58- Número 4 e 1.

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Com um movimento rápido Gally pegou a faca jogada ao seu lado e a enfiou no próprio peito. Ao mesmo tempo, as duas Scarllets gritaram, mas só uma delas pode ser escutada. A outra não gritou por muito tempo, caiu de joelhos no chão, levando as mãos ao peito e sentindo a falta de ar consumi-la. Gally, o seu irmão. Ela acabara de se lembrar. E a outra Scarllet, ela sabia, sabia que eles eram da mesma família.

Quando ela achou que tudo tinha terminado, a cena voltou ao seu inicio e ficou se repetindo, como um looping infinito até que ela não aguentasse mais. Não tinha mais voz, muito menos lágrimas para continuar chorando. Tudo que pensava é que a melhor opção era estar morta. Queria morrer. Tudo que queria era morrer.

Fechou os olhos com força, ficando assim por mais alguns minutos, talvez horas. Queria dormir, pegar no sono e nunca mais acordar. Se esquecer de tudo, literalmente tudo, até mesmo seu nome.

Como se uma força maior a comandasse, Scarllet abriu os olhos, mesmo não querendo. Um comando superior, algo dentro da sua cabeça. Pela terceira vez no mesmo dia - pelo menos ela achava que era o mesmo dia - Scarllet acordou no Quarto Branco. A porta Número 4, assim como a 3, havia desaparecido. Dessa vez, por mais que não quisesse, Scarllet não hesitou em entrar na próxima.

Escolheu a Número 1 e não pensou duas vezes antes de abrir a maçaneta e deixar a luz forte praticamente cega-la de novo. Esperou os olhos se acostumarem, dessa vez, não demorou tanto quanto as outras duas.

Instantaneamente, Scarllet reconheceu o lugar onde se encontrava. O Labirinto, mas não sabia exatamente onde, muito menos quem era sua dupla naquele momento. De qualquer forma, ela era apenas a Scarllet fantasma, de novo. Não sabia porquê a porta Número 1 e a porta Número 4 eram diferentes da Número 3, já que nela a Scarllet era mesmo a Scarllet. Parou para pensar no assunto pelos próximos trinta curtos segundos que teve enquanto a outra versão de si mesma comia uma maçã no meio do corredor do Labirinto.

A última vez pareceu mais real que a primeira. Estar em um deserto apenas com Minho não faziam muito sentido, principalmente se ela acreditasse que todos os outros garotos estavam mortos. No fundo, Scarllet não acreditava mesmo nisso. Minho não podia estar morto, Scarllet preferia imaginar que ele era imortal, como ele mesmo costumava a brincar.

A porta Número 4 que a levou a um corredor com vários dos clareanos e uma mulher loira estava a assombrando. Desde que voltara ao quarto branco após passar por essa porta sentia uma grande angustia que a incomodava por completo. Em tão pouco tempo passou por tantas coisas ruins que estava começando a ser difícil saber o que realmente era real.

O ataque de Charllie.

A morte de Nick no Labirinto.

A morte de Minho.

O assassinato de Chuck.

O suicídio de Gally.

Entre todos, ela tinha certeza que os dois primeiros eram verdade. Talvez não na realidade onde estava, mas algum dia, em algum momento, ela passou por aquilo. Ou seja, Nick estava mesmo morto.

A outra Scarllet se levantou, os olhos arregalados e uma feição preocupada. A garota começou a correr, sendo seguida pela sua versão fantasma como uma sombra. Havia algo acontecendo, as duas sentiam isso, mas apenas uma delas sabia o que era. A Scarllet visível olhou para cima e a outra fez o mesmo movimento. Subindo as heras grossas presas ao muro estava Newt, escalando como se não ligasse para nada ao redor, muito menos para os chamados das duas Scarllets, desesperadas para que ele descesse.

- O que está fazendo? Qual o seu problema!? Eu vou matar você, Newt, estou falando sério!

- Quero que vá embora. - ele gritou, a voz trêmula. Newt estava chorando.

- E eu quero que você desça daí.

- Por favor, Scar. Não quero que veja isso.

- Isso o que? Não! Não se atreva a fazer isso! Eu juro que eu te mato, Newt.

- Não entende!? É exatamente isso que estou tentando fazer. Ameaçar que vai me matar mesmo depois de eu já estar morto não vai mudar em nada! Vá embora, Scarllet!

Agora, os três estavam chorando.

- Se você pular eu pulo! - disse a garota, começando a subir as heras.

- Não! Não seja idiota!

- Você que está sendo idiota, seu mértila! Não vou deixar você se matar, pode esquecer essa ideia estúpida!

- Por que você tem que ser tão teimosa!? Eu quero fazer isso! Me deixe escolher o que faço da minha vida pelo menos uma vez!

- Eu deixaria se a sua escolha não fosse morrer. Por favor, desça.

Ele balançou a cabeça.

- Sinto muito, Scar. Espero que me desculpe no futuro, sério.

Em seguida, ele pulou.

A Scarllet visível gritou, enquanto a outra levou as mãos a boca, os olhos arregalados e cheios de água, embaçando sua visão. Newt estava no caído, o sangue saindo da sua cabeça e pintando o chão com ele. Os olhos do garoto estavam abertos, demonstrando o desespero dele antes de morrer.

Newt se matou. Cometeu suicídio na sua frente. Ela não conseguia acreditar.

Em um piscar de olhos, ela estava de volta ao Quarto Branco. Agora, faltava apenas uma porta.

A porta Número 2.

Quem seria o próximo a morrer?
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A Primeira - Maze RunnerWhere stories live. Discover now