30. Coração Corrompido.

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Quinze minutos se passaram e eu consegui ouvir o motor de um carro grande no lado de fora da minha casa. Quem é que acelera num chão congelado?

A essa altura eu já havia bebido sete taças de vinho? Sim, acho que eram sete. Ou foi a garrafa inteira? Seja como for, ficar em pé e andar, estava sem dúvidas a ser um problema.

Fui até a porta e abri-a, senti o ar gelado a bater contra a minha pele desprotegida e vi o Gianni com um casaco grande, botas, gorro e luvas a mandar-me voltar a entrar em casa.

- Estás com planos de ficar hipotérmica ou algo do género? - ele perguntou seriamente empurrando-me de volta à casa.
- Ficas giro com frio.

Ele tinha pedaços de neve branca ao longo da sua roupa de frio preta e usava uma máscara da mesma cor. E assim que tirou a máscara, vi que ele estava a mascar uma pastilha enquanto olhava para mim e esperava que eu dissesse qualquer coisa.

- Te cansaste dos doces?

Ele abanou a cabeça num sim.

- Achas que podias ficar comigo? - perguntei.
- Tipo comer-te?

Desatei-me a rir.

- Sim. Mas eu também me referia a namorares comigo. - comentei para ele antes de voltar a cozinha e continuar a beber o meu vinho.
- Oh! Isso...não.
- Porquê? Eu ficaria contigo. - protestei
- Eu sei. Qualquer pessoa ficaria comigo.
- Certo. Então fica comigo. - abracei-o.

Tudo isto é muito irónico porque Gianni e eu temos uma relação de amor e ódio, num momento eu amo ele e sua personalidade, noutros (que é na verdade muitas das vezes), eu quero explodir os miolos dele.

- Madelyn...
- Munich. - corrigi-o
- Munich. - ele disse sem acreditar. Como se estivesse a dizer só para me agradar. - O que é que estavas a dizer ao telemóvel antes? Sobre fuga dissociativa? - ele afastou-me e sentou-se ao meu lado.
- Foi o que o médico disse que eu tinha. Não acreditas?
- Acredito, principalmente porque investiguei sobre isso. - ele comentou enquanto tirava o casaco e as luvas, ficando só de uma camisa preta com as mangas compridas.
- Então simplesmente não acreditas em mim. - sorri - Não acreditas que eu já me lembro das coisas.
- Possivelmente. Tendo em consideração que aposto que ficaste a saber das notícias do Jesse recentemente.
- Oh! OHH!! OOHHH!!

Eu sabia que eles iam pensar nisso.

- Então é isso que achas que está acontecer aqui? Ótimo. EXCELENTE. Se achas que eu ia mentir que tenho a minha memória de volta para eu poder falar convosco outra vez, és mais presunçoso do que eu pensava. Ou simplesmente significa que gostas mais da tua nova cunhada do que de mim. É isso, apanhaste uma nova irmã que vais oferecer um Ferrari amarelo para o aniversário dela? Ou como presente de noiva ou de casamento para ela? Ou espera. - levantei-me da cadeira - Vais oferecê-la um Lamborghini. Porque a regra é essa, não é? Se Gianni Ferrero gosta realmente de ti, ele vai comprar-te um Lamborghini como sinal do seu amor. - levantei os braços - Enfia essa tua arrogância no teu cú, tem mais do que espaço suficiente. Eu fingir lucidez porque quero ficar convosco? Quem é que pensas que vocês são? Deus?

Eu disse-lhe antes de voltar a beber e deitar-me no chão, como uma criança a fazer birra. Eu estava zangada com o facto de saber que o Patrick aprova à relação nova do Mason, porque supostamente, ele deveria estar a favor de mim, porra mesmo como Madelyn eu gostava do Jesse, eu queria a ele e todos sabiam. Estou zangada porque ele realmente acredita que eu ia mentir por atenção.

Eu estava ligeiramente a sentir-me traída pelo Gianni.

E apesar de ser egoísta e tóxico, eu estou também zangada com o Jesse por seguir em frente.

Hostage (A Refém)Where stories live. Discover now