29. Bem-vinda De Volta.

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Aconteceu. Do nada.
Eu acordei e eu sabia quem eu era, com quem eu era casada, quem eram as minhas pessoas, os meus pais...Eu acordei como Munich Bennet.

E foi como se eu tivesse a ter vários flashbacks de tudo que aconteceu na minha vida, das pessoas que cruzaram-se pelo meu caminho, das comidas que passaram pelo meu paladar, das lágrimas que derramei durante o tempo que estive viva. Era como se o que eu tivesse vivido nos últimos seis anos fossem um pesadelo que eu finalmente consegui acordar, como se eu estivesse presa na minha própria mente, como se alguém tivesse se apoderado da minha vida e estragou tudo que construí para mim.

Madelyn cometeu um erro mau, muito mau. Mas ela não tinha como saber. Eu parei de fazer memórias quando o caminhão veio do nada e bateu no carro do Mason.

Estranho como ainda não consigo explicar aquela cena da assombração. Teria sido as minhas memórias a tentarem voltar para mim? Mas as pessoas do outro sonho fazem sentido, eram todos os meus pais, a Jade e o Alexander Bennet, mas não sei dizer se a história do meu nome que eles contaram-me era verdadeira. E a Josephine estava lá, a minha outra mãe, mas diferente da biológica, ela não parecia muito feliz. Será que o meu cérebro estava a colocar em ação aquilo que eu acho dos meus pais, que dizer, provavelmente eu tenha internalizado a ideia da Jo não estar muito feliz com as decisões que tomou em relação a mim, que acabou por ser aquilo que o meu sonho mostrou, uma Josephine triste. Para eu poder desculpa-la, eu tive que acreditar que ela havia se arrependido das decisões que ela tomou comigo. Na minha imaginação ela não era muito feliz, ela não estava feliz com nada daquilo. Enquanto que os meus pais biológicos, na minha cabeça, eles eram eufóricos com tudo e acreditavam que tudo acontece por uma razão.

Meu cérebro parece uma caixa de memórias e imaginação de uma criança. Argh.

- Maddie? - Wesley chamou por mim.
- Oi?
- Banho? Não vais atrasar para o trabalho?
- Vou me atrasar sim. - balbuciei - Podes ir andando. Deixa o Range, por favor. - sorri constrangida.
- Está bem! - ele disse com a testa franzida.

Eu odeio tudo que tive que fazer como Madelyn para sobreviver.

Para sobreviver o Wesley Russell.

Eu tenho que visitar um psiquiatra ou um neurologista, quem for a atender primeiro.

Assim que o Wesley saiu, comecei a procurar pelo telemóvel que o Gianni havia me dado no dia do baile, mas eu não me recordava onde havia deixado. Tenho a certeza que assim que eu chegar aos quarenta anos de idade, Alzheimer será a minha próxima doença cerebral.

Eu tinha que contar alguém.

Fui à cozinha e falei com a minha trabalhadora doméstica, pedi que ela procurasse um pequeno telemóvel preto pela casa e assim que ela encontrasse, ela deveria mandar-me uma mensagem ou dar-me algum tipo de sinal.

Eu até faria sozinha se não tivesse nada a fazer hoje.

Liguei para a Alison e disse para ela tomar conta das coisas na empresa por enquanto, porque eu não teria como ir ao trabalho nesta manhã.

- Está bem, senhora Wright. - ela disse ao telemóvel.

Fui tomar um banho e preparar-me para ir ao NYC Memorial Hospital.

Assim que cheguei, pedi uma consulta com um neurologista e tive que esperar alguns minutos, se não uma hora quase,  porque a minha consulta veio sem um aviso prévio, MESMO DEPOIS DE EU TER DITO QUE ERA URGENTE e que eu estava com as horas contadas.

O sistema de saúde de NYC nem sempre é o melhor.

Sentada na sala de espera e cansada de olhar para o movimento das pessoas com ânsia, ou feridas, os médicos, enfermeiros e paramédicos a passearem pelo local, acabei por notar uma revista na mesa que tinha o nome do Jesse e claro que despertou a minha atenção.

Hostage (A Refém)Où les histoires vivent. Découvrez maintenant