32. A Vigarista.

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Saí do escritório a correr e encontrei-me com o Jesse a chamar o elevador.

- Mason! Não. - eu disse para ele e assim que a porta do elevador abriu-se, corri para poder entrar a tempo.

Quando entrei, liguei o botão de paragem de emergência e parei em frente aos botões para ele não voltar a tocá-los.

- Que merda é que estás a fazer Munich? - ele perguntou impaciente.
- Eu quero matá-lo. - eu disse-lhe. - Ele tocou-me a mim e...

As memórias daquela noite vieram com as memórias da minha adolescência com o meu pai e eu estava a agora a lutar com as minhas emoções para elas manterem-se neutras e não ficarem completamente espalhadas e optarem por fazerem-me ficar triste, com o facto desta ser a minha vida.

- Eu quero matá-lo também Jesse, mas ele não pode morrer agora. - pausei por um momento - Pelo menos é o que eu acho...eu acho que o Wes tem estado a trabalhar com o Dante.
- O quê?

Não é mentira, tenho estado a pensar nisso desde o dia que voltei à casa e o Wes comentou que o novo homem com quem ele trabalha não é grande fã do Jesse e o Patrick e o que eu presenciei a relação deles com o Dante e até agora, parece a única pessoa que iria mesmo querer arranjar problemas com eles.

- Eu não tenho a certeza, mas...é o que parece. Eu não sei...mas o Wesley não pode morrer agora.

Mason fitou-me desacreditado com a minha decisão e depois deu uma volta pelo elevador antes de bater o punho numa das paredes e praguejar. Depois pegou na arma e colocou-a de volta presa ao seu corpo e sem olhar para mim, ele perguntou:

- Estás bem?

Eu honestamente não sei.
Desde que a minha memória voltou, não dei-me o trabalho de perguntar-me isso, ninguém realmente pergunta-me isso, não porque realmente querem saber. Tenho estado a perceber os erros que cometi durante o tempo que estive com amnésia, os segredos que ainda tenho que guardar por enquanto e a violação sexual que aconteceu como um castigo, tem estado a fazer-me pensar que talvez eu merecesse e nos dias que eu não estou a pensar nisso, fico a odiar-me por ter aceite estar numa posição como aquela. Antes fazia sentido, eu era inocente, criança e não sabia de nada, hoje eu sei um pouco mais, sou casada literalmente por um dos homens mais temidos do país, que ensinou-me mecanismos de defesa de todos os tipos e mesmo assim eu aceitei que alguém me corrompesse? De novo?

Eu me odeio, a maior parte dos dias, odeio-me mais do que passar as mãos pela minha cabeça.

Eu estou emocionalmente sobrecarregada e nem dei conta, mas pior de tudo é que nem quero saber.

- Não. - murmurei.

Mason olhou para mim com o ar preocupado.

- Anda cá. - ele chamou-me para um abraço. - Desculpa por não ter estado lá para proteger-te. - ele disse no abraço e depois deu-me um beijo na testa e continuou a abraçar-me.

O telemóvel dele tocou e eu afastei-lhe rapidamente e voltei a colocar o elevador a funcionar, mas ele não atendeu.

Eu mandei-o retornar a chamada e ele continuou a ignorar-me. Assim que chegamos no andar de baixo, acompanhei o Jesse para a saída, onde ele disse que podia ficar comigo, que ele podia reprogramar com os senhores.

- Eu tenho que trabalhar.
- Munich...
- Adeus Mason.

Assim que eu estava para ir-me embora, senti o Jesse a puxar-me para perto dele, muito perto e perguntou se ele podia beijar-me, ao invés de respondê-lo, lancei uma risadinha que nem uma criancinha.

- Estás a te rir? - ele lançou um meio sorriso.
- Estás perguntar se tens o meu consentimento para beijar-me. É engraçado.
- Tenho?

Acabei por dar-lhe um beijo nos lábios em oposição à respondê-lo com palavras.

Hostage (A Refém)Where stories live. Discover now