pareciam exigir bastante dele.

As portas se abriram de novo, ainda mais violentas que antes. Voltamos nossa atenção para a batalha que se iniciava, pude ouvir a nossa antiga anfitriã violeta bradar ao longe, dessa vez, nos deixando ainda mais em alerta para seus caprichos.

– Brinquem direito, minhas crianças!

Queria muito ataca-la por isso, coloquei Cass no chão e apontei na direção de algumas maquinas que haviam ali fora, todas amontoadas em um canto.

– Cass, se esconda, é melhor você ficar longe disso!

– Não se preocupe, vou estar com meus poderes em alerta pra você. – Thiago completo, já entrando em guarda ao meu lado.

Recebi o aceno positivo de Cass antes que corresse pra longe, foi então que nosso empasse com os outros Guardiões começou.

Fui atacado por duas grandes garras que pareciam de uma fera, os segundos que levei para desviar daquela investida me custaram apenas alguns arranhões em minhas roupas e alguns fios sendo perdidos, mas as investidas seguintes não cessaram, aqueles longos cabelos em tom de vermelho vibravam junto com meus ataques de vento, o que me deixava confuso sobre estar fazendo efeito ou não em um bicho daquele tamanho, consegui ouvir um risinho antes de um salto acima da minha cabeça e de suas patas me lançarem ao chão.

– Você não me parece que vai conseguir me divertir tão bem assim, pluminha. – Sua voz entrecortada ecoou dos lábios daquele grande leão.

– Arrogante demais pro nosso primeiro encontro, eu dispenso!

Puxei todo o ar que consegui e soprei com toda força o jogando pra longe de mim, as grandes garras se transformaram em um par de asas que se balançaram contra o vento e voltaram até minha direção, saltei para longe de sua investida novamente, sentindo meus músculos falharem por um momento, o baque contra o chão de antes começava a doer.

Mordi os lábios pra distrair a dor nas costas e me lancei com força máxima em sua direção, dando uma cabeçada em seu estômago e jogando o corpo para longe, ouvi um gemido de dor e me senti satisfeito de ter conseguido fazer contato, assim que voltei ao chão tive um rápido segundo para conseguir olhar ao meu redor e constatar como estavam o restante do pessoal.

As garotas estavam um pouco mais ao longe, Kate foi a primeira que vi. Ela tinha sucesso em manter seu alvo distante dela, erguendo grandes muros de terra e arremessando rochas em várias direções. Íris enfrentava o que pareciam serem sombras que, embora não parecessem ter tanto efeito contra a luz de seu fogo, ainda conseguia fazer pressão pela quantidade que voava sobre si.

Thiago havia corrido até Laura antes que eu percebesse, ambos se afastando cada vez mais do meu campo de visão. As poderosas rajadas de areia que Matteo lançava contra eles pareciam ter o objetivo de afasta-los do nosso grupo, mas Thiago se encarregava de proteger Laura enquanto a concentração dela era focada nos ataques, erguendo raízes e galhos na tentativa de capturar, ou incapacitar, Matteo, o que estivesse no lucro.

Não tive tempo de averiguar mais, outra rápida onda de ataques de garras começava a chover em minha direção, aquilo não me dava tempo de me concentrar em um ataque mais poderoso, e talvez fosse esse o objetivo dos ataques daquele outro.

– Já está sem ar, garoto dos ventos? Você é uma grande piada!

– E o que é você? Por acaso esqueceram de te devolver pro circo? – Ouvi um rosnado profundo, acho que irritei alguém.

– Você vai se arrepender de ter dito isso!

A fera saltou na minha frente, em poucos segundos tomando uma forma ainda mais irritante que a anterior, agora sua cara era idêntica à de um leão, mas seu corpo era composto pela mistura do que pareciam ser um cavalo e um elefante em suas partes frontais e traseiras, com duas caudas que lembravam serpentes, se minhas aulas de história no ensino fundamental estavam certas aquilo era uma quimera, não pude conter o arrepio que senti com aquela besta pronta pra me atacar.

Me sentiria ainda pior caso fosse atingido por qualquer uma de suas investidas naquele estado, não restaria muito para contar história.

– Vejo que perdeu seu senso de humor! – Aquele monstro deu alguns passos, as cobras em suas costas sibilando, a cabeça de leão salivando enquanto olhava pra mim, seu tamanho um pouco exagerado demais.

– Talvez um pouco...

Engoli em seco assim que uma de suas patas se lançou contra mim novamente, controlando o ar ao redor do meu corpo me arremessei para o céu, dando prosseguimento ao nosso confronto, tentando me manter o máximo de tempo vivo possível, ou encontrasse um jeito de derrotar aquela coisa.