𝐂𝐡𝐚𝐩𝐭𝐞𝐫 𝟕𝟔 🦋 Pai, Polaroid e cócegas

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─ O que aconteceu? – ele pergunta.

─ É que, quando ele fundou a própria empresa, e começou a lucrar muito, ele começou a sair escondido de noite, voltar bêbado... E, rolava muita briga em casa. Até que, quando eu tinha 15 anos, ele quase bateu na minha mãe. Então, eu coloquei ele para fora de casa. Desde então, eu quase não conversava com ele, até o início desse ano, quando a Babi me disse que talvez seria legal eu atender as ligações. – eu digo dando um meio sorriso, lembrando desse dia. Foi a primeira vez que ela me abraçou.

─ E, ele ainda está aqui em São Paulo? – ele pergunta.

─ Não. Ele mora em Nova Iorque agora. Ele tem esposa e dois filhos de seis anos. – eu digo.

─ Vocês não conversam mais? – ele pergunta

─ É que, eu ando dando um gelo nele, porque, teve uma noite que eu ia levar Bárbara para sair, mas minha mãe me disse para ir num jantar com o meu pai e a família dele. Eu fiquei muito bravo, então eu liguei para a Babi e ela me disse que iria comigo. Nós fomos para o restaurante, e meu pai encheu a cabeça dela de bobagens e quase me forçou a morar nos EUA com ele. – eu digo.

─ O que ele disse para a Bárbara? – ele pergunta.

─ É que, quando a escola acabar, eu vou para os Estados Unidos, e vou assumir a empresa do meu pai quando eu terminar a faculdade. E, no jantar, meu pai perguntou os planos de Bárbara para depois da escola, e ela disse que quer fazer psicologia em Nova Iorque. Então, meu pai começou a falar um monte de coisas e meio que tentando falar o que era certo e errado de ela fazer na vida dela. Eu nem sabia do sonho dela, então, meio que eu fiquei sem posição. – eu digo.

─ Isso é... Uma droga. – ele diz. – Eu sinto muito. Como você ficou quando colocou seu pai para fora de casa?

─ Mal. Muito mal. Comecei a ter dependência psicológica em álcool. Sempre fora, muitas vezes voltando bêbado pra casa, deixando minha mãe sozinha... – eu digo.

─ Nossa... – ele diz.

─ Só que, um dia, minha mãe me mudou de turma no começo desse ano, e, meu plano era continuar igual, na mesma dependência de antes. Mas aí, sua filha apareceu... – eu digo.

─ Ela te fez parar? – ele pergunta com um meio sorriso.

─ É que, eu acho que todos os vícios que eu tinha, se transferiram para ela. E sou viciado nela. Em ficar com ela... – eu digo.

─ Você, também ajudou muito Bárbara aqui. – ele diz. – É sério, ela nunca saia daquele quarto, quase nunca contava nada do que acontecia na vida dela para nós. Perder Lizzie foi doloroso. Como pai eu digo que foi isso. Mas o que Bárbara sente, é culpa. É a sensação de arrependimento eterno. Com você, a gente via ela mega aberta, conversando, rindo... Eu senti falta dessa Bárbara.

─ Acredite, acho que nós dois modificamos a vida de ambos. – eu digo.

─ Sim... – ele diz.

Ficamos em silêncio por um tempo.

Acho que Carlos tentava digerir tudo o que eu havia acabado de acontecer.

─ Eu sinto muito. – ele diz.

─ Fica tranquilo, já passou... – eu digo.

─ A corrida vai começar, quer assistir? – ele pergunta se levantando.

─ De Fórmula 1? – eu pergunto.

─ Sim. – ele responde, se sentando no sofá.

─ Ok... – eu digo me sentando com ele.

𝐃𝐞𝐬𝐞𝐧𝐡𝐨𝐬 𝐕𝐚𝐥𝐞𝐦 𝐌𝐚𝐢𝐬 𝐪𝐮𝐞 𝐏𝐚𝐥𝐚𝐯𝐫𝐚𝐬, 𝘣𝘢𝘣𝘪𝘤𝘵𝘰𝘳Where stories live. Discover now