Chapter 24

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Harry

Senti as minhas mãos suadas e a ferida que à pouco se instalou no meu pulso abriu, conforme as minhas mãos batiam sobre a parede falsa que dividia o hall de entrada da sala de Alfredo. Levei as minhas mãos aos meus caracóis, puxando os mesmos para trás e um longo suspiro saiu dos meus lábios, ao ouvir as palavras do rapaz.

‘Hey, acalma-te. Não adianta de nada estares assim.’ A sua voz pronunciou-se num tom grave, típico dele, e os seus olhos focaram-se no meu lábio onde já era notável um corte. Os meus olhos percorreram o chão e elevaram-se até ele.

‘Como acalmar-me? Eu fui tão estúpido’ respondi-lhe, e senti as minhas mãos ganharem fúria própria, não tendo controlo sobre elas assim que estas soquearam de novo a parede. ‘Deixa-me vê-la, porra.’ Reclamei, olhando para o rapaz que era ligeiramente mais baixo que eu, o que me dava uma sensação de superioridade. Ele abanou a cabeça negativamente, e baixou ligeiramente o seu olhar, pondo as mãos nos bolsos.

‘Ela não te quer ver, Harry’ o rapaz murmurou, subindo de novo o seu olhar até à minha face. Olhei para ele, abanando a minha cabeça também de forma negativa. ‘Podias ir até casa e trazeres algumas coisas dela? Hoje é melhor ela passar aqui a noite.’ Ele respondeu-me, e no momento achei a sua voz bastante irritante.

‘Ele não vai tocar nas minhas coisas!’ ouvi então a voz de Nina, a minha Nina. O meu olhar rapidamente subiu para a porta que dava para a cozinha e vi uma rapariga encostada à mesma, que se encaminhava lentamente para a entrada. ‘Eu vou lá a casa e eu mesma faço a mala.’ A sua voz doce soou, porque mesmo apesar de chateada, a sua voz não conseguia mudar de tom.

‘Amor, deixa-me falar contigo.’ A minha voz soou, num tom desesperado, mas não tão desesperado quanto eu me sinto. Caminhei até ela, tentando rodeá-la nos meus braços, mas ela logo se afastou. Oh, isto dói, tanto. Ela nem sequer olha para mim. Observei o seu corpo vendo que ela vestia um fato de treino, provavelmente do idiota do Alfredo. É suposto ela vestir a minha roupa. Eu quero rodeá-la nos meus braços, quero beijá-la, quero dizer-lhe toda a verdade. Quero explicar-lhe o que verdadeiramente aconteceu, e não aguento vê-la assim, tão magoada comigo. É como se me arrancassem um bocado de mim.

‘Vamos.’ A sua voz soou, agora mais baixa, enquanto ela pegava numas sapatilhas que decerto lhe ficam demasiado grandes. O meu olhar desviou-se para Alfie, que apenas olhava Nina. Pára de olhar para ela. Ela é minha.

Nina levantou-se, depois de se calçar e esticou os seus braços para abraçar Alfie. Olhei para ambos e senti os meus punhos cerrarem-se. Virei o meu corpo, abrindo a porta, não querendo ver os dois juntos. Ela saiu logo atrás de mim e caminhou até ao meu carro, sempre em silêncio.

Entrei no carro, assim como ela o fez e logo comecei a conduzir em direção a nossa casa. Virava várias vezes a minha cara para ela, queria ver como é que ela estava. Ela permaneceu todo o caminho com a cabeça virada para a janela, enquanto que os seus dedos brincavam uns com os outros.

Olhei em frente, vendo que estávamos a chegar a casa. Encostei o carro e Nina apressou-se a sair, caminhando à minha frente até à porta. No entanto, parou, pois eu é que possuía a chave. Esbocei um pequeno e discreto sorriso, ao vê-la encostada à porta e tirei as chaves do meu bolso, abrindo então a porta. Ela entrou disparada e subiu as escadas em direção ao seu quarto. Olhei-a, vendo-a a subir as escadas e o meu olhar acabou por desviar-se para a jarra que estava partida no chão.

Assim que Nina saíra de casa à pouco, batendo com a porta, eu lembro-me precisamente do que senti. Senti-me sozinho, e tão frustrado. O meu corpo logo saiu do meu controlo, e começou a dar imensa porrada ao Thomas. Mas quem é que aquele cabrão pensa que é, para vir a minha casa e destruir praticamente a minha vida? As coisas estavam a correr tão bem com ela, e talvez isso fosse um sinal. Nunca nada corre tão bem, e eu devia ter-me lembrado de como tudo começou. Subi as escadas rapidamente, de duas em duas e caminhei até ao quarto de Nina, entrando no mesmo e sentando-me na cama. Ela ignorou-me, era como se  não estivesse ali ninguém.

Something New || h.s.  #Wattys2016Where stories live. Discover now